Em quatro meses, Rede de Atenção atende 284 vítimas de violência sexual em AL
Dos casos registrados, 269 das vítimas são mulheres, o que representa 94,7% do tota
A Rede de Atenção às Vítimas de Violência Sexual (RAVVS) da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), desde sua criação, em outubro do ano passado, até o mês de fevereiro deste ano, já conseguiu assistir e proteger 284 pessoas em situação de vulnerabilidade. Dos casos registrados, 269 vítimas são mulheres, o que representa 94,7% do total.
Nesta sexta-feira (8), quando é celebrado o Dia Internacional da Mulher, apesar do pouco tempo de atuação, a RAVVS aponta o início da superação de aspectos como a vergonha, o medo e a falta de perspectiva de um futuro, que dificultam a identificação de situações de violência.
De acordo com a coordenadora da RAVVS, Camile Wanderley, a equipe já consegue ver um número expressivo de vítimas que conseguiram reunir coragem de denunciar. “A população começa a ter um entendimento sobre onde deve procurar ajuda. Boa parte desses casos é de mulheres que, muitas vezes, não se sentiam seguras em ir à delegacia denunciar. Que não sabiam como proceder diante de violências de caráter machista e de persistência contínua”, destacou.
Segundo ela, a violência física, psicológica ou sexual está ligada a vários fatores, entre eles o preconceito e o medo, ligados, por sua vez, às condições interpessoais associadas às desigualdades de gênero.
“A mulher ainda tem muito medo de que o tapa ou o murro possam se repetir. Existe um estresse pós-traumático na vítima de violência sexual, por isso trabalhamos por meio da assistência psicossocial, para que essa vítima possa voltar ao seu cotidiano sem tantos comprometimentos no que diz respeito à sua saúde mental”, afirmou.
Camile Wanderley ressaltou que, além dos problemas surgidos na saúde física e mental, a relação violenta diminui a qualidade de vida da mulher, sua capacidade produtiva, seu trabalho, sua educação e autoestima. Esses traumas podem causar agressividade, afastamento do trabalho, isolamento social, dificuldade de expressar emoções e sentimentos, depressão, ansiedade e até a automutilação e tentativas de suicídio.
“É um trauma muito forte na vida de uma mulher. Ela tem todos os seus direitos agredidos, rasgados. Para ela ser reinserida novamente no seu dia a dia é muito complicado. Não é como quebrar um braço, entrar numa sala de cirurgia e colocá-lo no lugar. Não! A marca sempre vai estar lá. O que estamos tentando fazer através da RAVVS é fazer um acompanhamento psicossocial e minimizar o impacto que essa violência causa nessa mulher”, salientou.
Sobre a RAVVS
Com o foco em desempenhar um papel importante na garantia de direitos das mulheres alagoanas, a Rede de Atenção às Vítimas de Violência Sexual é formada por uma equipe multiprofissional composta por especialistas das áreas de enfermagem, serviço social e psicologia, que atuam para prestar assistência às vítimas de violência sexual, a partir de buscas ativas ou denúncias apresentadas pelos telefones 0800 284 5415, (82) 3315- 2059 ou (82) 98882- 9752. Para a efetivação da rede intrasetorial, foi criado um Grupo Técnico de trabalho, uma Comissão de Regionalização e uma Comissão Operativa.
Como funciona
Se a vítima está dentro do Instituto Médico Legal (IML), por exemplo, e precisa ser encaminhada para o serviço de assistência à saúde, a equipe da Sesau acompanha a vítima e os familiares, até que o protocolo de assistência seja totalmente finalizado.
De acordo com Camile Wanderley, o intuito é que se possa criar uma nova cultura de atendimento e um olhar para a vítima de violência sexual dentro das unidades de saúde vinculadas à Sesau, sem preconceitos, de forma humanizada, evitando a revitimização e garantindo que ela tenha um atendimento em tempo hábil, para que seja feito todo o processo de profilaxia e assistência à saúde.
“Cada vez mais, o Dia Internacional da Mulher é um momento de refletir sobre os progressos e desafios a serem conquistados, para chamar atenção para a mudança e para celebrar atos de coragem e determinação protagonizados por mulheres comuns que têm desempenhado um papel extraordinário em nossa sociedade. O Governo do Estado de Alagoas está olhando por nós, e entende a nossa importância no contexto social em que vivemos. Não estamos sozinhas”, ressaltou a coordenadora do RAVVS.