Mortandade de peixes no complexo lagunar Mundaú-Manguaba é tema de sessão especial
A sessão contou com duas exposições: a primeira do professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Carlos Fragoso e a segunda pelo também professor universitário, Emerson Soares

A Assembleia Legislativa de Alagoas realizou nesta sexta-feira, 30, uma sessão especial para debater a mortandade de peixes no complexo lagunar Mundaú-Manguaba. Proposta pelo deputado Cabo Bebeto (PSL), a sessão teve como objetivo buscar entendimentos, perspectivas e soluções para o fenômeno.
A sessão contou com duas exposições: a primeira do professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Carlos Fragoso e a segunda pelo também professor universitário, Emerson Soares. Ambos especialistas em meio ambiente. No início da sessão, foi apresentado um vídeo mostrando matérias jornalísticas que mostram a mortandade de peixes na lagoa.
A sessão contou com as presenças dos deputados Marcelo Beltrão (MDB), Davi Maia (DEM), Francisco Tenório (PMN), Dudu Ronalsa (PSDB) e Jó Pereira (MDB); da deputada federal Tereza Nelma (PSDB/AL); do prefeito de Marechal Deodoro, Cláudio Roberto Ayres da Costa; do superintendente em Alagoas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Mário Daniel Sarmento; do consultor técnico e do gerente de laboratório do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA), Manuel Messias e Cláudio Costa; do secretário de Meio Ambiente e Pesca da cidade do Pilar, Marçal Fortes; e do presidente do Comitê Gestor do Complexo Estuarino Lagunar Mundaú-Manguaba (CELMM) e secretário de Meio Ambiente de Marechal Deodoro, Matheus Gonzales, além de professores da Ufal, pescadores e moradores da região.
Cabo Bebeto destacou que o complexo lagunar Mundaú Manguaba é um dos mais relevantes sistemas estuarinos lagunares do país e possui uma vasta diversidade de espécies de vida marinha. “A região é reconhecida como uma parte importante no Estado em uma perspectiva histórica, social, cultural e econômica. Além disso, é um dos principais cartões-postais da capital”, disse. Bebeto destacou que a região ocupa cerca de 81 quilômetros quadrados, onde lagoa e oceano se unem através em uma rede de canais. Ele lembrou que em meados de junho ocorreu o mais recente caso de mortandade massiva de peixes no complexo lagunar.
O parlamentar informou que tal evento causa prejuízos de diversas ordens aos alagoanos e que vários municípios tem grande parte de sua economia voltada à pesca. “Para os especialistas, a causa vem da falta de oxigênio na água, que pode ter origem em vários fatores, como a poluição dos rios Paraíba e Mundaú que deságuam na laguna. Apesar de sucessivos casos, não podemos tratar o episódio com naturalidade. Devemos ter em mente que, além de um problema ambiental e econômico, trata-se de um problema de saúde pública, que afeta a população e empresários da região”, concluiu.
O professor Carlos Fragoso esclareceu que a laguna Manguaba tem uma área superficial de aproximadamente 42 quilômetros quadrados e um profundidade de 2,20 metros. O vento sopra predominante na direção sudoeste e apresenta eventos regulares de floração de algas, sobretudo no final do verão. Ainda segundo o professor, existe um uso intensivo do solo no entorno da laguna com a presença de área agrícola, (principalmente o cultivo de cana-de-açúcar e coco) e áreas urbanas. “A mortandade de peixe na lagoa Manguaba desencadeia o comprometimento da saúde pública, das atividades turísticas e das atividades pesqueira, bem como o comprometimento da qualidade de vida e redução das oportunidades de trabalho”, afirmou.
O professor do Centro de Ciências Agrárias da Ufal, Emerson Soares, apresentou algumas análises feitas na água da laguna, que apresentaram presença de agrotóxicos e metais pesados. Ele também aproveitou para apresentar algumas sugestões. “Criar um programa de monitoramento dos ambientes aquáticos baseados em aspectos comportamentais, sanitários, hidrológicos, análise de água e de dados microbiológicos por no mínimo três anos; criar uma taxa ambiental para empresas que usam produtos agressivos ao meio ambiente; criar um fundo para o meio ambiente aquático, e tratamento de esgoto”, sugeriu.
Segundo o consultor técnico do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA), Manuel Messias, o maior problema da laguna é o esgotamento sanitário. Ele disse que diariamente o complexo lagunar vem sendo impactado, principalmente pela carga orgânica destes esgotos sanitários. “Uma das ações que devemos implementar é a conscientização da população. Sabemos que o rio Paraíba, que desemboca na laguna, vem com uma carga orgânica e inorgânica muito alta, sem contar que temos o oceano, que em contato com o complexo lagunar, faz com que tenhamos uma alta depuração e degradação destes compostos orgânicos e inorgânicos vindos do rRio Paraíba”, disse.
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