Plano de evacuação da Braskem divide opiniões entre moradores do Pinheiro
Moradores querem audiência para discutir novas medidas apresentadas
Após uma reunião entre a Braskem e a Defensoria Pública, algumas medidas do plano de evacuação e recuperação preparado pela empresa foram anunciadas para o público. Entre elas, a realocação de 1.500 moradores, que deixarão 400 moradias no bairro do Mutange.
Em entrevista coletiva, defensores públicos também afirmaram que a Braskem disse que contratou uma empresa para avaliar os imóveis e, em seguida, iniciar as negociações das indenizações.
Segundo o defensor público-geral do Estado, Ricardo Antunes Melro, os estudos da Braskem sobre o bairro Pinheiro só serão concluídos no primeiro trimestre no próximo ano. As ações da empresa são baseadas em estudos do Instituto de Geomecânica de Leipzig (IFG), da Alemanha.
“Sobre o relatório, no que coincidir com o da CPRM, nós apoiamos, uma vez que abreviará o tempo do processo. O que, porventura, divergir, continuaremos lutando com base no relatório oficial, para garantir as indenizações de todas as pessoas que estão experimentando danos”, disse.
Para Fernanda Valéria, membro do SOS Pinheiro e moradora do bairro desde a adolescência, as medidas anunciadas não passam de uma ação de marketing.
“É uma proposta indecorosa que de forma nenhuma chegou perto da nossa realidade. Nós temos quatro bairros afetados e isso é fato. A área de resguardo não engloba o Pinheiro, que tem mais de sete mil imóveis e foi onde problema estourou. Me surpreende que a área compreenda comunidades que não tem a mesma articulação e compreensão que temos no Pinheiro”, afirmou.
Fernanda Valéria disse ainda que fechar os poços de extração é o mínimo que a Braskem pode fazer.
“Muito me surpreende que uma empresa alemã tenha um peso maior que CPRM, que faz estudos há dois anos. A causadora do problema chega com um laudo e diz o que fazer? Onde está esse plano? Quais imóveis estão sendo evacuados? Isso precisa ser publicizando. Queremos uma audiência pública”, afirmou.
Já para estudante Taynara Almeida, que mora no bairro Pinheiro há 11 anos, a admissão da culpa por parte da Braskem é uma nova esperança.
“Se ela diz que vai retirar as pessoas, ela se declara culpada do que está acontecendo. É uma esperança para as pessoas que esperam indenizações e um motivo para tentarem novamente bloquear as contas da empresa”, disse.