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Bocardi confunde atleta com gandula, é acusado de racismo na web e rebate

O Esporte Clube Pinheiros ainda não respondeu a pedido de pronunciamento sobre o caso.

Por Uol Notícias 07/02/2020 17h05
Bocardi confunde atleta com gandula, é acusado de racismo na web e rebate
Bocardi confunde atleta com gandula, é acusado de racismo na web e rebate - Foto: Reprodução

Uma fala do apresentador do Bom Dia São Paulo, Rodrigo Bocardi, repercutiu negativamente hoje nas redes sociais. Internautas encararam a interação dele com um rapaz negro como racista e preconceituosa.

O repórter Tiago Scheuer acompanhava o movimento na linha 3-vermelha do metrô de São Paulo na estação Pedro 2º e entrevistou um rapaz chamado Leonel, que esperava por um trem mais vazio para poder embarcar.

Ao ver que o jovem usava uma camiseta do Clube Pinheiros, um dos mais tradicionais da capital paulista, Bocardi pediu que o repórter perguntasse a ele se ia "pegar bolinha lá".

"Scheuer, o Leonel vai pegar bolinha de tênis lá no Pinheiros?", questionou o apresentador. O rapaz respondeu que era atleta do clube e jogava polo aquático. "Aí sim, eu estava achando que era um dos meus parceiros ali que me ajudam nas partidas. Manda os parabéns para ele", disse Bocardi.

Nas redes sociais, muitos internautas apontaram que o apresentador da TV Globo foi preconceituoso e racista em sua fala. Após o telejornal sair do ar, o jornalista divulgou uma nota explicando que havia se confundido por causa da camiseta que o rapaz usava.

"Eu pratico tênis no Clube Pinheiros. Os jogadores de tênis não usam uniformes, mas os pegadores/rebatedores, sim: uma camiseta igual a do Leonel, com quem tive o prazer de conversar hoje. [...] Não frequento outras áreas do clube onde outros esportes são praticados. E não sabia que a camiseta era parecida", afirmou.

"Nunca escondi minha origem humilde. Comecei a vida como garoto pobre, contínuo, andando mais de duas horas de ônibus todos os dias para ir e voltar do trabalho e escola. Alguém como eu não pode ter preconceito. Eu não tenho, nunca tive, nunca terei. E condeno atitude assim todos os dias. Mas se ofendi pessoas que não conhecem esses meus argumentos e a minha história, peço desculpas."

Bocardi ainda postou um vídeo em que mostra uma matéria de fevereiro do ano passado com pegadores de bola do Pinheiros usando uma camiseta igual a de Leonel.

Nas redes, o impacto foi imediato e o apresentador foi criticado.

"Que comentário mais desnecessário do Rodrigo Bocardi ao questionar se um menino negro com camiseta do Clube Pinheiros estava indo catar bolinha para os jogadores de tênis, sendo que o mesmo é jogador de polo aquático. Depois falam que não existe racismo internalizado no BR. #bdsp"

-- Luís Felipe Podestá (@Podesta86) February 7, 2020

Alguns, no entanto, saíram em defesa do apresentador, dizendo que ele fez uma pergunta "de forma incorreta", ou que "tentou ser agradável e errou".

Antes disso, no entanto, ainda durante o telejornal, ao ver a repercussão negativa sobre o que havia dito, Bocardi falou sobre o assunto.

"Estou lendo as mensagens, hoje tudo vira motivo de grande discussão. A galera falando aqui do rapaz do clube Pinheiros. Eu só perguntei aquilo porque frequento todos os dias e jogo bola com todos aqueles garotos que usam aquela camiseta, por isso, achei que era. Não existe preconceito, não existe racismo. Quem escreve e que fala é que é. Eu fui pela camiseta dele na maior inocência", defendeu-se.

Leia a íntegra da nota que o jornalista divulgou:

"Muito triste a acusação de preconceito. Eu pratico tênis no Clube Pinheiros. Os jogadores de tênis não usam uniformes, mas os pegadores/rebatedores, sim: uma camiseta igual a do Leonel, com quem tive o prazer de conversar hoje.

Ao vê-lo com a camiseta que vejo sempre, todos os dias, pegadores/rebatedores de todas as cores de pele, pensei que fosse um deles. Não frequento outras áreas do clube onde outros esportes são praticados. E não sabia que a camiseta era parecida. Se soubesse, teria perguntado em qual área ou esporte trabalhava ou treinava.

Nunca escondi minha origem humilde. Comecei a vida como garoto pobre, contínuo, andando mais de duas horas de ônibus todos os dias para ir e voltar do trabalho e escola. Alguém como eu não pode ter preconceito. Eu não tenho, nunca tive, nunca terei. E condeno atitude assim todos os dias.

Mas se ofendi pessoas que não conhecem esses meus argumentos e a minha história, peço desculpas. Não o chamei de pegador pela cor da pele ou pela presença num trem. Chamei-o por ver que vestia o uniforme que eu sempre vejo os pegadores usarem. Peço desculpas a todos e em especial ao Leonel."

Procurado, o Esporte Clube Pinheiros ainda não respondeu a pedido de pronunciamento sobre o caso.