Psicóloga aponta cuidados para manter a saúde mental durante a quarentena
Ela faz, ainda, algumas recomendações em relação à rotina diária durante o período de isolamento social
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um em cada onze brasileiros sofre com problemas de ansiedade. Além disso, a crescente de pessoas com graus de depressão preocupa psicólogos ao redor de todo o mundo. Em um período como a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), a carga extra de estresse e ansiedade acabam se unindo à tensão coletiva e atingindo a saúde mental das pessoas.
Quarentena, isolamento social, home office, entre outros termos, passaram a se tornar mais constantes quando se fala de medidas preventivas da pandemia. Em meio a essa quebra de rotina, é de suma importância a manutenção da saúde mental das pessoas, a fim de que não sejam desenvolvidos problemas psicológicos.
A psicóloga Ligia Cavalcante aponta algumas consequências desse estado de quarentena para a saúde mental da população.
“Como seres humanos sociais que somos e que necessitam de contato com as pessoas, esse processo pode ser devastador quando se fala da reclusão. Períodos longos de isolamento podem causar alterações emocionais, facilitando nossa capacidade de adaptação e de reação ao estresse, ou seja, na reação de luta e fuga, na qual a pessoa se sente ameaçada”, disse a psicóloga.
O excesso de notícias sobre o coronavírus pode ser danoso à saúde mental, visto que alguns serviços como o mapa de contágio em tempo real podem funcionar como gatilhos para pessoas que apresentam transtornos de ansiedade.
Além disso, a sobrecarga de informações e correntes via Whatsapp, que abordam teorias sem embasamento teórico ou fonte, podem se tornar um verdadeiro caos, principalmente para quem já sofre de algum problema psicológico. Ligia ressaltou a atenção que se deve ter a esse excesso de informações que sobrecarregam as pessoas.
“Qualquer situação que possa transmitir perigo iminente à vida das pessoas pode agravar transtornos existentes e ser gatilho para novos. Pessoas que têm transtorno obsessivo-compulsivo, principalmente ligados à limpeza e à organização, podem ficar pior e descompensar. Pessoas com quadro de ansiedade generalizada podem ter o transtorno agravado por conta dos pensamentos catastróficos em relação ao futuro”, afirmou a psicóloga.
Oportunidades
Em um período de crise como esse, é importante enxergar algumas oportunidades que surgem, como, por exemplo, a adoção de trabalho remoto por parte de empresas que nem sequer cogitavam o home office, o fortalecimento do comércio local, menor emissão de CO2 por conta do tráfego altamente reduzido e a desaceleração da rotina.
A psicóloga recomendou ainda alguns cuidados em relação à rotina diária durante o período de isolamento social.
“É importante evitar o bombardeio de informações, principalmente as fake news, buscar sempre informações de fontes confiáveis, mas ainda assim evitando o excesso, se restringindo a fazer isso uma vez ao dia, pela manhã ou pela noite, pois quanto mais se expõe a essas informações, maior a possibilidade dos seus níveis de ansiedade aumentarem", observa.
"Manter uma boa alimentação e hidratação são importantes nesse período. Estabelecer uma rotina no dia a dia, se dedicando a atividades que você gosta, como por exemplo, atividades físicas. Atualizar filmes, séries e livros a fim de desconstruir os pensamentos catastróficos e pessimistas. Pessoas que já praticam psicoterapia devem dar continuidade ao processo de forma online, e quem não está fazendo é um bom momento de procurar ajuda, porque é um profissional que vai te escutar, aliviar toda angústia que você está sentindo e junto de você construir estratégias para enfrentar essa nova situação que está acontecendo”.