Audiência confirma prisão de Crivella, e prefeito é levado para o sistema penitenciário
Prefeito foi preso e afastado do mandato por suspeita de corrupção. Investigação aponta existência de 'QG da Propina' na prefeitura. Crivela diz ser vítima de 'perseguição politica'.

Uma audiência de custódia no Tribunal de Justiça do Rio confirmou na tarde desta terça-feira (22) a prisão do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos). Ele e outros presos numa operação da polícia que foram ouvidos na audiência serão levados para o presídio de Benfica, na Zona Norte.
Depois da passagem por Benfica, a Seap decidirá para qual unidade os presos serão levados, levando em conta quem tem nível superior. O prefeito é engenheiro.
A legalidade do procedimento de prisão do prefeito numa operação da polícia e do MP foi avaliada, conforme determinou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin. Ao ser ouvido, o prefeito afastado do Rio , Crivella afirmou que não houve excessos durante o cumprimento do mandado de prisão.
De acordo com o TJRJ, as audiências de Adenor Gonçalves e Fernando Moraes - com suspeita de Covid-19 - foram adiadas para quarta-feira (23), e serão feitas por videoconferência. Enquanto isso, serão levados para o Hospital Penitenciário.
Também participam da audiência os outros presos na operação:
Rafael Alves, empresário apontado como operador do esquema;
Mauro Macedo, ex-tesoureiro da campanha de Crivella;
Cristiano Stockler Campos, empresário.
Antes de entrar no Fórum, o advogado de defesa do prefeito, Alberto Sampaio, informou que pediria o relaxamento da prisão durante a sessão.
A audiência não tem a participação de público por causa da pandemia de Covid-19. Podem participar apenas os advogados dos envolvidos na audiência, que começou às 15h. A desembargadora Rosa Helena Penna Macedo Guita, que deu a ordem de prisão, fará a audiência de custódia de Marcelo Crivella.
Se confirmadas as prisões, os detidos são encaminhados para Benfica e, após uma triagem, direcionados para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu.
Propinas chegaram a R$ 50 milhões, diz MP
Em entrevista coletiva na tarde desta terça, promotores do Ministério Público disseram que Prefeitura do Rio fazia pagamentos a empresas por conta da propina mesmo 'em situação de penúria' e que o valor arrecadado pela organização criminosa chega a R$ 50 milhões.
"A organização criminosa arrecadou dos empresários pelo menos R$ 50 milhões, foi o que conseguimos apurar. Agora, quanto foi para cada um, aí realmente é algo que não temos essa previsão", disse o subprocurador-geral Ricardo Ribeiro Martins.
O subprocurador-geral afirmou ainda que há indícios de que a "organização criminosa não se esgotaria" ao fim do mandato e, por isso, houve o pedido de prisão.
"Apesar de toda a situação de penúria (da Prefeitura), que não tem dinheiro nem para o pagamento do décimo terceiro, muitos pagamentos eram feitos em razão por conta da propina", disse ele.
Após a prisão, o prefeito Marcelo Crivella negou as acusações e disse que é vítima de "perseguição política".
'QG da Propina'
A investigação aponta a existência de um "QG da Propina" na Prefeitura do Rio e Crivella seria o líder da organização criminosa.
No esquema, de acordo com as apurações do MP, empresários pagavam para ter acesso a contratos e para receber valores que eram devidos pela gestão municipal.
A desembargadora Rosa Helena Penna Macedo Guita, que deu a ordem de prisão, determinou o afastamento de Crivella a 9 dias do fim do mandato.
O investigador também descartou que a ação tenha ocorrido agora por qualquer interesse político.
"Até os 45 do segundo tempo vieram aos autos elementos de prova necessários para a denúncia. A escolha da data não depende da gente, a investigação tem vontade própria. Tivemos uma delação homologada há uma semana. O timing foi esse por ser o tempo da investigação".
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