Comportamento

Zagallo, 90 anos: as histórias e conquistas do único tetracampeão do mundo no futebol

Mário Jorge Lobo Zagallo nasceu em Atalaia, a 48 quilômetros de Maceió (AL), no dia 9 de agosto de 1931

Por BBC Brasil 09/08/2021 15h03
Zagallo, 90 anos: as histórias e conquistas do único tetracampeão do mundo no futebol
No currículo de Zagallo, constam 35 jogos pelo Brasil como jogador, 103 como técnico e 47 como coordenador. Ao todo, ele venceu 132 partidas, empatou 41 e perdeu 12 - Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Na primeira vez em que pisou no Maracanã, Mário Jorge Lobo Zagallo ainda  não calçava chuteiras; usava botinas. Tinha 19 anos e era soldado da  Polícia do Exército.

Na final da Copa do Mundo de 1950, teve a infelicidade de assistir à  derrota do Brasil para o Uruguai da arquibancada — era um dos  responsáveis pela segurança do estádio. De capacete, farda verde-oliva e cassetete na cintura, Zagallo foi um dos 199.854 espectadores que, na  tarde de 16 de julho, viu, incrédulo, o ponta-direita Gigghia  (1926-2015) desempatar o jogo, aos 34 do segundo tempo, e dar o título  mundial à "Celeste Olímpica".

O episódio entrou para a História como "Maracanazo". "O silêncio era tão  grande que, se uma mosca voasse por lá, ouviríamos seu zumbido",  costumava repetir o autor do segundo gol.

Quem também entrou para a História foi Mário Jorge Lobo Zagallo. Aos 90  anos, o "Velho Lobo" detém o título de ser o único tetracampeão do mundo em futebol. Ganhou duas Copas como jogador: a de 1958, na Suécia, e a  de 1962, no Chile. Uma como treinador, de 1970, no México, e outra, de  1994, como coordenador técnico. Ainda treinou o Brasil nas Copas de  1974, na Alemanha Ocidental (quarto lugar); de 1998, na França  (vice-campeão), e de 2006, na Alemanha (quinto lugar), como assistente  técnico.

Em resumo: das 7 Copas que disputou, chegou à final de 5. "Se tem uma  palavra que define a trajetória do Zagallo, é determinação", avalia o  jornalista Vanderlei Borges, autor de Zagallo - Um Vencedor (1996), em  parceria com Luiz Augusto Erthal. "Há uma dificuldade natural para  dimensionar o nível de craque que o Zagallo foi. O fato de jogar ao lado de Pelé e Garrincha ofuscaria o brilho de qualquer outro que não  tivesse a estatura dos gênios. Não seria diferente com Zagallo".

Zagallo e Pelé trabalharam juntos em três Copas do Mundo

Mário Jorge Lobo Zagallo nasceu em Atalaia, a 48 quilômetros de Maceió  (AL), no dia 9 de agosto de 1931. Era ainda um bebê - tinha apenas oito  meses! - quando sua família se mudou para o Rio de Janeiro. Nas ruas da  Tijuca, bairro da Zona Norte, aprendeu o beabá do futebol: dar passes,  driblar zagueiros e fazer gols. Habilidoso, ingressou, em 1947, no time  infantil do América e, um ano depois, na equipe juvenil. Queria seguir  os passos do pai, Aroldo Cardoso Zagallo, que chegou a vestir a camisa  do CRB, de Alagoas.

Como técnico do Brasil, Zagallo dirigiu a seleção principal em 135 jogos (99 vitórias, 26 empates e 10 derrotas) e a seleção olímpica em 19 (14  vitórias, três empates e duas derrotas). Como coordenador técnico, foram mais 72 jogos (39 vitórias, 25 empates e oito derrotas). "No caso do  Zagallo, é impossível falar de fracasso. Chegar às semifinais das Copas  de 1974 e 2006, por exemplo, não pode ser classificado como uma derrota. Frustração talvez seja o máximo que se possa dizer", pondera o jornalista Luiz Augusto Erthal, de Zagallo - Um Vencedor (1996).  "Zagallo se tornou uma unanimidade no futebol brasileiro. Uma  unanimidade só comparável ao Pelé."