Segurança

Negros têm quase 43 vezes mais risco de serem assassinados em Alagoas

Em 2019, mais de mil pessoas negras foram mortas contra nove não negras

Por 7Segundos 31/08/2021 13h01 - Atualizado em 31/08/2021 13h01
Negros têm quase 43 vezes mais risco de serem assassinados em Alagoas
Manifestantes se unem ao grito de ordem, agora global: "vidas negras importam - Foto: Silvia Izquierdo / AP

Alagoas é o estado com a maior disparidade de violência na comparação entre negros e não negros em todo país. Enquanto no Brasil uma pessoa negra teve ao menos duas vezes mais riscos de ser assassinada; em território alagoano, o risco entre negros e não negros é 42,9 vezes maior.

Os dados, referentes ao ano de 2019, são do Atlas da Violência 2021, produzido Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Para se ter uma ideia, a segundo estado com o maior risco de morte para negros é o Amapá. E, mesmo assim, uma pessoa negra teve nove vezes mais chances de ser assassinada que uma não negra na região, menos que o dobro que em Alagoas.

A pesquisa considera definição de negros do Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), ou seja, a soma de pretos e pardos. São considerados não negros os brancos, amarelos e indígenas.

A proporção de vítimas de homicídios por raça é de 99% para negros e um 1% para não negros em território alagoano. Em 2019, 1.082 pessoas negras foram assassinadas, enquanto nove não negras foram mortas.

“Ao analisarmos as proporções por raça/cor entre as vítimas de homicídios em 2019, podemos visualizar de forma mais evidente os níveis de desigualdade racial entre as unidades da federação. Especialmente, porque em estados como Alagoas, o exemplo mais representativo, quase a totalidade das vítimas de violência letal são negras, mesmo com os negros constituindo uma proporção bem inferior a isso, 73,7% da população total”, descreve a pesquisa.

Ainda sim, a taxa de homicídios de negros por 100 mil habitantes de 2019 (44,1) foi a menor em relação aos dez anos analisados pelo Atlas da Violência. A maior foi no ano de 2011 com uma taxa de 83,0, seguido de 2014 (78,8), 2013 (78,0), 2012 (76,6), 2016 (69,7), 2010 (69,2), 2017 (67,9), 2015 (66,4), 2009 (64,5) e 2018 (48,3).