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Depois de Viagra, prótese peniana e botox, Forças Armadas licitam compra de gel lubrificante íntimo

A sequência de descobertas sobre o perfil de gastos públicos do Exército, Marinha e Aeronáutica foi provocada por Elias Vaz. Ao todo, as compras questionadas pelo político goiano superam os R$ 56 milhões

Por Jornal Opção 14/04/2022 21h09
Depois de Viagra, prótese peniana e botox, Forças Armadas licitam compra de gel lubrificante íntimo
Gastos do Ministério da Defesa foram denunciados ao TCU - Foto: Divulgação

A série de escândalos que colocou as Forças Armadas no centro de mais uma crise para o Governo Federal ganhou um capítulo extra nesta quinta-feira, 14. Além de Viagra, próteses penianas, remédio para calvície e toxina botulínica, o Ministério da Defesa licitou a aquisição de R$ 37 mil em bisnagas de gel lubrificante íntimo. As compras, que constam no Portal da Transparência, referem-se aos de 2019 e 2020. A sequência de descobertas sobre o perfil de gastos públicos do Exército, Marinha e Aeronáutica foi provocada por denúncias do deputado federal por Goiás Elias Vaz (PSB). Antes, o goiano já havia provocado debate nacional sobre uso de dinheiro público para o Exército comprar leite condensado, filé mignon, picanha, salmão, cerveja, whisky, champanhe, entre outras aquisições que afrontam os brasileiros.

Com base nos editais para aquisição dos produtos, parte dos lubrificantes seria destinada para hospitais. No entanto, há pedidos direcionados à Intendência da Marinha em Manaus e à Companhia de Infantaria do Exército. A 15ª Companhia de Infantaria Motorizada do Exército, localizada em Guaíra (PR), por exemplo, requereu 10 de bisnagas de 50 gramas dos lubrificantes íntimos. Também há registro de pedido para o Centro de Aquisições Específicas da Aeronáutica da Ilha do Governador. Nesse caso, a solicitação foi de mil unidades, cujo valor, somado, alcança R$ 19.990. Já o Centro de Intendência da Marinha em Manaus requiriu também mil bisnagas do produto ao custo total de R$ 13.490.

Ainda de acordo com a Fórum, que revelou as licitações, apesar do gel lubrificante também ser utilizado em procedimentos médicos, causa estranheza a quantidade excessiva e a destinação dos itens para unidades que não têm relação com os hospitais militares ou divisões de saúde das três forças.

R$ 56 milhões

Na última segunda-feira, 11, o porta Metrópoles, também trouxe à tona que o Ministério da Defesa adquiriu Minoxidil e Finasterida, dois dos principais remédios para combater a calvície masculina. Entre 2018 e 2020, foram empenhados R$ 2,1 mil para aquisição deste tipo de medicação. O uso da finasterida, inclusive, pode ter como efeito colateral disfunção erétil. O mesmo órgão público também licitou Viagra e prótese peniana, ambos são alternativas para casos de impotência e a perda de libido. No caso do Viagra, inclusive, há suspeita de superfaturamento de até 143% no valor do produto adquirido pelo Governo Federal e que, segundo o presidente Jair Bolsonaro, é destinado a tratamento de hipertensão.

Efeito dos escândalos, o PSB tenta abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os casos. Enquanto isso, o deputado Elias Vaz e o senador Jorge Kajuru (Podemos) já solicitaram apuração do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Mistério Público Federal (MPF) tanto em relação à necessidades dessas compras quanto no que tange ao preço pelos quais os itens foram adquiridos.

Antes, Elias já havia revelado que o Ministério da Defesa, entre janeiro de 2021 e fevereiro deste ano, comprou mais de um milhão de quilos de picanha, salmão e filé mignon. Ao todo, as compras questionadas pelo político goiano superam os R$ 56 milhões, tendo como base os valores dos pregões.