Cultura

Artistas alagoanos se manifestam contra cancelamento do São João 2022

Categoria pontuou os benefícios das atividades para os profissionais da área

Por 7Segundos 31/05/2022 09h09 - Atualizado em 31/05/2022 10h10
Artistas alagoanos se manifestam contra cancelamento do São João 2022
São João em Maceió - Foto: Edvam Ferreira / Secom Maceió

Um grupo de artistas alagoanos se posicionou nesta segunda-feira (30) contra o cancelamento das festas juninas deste ano em virtude das fortes chuvas que vem incidindo no estado. Nos últimos dias três mortes foram registradas e 32 municípios decretaram situação de emergência por conta das precipitações.

De acordo com o documento, a categoria afirma não concordar com o cancelamento das atividades pois prejudica as pessoas que retiram o seu sustento desse tipo de atividade. (Confira abaixo a carta na íntegra)

Além disso, os artistas reforçam como a paralisação das festividades em decorrência da pandemia da Covid-19 prejudicou os profissionais da área.

Até o momento, as festividades juninas programadas pelo Governo de Alagoas estão sendo adiadas até o sábado (4), enquanto em Arapiraca, Santa Luzia do Norte, Jequiá da Praia,  Roteiro, Feliz Deserto, Marechal Deodoro, Rio Largo e São Miguel dos Campos todas as festas foram canceladas de forma absoluta. 

Já em Maceió, o Ministério Público de Alagoas (MPAL) recomendou ao município o cancelamento das atividades, contudo, a Prefeitura possui o prazo de 2 dias, a partir desta segunda-feira (30), para decidir se acata ou não esta decisão.

CARTA ABERTA


Maceió-AL 30 de maio de 2022.


Em 2020, como todo começo de ano, muitos planos foram feitos, até que um vírus destruiu sonhos, planos, lares, carreiras, empresas e toda perspectiva de uma indústria que emprega milhares de pessoas em todo Brasil, o setor de cultura e eventos. A Cultura foi a primeira a parar com a Pandemia do Covid-19, assim, como para retomar foi o último com as atividades presenciais.

É triste saber que o pilar da nossa sociedade, que nos dá identidade, e que revela quem somos, é tratada com desdém por parte de alguns, faltando compreensão do real papel econômico e de desenvolvimento que o setor desempenha. Mesmo assim, a cultura segue firme, suportou a pandemia reinventando maneiras de se ajudar – fazendo Lives para arrecadar alimentos -, como forma de ajudar aos trabalhadores da cultura e do entretenimento. Nossos artistas e produtores nunca baixaram a cabeça para nada, e não será agora!

CANCELAR O SÃO JOÃO é tirar a esperança de centenas de famílias em desenvolver suas atividades de renda. CANCELAR O SÃO JOÃO é não compreender o quanto a cultura é um investimento em desenvolvimento, e não saber que ela gera renda, empregos e retorno financeiro para todos. CANCELAR O SÃO JOÃO não tem relação apenas com pessoas que podem pagar um camarote ou viajar para outro lugar e curtir a festividade, mas, acabar com uma forte tradição nordestina que movimenta milhões para a economia local. Esse ano a previsão é movimentar mais de 100 milhões de reais apenas na cidade de Maceió.

MANTER O SÃO JOÃO é lembrar das comunidades periféricas que não deixam a cultura morrer. MANTER O SÃO JOÃO é apoiar as Quadrilhas. MANTER O SÃO JOÃO é apoiar os Trios de Forró. MANTER O SÃO JOÃO é apoiar o Coco de Roda. MANTER O SÃO JOÃO é apoiar o Bumba-meu-boi. MANTER O SÃO JOÃO é apoiar as culturas tradicionais. MANTER O SÃO JOÃO é pensar nos que vivem de renda informal.

Porque, no final das contas, quem se prejudica são os artistas que se prepararam para a festa, as quadrilhas que já confeccionaram o figurino e cenário. São os coquistas e quadrilheiros que competem no concurso, com mais de 20 anos de tradição.

No final, quem paga a conta são os trabalhadores da cultura que transportam, que vendem produtos e serviços, que produzem os shows e concursos, que canta nos eventos. Somos nós, seguranças, motoristas de aplicativo, técnicos de palco e backstage, músicos, carregadores, setor de limpeza, serviços, montagem, aluguel de equipamentos, etc. que pagamos a conta do cancelamento do festejo. Pagamos a conta com prejuízos que passam desde o não ganho do trabalho direto no evento, agora ‘quase’ cancelado, até os recursos já investidos até o momento, através de empréstimos, rifas, financiamentos, apoios, patrocínios, campanhas, bingos, doações, recursos próprios, etc.

'É preciso colocar a cultura na cesta básica brasileira', afirmou Gilberto Gil, que sempre defendeu apoio e fomento à cultura através do Do-in Antropológico. Nosso São João também está adormecido por dois (02) anos, não podemos aceitar parar pela terceira vez. Precisamos acordar toda classe artística, produtores e técnicos para levantar nosso Tradicional São João.

A Cultura precisa ser vista como um investimento e não como um gasto. Ter acesso a cultura é um direito constitucional brasileiro, previsto no art. 215, vai além de apenas entretenimento, é cidadania, onde “o Estado garantirá a todos um pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.”

Alagoas é grande, e as festas são a SALVAÇÃO PARA MILHARES DE FAMÍLIAS, o mês junino começa em 1 (um) dia, mas as festas começam dia 15 (quinze), temos tempo para avaliar a realidade e acolher todos que estejam sofrendo com as fortes chuvas. Cancelar agora é PRECIPITAÇÃO.


São João é, também, sinônimo de geração de empregos. Gerando economia, movimentando basicamente todos os nichos de comércio. O SÃO JOÃO é a maior festa do Nordeste!


´SIM´ para um São João Solidário às vítimas das chuvas! E, que cada local de festa se torne também, um centro de arrecadação de mantimentos.