O uso da Inteligência Artificial (IA) nas escolas já é uma realidade. Apesar do surgimento de novas ferramentas, como do chat GPT, há anos os avanços na tecnologia vem impulsionando mudanças tanto na gestão escolar quanto no processo de ensino e aprendizado dos alunos.

O Chat GPT, responsável por trazer de volta o debate sobre a inteligência artificial nas escolas, é um robô virtual capaz de responder a perguntas e atender a demandas que vão desde compor uma canção a escrever um artigo acadêmico sobre um determinado tema. É possível resolver problemas matemáticos, desenvolver códigos de programação e até pedir sugestões de ideias para projetos ou questões pessoais.

O sistema foi criado pela empresa OpenAI em 2015 e sua terceira versão teve 100 milhões de usuários em apenas dois meses de lançamento. A nível de comparação, o TikTok, rede social do momento, obteve essa marca com nove meses.

De acordo com um estudo do SESI e do SENAI, até 2030, quatro ferramentas que envolvem inteligência artificial, estarão difundidas em até 50% das escolas públicas e privadas do Brasil, e uma delas, a computação em nuvem, deve estar presente em até 70% das instituições de ensino.

Para debater os impactos da inteligência artificial nas escolas, o Portal 7Segundos conversou com a psicopedagoga e neuropsicóloga Patrícia Dantas para entender quais são os benefícios e os cuidados que os profissionais e os alunos devem ter ao lidar com essas ferramentas.

Patrícia acredita que a inteligência artificial pode produzir resultados positivos para os profissionais da educação. “Otimizar o trabalho dos professores, reduzir o tempo na organização de atividades, de provas, ela pode ser boa para traçar o perfil do aluno, existem várias vantagens”, disse a psicopedagoga.

Apesar dos benefícios citados, Patrícia alerta para as desvantagens da inteligência artificial no âmbito escolar. “A principal desvantagem é em relação ao conhecimento pessoal do aluno, do desempenho, do emocional de cada aluno, pois haverá um distanciamento do professor e aluno”, alerta.

“Nós temos que entender que a educação envolve a aprendizagem das matérias escolares mas também, um lado muito importante da escola, é a questão social. A relação professor-aluno é muito importante no desenvolvimento social”, diz Patrícia, reforçando a importância social da escola no desenvolvimento social e cognitivo dos alunos.

De acordo com nossa entrevistada, não se pode levar esse debate ao extremo das opiniões. Não basta definir como ‘bom’ ou ‘ruim’ o uso da inteligência artificial nas escolas, é preciso mediar a situação. “Tem que haver um equilíbrio na situação para que a gente não se perca na essência da educação, que é conhecimento.

Questionada sobre a dificuldade na avaliação dos professores em relação ao alunos, já que cada vez é mais fácil conseguir respostas prontas por meio dessas ferramentas, Patrícia faz um alerta: “Essa facilidade pode fazer com que os alunos não estudem, não adquiram o conhecimento necessário, que é o papel, a função da escola”, completou.

Há diversos artigos científicos e pesquisas sendo realizadas neste momento para que se possa compreender melhor os impactos da inteligência artificial. O que se sabe, por hora, é que a IA pode ser utilizada para criar experiências personalizadas de aprendizagem, facilitar o acesso à informação e apoiar educadores ao elaborar planos de aula e avaliações.

O grande diferencial é que estas atividades podem ser realizadas em questão de minutos, permitindo que o próprio educador esteja mais focado na experiência de aprendizagem do que na montagem dos materiais. Isso por si só, já tem um potencial transformador na educação.

*Estagiário com supervisão