Saúde

Dengue em Alagoas: número de mortes suspeitas tem aumento de 150% em apenas uma semana

Recentemente, um bebê de apenas sete meses faleceu no município de Murici, com suspeita da doença

Por Wanessa Santos 15/06/2024 08h08 - Atualizado em 15/06/2024 08h08
Dengue em Alagoas: número de mortes suspeitas tem aumento de 150% em apenas uma semana
Atualmente Alagoas conta de 15 óbitos que podem ter ocorrido devido a infecção pelo vírus da dengue - Foto: Reprodução

A Secretaria de Saúde do Estado de Alagoas (Sesau) emitiu um novo relatório epidemiológico com números atualizados dos casos de dengue no estado. Em comparação com a semana 22 – período do último balanço feito pela Secretaria, houve um aumento de 150% no número de mortes suspeitas por dengue. Casos notificados foram de 10.827 para 11.544.

Até a Semana Epidemiológica 22 do ano de 2024, Alagoas contabilizava o total de cinco óbitos confirmados, e mais um sob investigação. De lá pra cá esse número subiu para 15, o de mortes suspeitas por dengue, enquanto que as confirmadas permanecem em cinco óbitos.

Recentemente, um bebê de apenas sete meses faleceu, no município de Murici com suspeita de dengue. De acordo com familiares da criança, ao apresentar os primeiros sintomas, que teria sido febre, uma primeira consulta médica não indicou a suspeita da doença, liberando o pequeno Pedro Miguel para casa. Devido à demora no diagnóstico, o quadro da doença se agravou, trazendo complicações na saúde do bebê que acabou não resistindo.

No município de Craíbas, um adolescente de 13 anos também morreu com suspeita de dengue hemorrágica, no início do mês de junho. José Alan Araújo Ferreira era estudante do 8º ano da Escola Municipal Padre José Theisen. O caso aconteceu no último dia 7.

Bianca Leão, faleceu com suspeita de dengue hemorrágica

Outro caso recente foi o da Bianca Leão, de 25 anos. Na última terça-feira (11) ela acabou não resistindo a um quadro de suspeita de dengue hemorrágica, e veio a óbito. O falecimento da jovem abalou os moradores do município de Arapiraca, agreste alagoano, onde ela residia. Bianca era filha do vereador Fabiano Leão (PP). Ela estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), de um hospital de Arapiraca e teria sofrido uma parada cardíaca decorrente da doença.

Ainda de acordo com a Sesau, o panorama da dengue em Alagoas segue da seguinte forma: Dos 11.544 casos notificados no ano de 2024, 6.409 foram confirmados, enquanto que 6.152 foram encerrados como dengue. Dos casos confirmados, 245 foram classificados como dengue com sinais de alarme e 12 como dengue grave. Ainda segundo o boletim epidemiológico, 3.864 casos foram descartados e 1.271 aguardam encerramento.

No mesmo período do ano passado foram notificados 3.728 casos suspeitos de dengue, dos quais 2.311 foram confirmados, com o registro de um óbito no município de Maceió.

Casos sob investigação


Atualmente, Alagoas conta de 15 óbitos que podem ter ocorrido devido a infecção pelo vírus da dengue. Os municípios onde as mortes foram registradas são: Teotônio Vilela (1), Boca da Mata (1), Porto de Pedras (1), Viçosa (1), Atalaia (1), Porto Calvo (1), Rio Largo (1), Craíbas (1), União dos Palmares (1), Poço das Trincheiras (1), Barra de São Miguel (1), Piaçabuçu (1), São José da Laje (1) e Maceió (2).

Sarah Dominique, médica infectologista

A reportagem do 7Segundos entrevistou a médica infectologista, Sarah Dominique para esclarecer alguns pontos com relação a essa doença, que tem causado grande preocupação em todo o Brasil.

De acordo com a médica especialista, é importante que a população fique atenta aos principais sintomas, que são: febre, cefaleia (dor atrás dos olhos), dor no corpo (mialgia), artralgia (dor nas articulações), vermelhidão no corpo (rash) que pode coçar, dor abdominal, náusea e vômitos.

Ao observar alguns desses sintomas, o mais recomendado a fazer é buscar, imediatamente, uma unidade de saúde para realização do exame que detecta o vírus. A médica infectologista ressaltou que o exame, em casos de dengue, é o RT-PCR. Ela explica como o exame funciona: “(o exame serve) para identificar o vírus da dengue no sangue até o 5º dia de adoecimento, e sorologia para pesquisar anticorpo contra vírus dengue a partir do 8º dia de adoecimento”, conta.

Questionada sobre a importância da vacina contra o vírus transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti, a médica ressaltou que com a vacinação há o desenvolvimento de anticorpos contra os quatro tipos de vírus dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4). Dessa forma, com a imunização, o organismo estará preparado para que, numa exposição posterior ao vírus, o adoecimento não aconteça, ou, se ocorrer, será de forma branda, e evitará óbito por dengue.

A Dra Sarah Dominique concluiu alertando que mesmo em casos de dengue grave, é possível reverter o quadro. A especialista reforça que é fundamental procurar atendimento médico ao perceber os sintomas de dengue, pois mediante tratamento e monitorização adequados, o paciente pode obter melhora e, consequentemente, sair do quadro grave da doença, que pode levar a óbito.

Vacinação


Em 21 de dezembro de 2023, a vacina contra dengue foi incorporada no Sistema Único de Saúde (SUS). A inclusão da vacina da dengue é uma importante ferramenta no SUS para que a dengue seja classificada como mais uma doença imunoprevenível. O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público de saúde.

Em Alagoas, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Maceió iniciou, na última segunda-feira (13), a vacinação de crianças e adolescentes contra a dengue e informa que ela segue sendo aplicada nas unidades de saúde da capital alagoana.

A imunização, que vem sendo feita com a nova vacina aprovada pela Anvisa, o imunizante Qdenga, é uma estratégia do Ministério da Saúde para prevenir e combater o aumento de casos de dengue em todo o país. De acordo com Eunice Amorim, coordenadora técnica de Imunização do Município, é fundamental que os pais ou responsáveis pelos jovens os levem ate uma unidade de saúde para receber o imunizante: “As doses estão disponíveis nas salas de vacina de segunda a sexta-feira. É só procurar uma unidade de saúde com a caderneta de vacinação e o Cartão SUS ou CPF da criança ou adolescente, para protegê-lo da doença e seus efeitos mais severos”, reforça Eunice.

Já no âmbito estadual, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) ampliou o número de municípios atendidos, na última terça-feira (11). De acordo com informações da pasta, o imunizante foi disponibilizado para 17 municípios que integram a VII Região de Saúde de Alagoas. A informação é de que as vacinas estão armazenados na Central Regional de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos (Creadi), em Arapiraca, e poderão ser retirados pelas Secretarias Municipais de Saúde (SMSs) mediante agendamento prévio.

Dessa forma a população de pessoas na faixa etária de 10 a 14 anos de idade – público alvo atual, conforme preconizado pelo Ministério da Saúde (MS) – poderão se vacinar contra o vírus da dengue. Os municípios que recebem as novas doses do imunizante são, Arapiraca, Batalha, Belo Monte, Campo Grande, Coité do Nóia, Craíbas, Feira Grande, Girau do Ponciano, Jacaré dos Homens, Jaramataia, Lagoa da Canoa, Limoeiro de Anadia, Major Isidoro, Olho d’Água Grande, São Sebastião, Taquarana e Traipu.

Prevenção


A transmissão do vírus da dengue se dá por meio do mosquito Aedes Aegypti. Dessa forma, o correto a se fazer, para evitar a proliferação da doença, é eliminar os possíveis focos de proliferação do mosquito, que se reproduz através do acúmulo de água limpa e parada. É importante que a população se conscientize e evite acumular objetos que possam servir de reservatório de água, que acabam se tornando possíveis criadouros, como vasos de plantas, galões de água, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção, e até mesmo em recipientes pequenos, como tampas de garrafas.