Esquema contra Moraes é descoberto após suborno e ameaça de morte à delegada da PF
O sistema que integra dados de Segurança Pública, foi utilizado irregularmente para acessar informações do ministro, da agente

A descoberta de um esquema de coleta de dados pessoais do ministro Alexandre de Moraes, do STF, surgiu durante a investigação de uma tentativa de suborno e ameaça de morte à delegada federal Denisse Ribeiro, a partir de um email anônimo criptografado, como informa a coluna de Letícia Casado, do site UOL, neste sábado, 14 de setembro.
Como releva o UOL, Denisse liderou a Operação Acrônimo em 2015, que investigava suspeitas de fraudes em campanhas eleitorais, e, em um desdobramento, a Polícia Federal encontrou documentos que indicavam um pagamento de R$ 4 milhões para um escritório de advocacia relacionado a Moraes. O caso foi arquivado, mas os dados foram usados em um esquema de intimidação.
Allan dos Santos e oferta de U$ 5 milhões
Em março de 2024, o blogueiro apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro, Allan dos Santos, foragido nos Estados Unidos, ofereceu U$ 5 milhões por provas que ligassem Moraes à Operação Acrônimo. Emails anônimos ameaçaram Denisse e outros agentes federais, parte do chamado "Projeto Exposed", que visava expor e intimidar agentes envolvidos em investigações conduzidas por Moraes. A campanha incluiu coação virtual, ameaças na porta de casa e vazamento de fotos pessoais.
"Importante registrar que as fotos, de todos os três, são oriundas da atual carteira nacional de habilitação - CNH. Considerando que as CNHs são de entes federados distintos (SP e DF), o mais provável é que as consultas a estas imagens tenham sido realizadas por meio do sistema Infoseg", informa o relatório da PF.
A partir do quarto email, Tacitus muda o tom dos emails e passa a realizar ameças. A delegada relata o caso ao enviar o material para a coordenação da Polícia Federal.
"A mencionada ameaça está consubstanciada na leitura do texto: após sugerir que o tempo está se esgotando ('tic-tac... tic-tac...') e expor a frase 'reze pelo melhor. Se prepare para o pior', o remetente atesta que a subscritora escolheu o caminho errado e faz uma associação de sua imagem com o militar nazista Adolf Eichman, que foi condenado à morte e executado", escreveu a delegada.
Vice-líder de Lula no Senado defende o impeachment de Moraes
O último email chama Denisse de "vulgo Gestapo", a polícia secreta nazista de Adolf Hitler, e anexa a imagem de um carimbo do grupo alemão. Tacitus envia um recado: "A chapa está esquentando". Chamou a atenção da PF o fato de o remetente das mensagens ser um email da plataforma Proton Mail, um serviço de emails criptografados sediado na Suíça para garantir o sigilo das mensagens de ponta a ponta.
O último email chama Denisse de "vulgo Gestapo", a polícia secreta nazista de Adolf Hitler, e anexa a imagem de um carimbo do grupo alemão.
"Diante da utilização de tais dados, há a necessidade de expedição de Ofício Judicial à plataforma de apoio à aplicação da lei, visando a obtenção de eventuais registros vinculados à conta anônima utilizada para a prática da conduta", afirma o relatório da PF ao qual o UOL teve acesso.
Uso irregular do sistema Infoseg
O sistema Infoseg, que integra dados de Segurança Pública, foi utilizado irregularmente para acessar informações de Moraes, Denisse e outros envolvidos. A PF descobriu acessos não autorizados a esses dados, revelando falhas na segurança do sistema, que é monitorado pelo Ministério da Justiça.
"A partir desse rastreamento, é possível identificar eventual uso indevido de acesso ao sistema. Quando há, por exemplo, movimentações consideradas atípicas, a equipe de segurança interna identifica o usuário e, imediatamente, bloqueia a conta. Ou seja, a entrada no Sinesp é barrada. Em seguida, as informações são encaminhadas à Polícia Federal", informa o Ministério da Justiça.
O ministério informa que tem colaborado, desde o início, com a investigação da PF e que o acesso por profissionais de segurança pública habilitados a entrar na ferramenta é autorizado pelas instituições às quais estão vinculados.
"Diante disso, como não há indícios de uso indevido do sistema pelas equipes do Sinesp Infoseg, não cabe investigação interna. A competência da apuração, portanto, é da Polícia Federal", escreve o Ministério.
Posicionamento da JHSF
A empresa JHSF, envolvida na Operação Acrônimo, afirma que os pagamentos ao escritório de Moraes se referem a honorários advocatícios. Já a delegada Denisse e o ministro Moraes não comentaram o caso.
Em nota, a JHSF diz ter sido surpreendida.
Veja também
Últimas notícias

Juizados da Mulher da Capital e de Arapiraca analisam 256 processos de violência doméstica

Motociclista fica gravemente ferido após colidir contra poste na Mangabeiras

Unidade do Hemocentro de Arapiraca tem nova gerente

Mãe denuncia negligência médica após perder bebê em hospital de Maceió

Delmiro Gouveia recebe projeto “Pianusco - Som das Águas” neste sábado

PRF recupera veículos com identificação adulterada na Região Metropolitana de Maceió
Vídeos e noticias mais lidas

Alvo da PF por desvio de recursos da merenda, ex-primeira dama concede entrevista como ‘especialista’ em educação

12 mil professores devem receber rateio do Fundeb nesta sexta-feira

Filho de vereador é suspeito de executar jovem durante festa na zona rural de Batalha

Marido e mulher são executados durante caminhada, em Limoeiro de Anadia
