Política

Defesa de Boulos pede cassação da chapa de Nunes e inelegibilidade de Tarcísio

Ação foi protocolada durante a votação após o governador Tarcísio de Freitas divulgar, ao lado de Ricardo Nunes, fake news associando "salve" do PCC a voto no candidato do PSOL

Por Revista fórum 27/10/2024 15h03
Defesa de Boulos pede cassação da chapa de Nunes e inelegibilidade de Tarcísio
Nunes lidera as intenções de voto para o 2º turno - Foto: Montagem/Antonio Chahestian/RECORD e Edu Moraes/RECORD -19.10.2024

Em meio à votação no segundo turno da eleições neste domingo (27), a defesa de Guilherme Boulos (PSOL) entrou com uma ação na Justiça Eleitoral em que pede a cassação da chapa de Ricardo Nunes (MDB) e do coronel bolsonarista Mello Araújo (PL), além da inelegibilidade do governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), que implicou, em provas, que o PCC teria dado "salve" para votação no candidato do PSOL.

"Trata-se de gravíssima tentativa de influenciar no resultado do pleito, no dia da eleição, de uma forma jamais vista no Estado de São Paulo. A utilização do cargo de Governador do Estado com a finalidade de interferir no resultado da eleição, no dia da votação, é evidente. A finalidade eleitoral fica clara pela escolha do momento para divulgação da coletiva, durante o horário da votação, com a presença dos candidatos abertamente apoiados pelo atual governador, todos com adesivo de propaganda dos candidatos representados em suas camisas", diz a defesa do candidato do PSOL.


A ação pede investigação judicial eleitoral para apurar abuso de poder político e uso indevido dos veículos de comunicação social, que propagaram a fake news divulgada pelo governador.

Diferentemente do que disse Tarcísio, a Justiça Eleitoral negou em nota que tenha recebido quaisquer denúncias referentes a comunicados da organização criminosa orientando votos.

"Tem-se, portanto, uma ação coordenada entre o Governador do Estado e os demais réus, juntamente com sua campanha, para difundir essas acusações, de forma abusiva e criminosa, durante o horário de votação", diz a ação.

Leia a íntegra.


Desespero

Tarcísio apareceu ao lado de Nunes, seu aliado, no inicio da tarde deste domingo (27), afirmando que integrantes do PCC teriam orientado familiares a votarem em Boulos. A declaração foi dada a jornalistas no colégio Miguel Cervantes, na zona sul, no local onde Tarcísio vota.

Trata-se de uma clara tentativa de intervenção do governador, em pleno exercício do seu cargo, de interferir no processo eleitoral. Tarcísio comentou sobre um comunicado emitido pela SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) de São Paulo, que teria interceptado mensagens de membros do PCC orientando votos em algumas cidades do estado.

"A gente vem alertando isso há muito tempo. Nós fizemos um trabalho grande de inteligência, temos trocado informações com o Tribunal Regional Eleitoral para que providências sejam tomadas", disse. Perguntado sobre qual era o candidato no qual o PCC estaria orientando voto, ele respondeu: "Boulos".

Boulos classificou a declaração de Tarcísio como "inacreditável" e "extremamente grave", ressaltando que o governador não apresentou qualquer tipo de prova e que ventilou o assunto em uma tentativa de interferir nos resultados da votação que ocorre neste domingo.

"É inacreditável, uma declaração extremamente grave, sem nenhum tipo de prova. Olha o nível! Eles devem estar fazendo pesquisas que devem estar mostrando a onda de mudança, a onda de virada, e partiram pro desespero absoluto. É inacreditável o que está acontecendo para tentar influenciar as eleições, tentar botar medo nas pessoas", declarou o candidato do PSOL.

Guilherme Boulos afirmou, ainda, que a tentativa de Tarcísio de associá-lo ao PCC é tão grave contra o laudo falso divulgado por Pablo Marçal (PRTB) às vésperas do primeiro turno da eleição. O documento tentava associar Boulos ao uso de cocaína.

"No dia da eleição o governador faz uma declaração irresponsável, mentirosa. Olha a gravidade. Estão usando a máquina pública, na voz do próprio governador, inventando uma mentira à uma da tarde no dia da eleição".