As investigações sobre o assassinato de Newton Fidélis de Moura Neto, 30 anos, ocorrido nesta quinta-feira (10) já foram iniciadas pela Polícia Civil de Alagoas (PC/AL). Newton Fidélis estava dentro de um carro quando foi atingido por diversos disparos de arma de fogo, no antigo viaduto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Maceió, nesta quinta-feira (10).

Imagens de câmeras de videomonitoramento que podem ter registrado o homicídio estão sendo solicitadas para ajudar na identificação dos suspeitos. A equipe do delegado Daniel Scaramello, que esteve na cena do crime, já trabalha na busca dessas imagens. Um projétil de arma de fogo de calibre ainda não identificado foi encontrado no local.

A vítima se encontrava dentro de um automóvel Gol, de cor vermelha e placa QLL0J39, quando ocorreu o assassinato.

Em princípio, a polícia trabalha com a linha de "execução", pois não foi levado nenhum objeto da vítima, segundo informou o delegado.

A polícia encontrou um tamanco próximo ao automóvel onde se encontrava a vítima, indicando a possibilidade da presença de uma mulher no local do crime, suspeita que a Polícia Civil não descartou, informando ainda que a tal mulher conseguiu se evadir do crime com vida.

A vítima, Newton Fidélis, era natural de Maceió, mas já foi alvo de investigações por parte da polícia, pelo assassinato de um primo em maio de 2023, na cidade de Pindoba, no interior de Alagoas.

Briga

No dia 13 de maio de 2023, uma briga entre pessoas da mesma família resultou na morte do empresário Lécio Cardoso, 49 anos, ocorrida na Fazenda Bicuara, zona rural de Pindoba, município da Zona da Mata de Alagoas. 

O assassinato teria sido motivado por uma desavença por causa de som alto em uma festa de aniversário. O empresário Lécio Cardoso teria chegado ao local e se incomodado com a intensidade do som e pedido para que o volume fosse reduzido, gerando a discussão, que culminou com o empresário Lécio Cardoso dando um tapa no rosto do primo, Newton Fidélis, e saído da festa para buscar um chicote para continuar com as agressões.

Nesse momento, o atirador então sacou uma arma de fogo e disparou contra o empresário, que foi socorrido e levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Viçosa, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na unidade de saúde.

À época, informações de testemunhas circularam dando conta de que ambos já tinham haviam se desentendido anteriormente por disputas de propriedade de terras, mas essa informação não foi confirmada. 

Lécio Cardoso era cunhado do prefeito de Pindoba, Cícero Cardoso, e filho da ex-deputada estadual Leda Cardoso. Ela faleceu em 2020.

Justiça

Em junho do mesmo ano, de 2023, o desembargador Washigton Luís revogou a prisão de Newton Fidélis, detido após se entregar e confessar que havia matado o primo, Lécio Cardoso, em Pindoba. O Habeas Corpus foi publicado no dia 31 de junho daquele ano. A decisão também impôs a Newton ter de cumprir alguma medidas restritivas impostas pela justiça.

Newton disse à polícia que o crime ocorreu durante uma briga por causa de som alto e que a vítima, Lécio Cardoso, estaria armada. Newton Fidélis se apresentou à polícia três dias após o crime e foi encaminhado para o Sistema Prisional. 

Após o cumprimento do mandado de prisão temporária, a Polícia Civil cumpriu mandado de busca e apreensão na propriedade do pai do autor do crime e apreendeu armas e munição. 

Na mesma época, a defesa do acusado emitiu uma nota informando que os "disparos foram realizados de supetão e em reação, como única e derradeira forma de preservar a própria vida", agindo assim em legítima defesa. Leia a nota, na íntegra, logo abaixo:

Nota Newton Fidelis

A defesa de Newton Fidelis de Moura Neto vem esclarecer as circunstâncias as quais o Tribunal de Justiça de Alagoas concedeu a liminar em sede de habeas corpus.

Desde o momento da ocorrência do fato, o Sr. Newton esteve à disposição dos Órgãos de Persecução Penal. Apresentou-se espontaneamente à Superintendência do Forum Jairon Maia Fernandes e à Comissão Especial de Delegados de Polícia Civil.

Ao ser interrogado, respondeu a todas as perguntas formuladas pelas Autoridades Policiais. Na oportunidade, apresentou rol de testemunhas presenciais do fato, além da indicar a existência câmeras de segurança na Fazenda, local do ocorrido.

Ademais, indicou para a polícia onde as armas portadas pela suposta vítima e pelo Sr. Newton estavam, as quais já estão sob os cuidados dos competentes Delegados de Polícia Civil.

Por fim, esclarece que a situação fática aconteceu em contexto de legítima defesa, cujos disparos foram realizados de supetão e em reação, como única e derradeira forma de preservar a própria vida.

O Sr. Newton Fidelis de Moura Neto está à disposição da Justiça, da Polícia Civil e do Ministério Público para quais esclarecimentos e contribuição com as investigações.