Viralizou: mulheres adultas estão tratando bebês reborn como filhos de verdade
Tendência polêmica escancara problemas reais e levanta questões como os impactos da solidão no mundo moderno

“Precisei sentar porque estava com o Gui no colo.” A frase dita por uma jovem no TikTok poderia passar despercebida, não fosse o fato de que o “Gui” não é um bebê de verdade, mas uma boneca reborn.
Nas redes sociais, a hashtag #maedereborn já ultrapassa milhões de visualizações. Esse vídeo em questão, que impulsionou a discussão, mostra uma jovem interrompendo uma atividade para “cuidar do filho”, referindo-se à boneca. O tom com que fala, cuidadoso, provocou espanto.
A publicação viralizou com milhares de visualizações e comentários polêmicos. De um lado, críticas. Do outro, apoio. Muitos questionaram sua sanidade. Outros, porém, se identificaram.
Mas, afinal, o que leva uma mulher adulta a cuidar de uma boneca como se fosse um filho?
As bonecas reborn são produzidas com detalhes hiper-realistas: peso semelhante ao de um recém-nascido, traços delicados, cheiro característico e até batimentos cardíacos simulados.
Em muitos casos, como esse, são tratadas como se fossem bebês reais, com direito a fraldas, berços, mamadeiras e passeios no carrinho. E o mais impressionante: não se trata apenas de um hobby. Para algumas mulheres - “mães reborn”, como se autointitulam - tem se tornado uma forma concreta de viver a maternidade, mesmo que simbolicamente.
Eu naveguei em alguns grupos e vi que muitas dessas “mães reborn” aparecem nas redes mostrando seus “bebês” penteados e prontos para dar bom dia às seguidoras, outras pedem sugestões de roupinhas ou perguntam se aquele macacão fofinho combina com o passeio da tarde. E é impossível não notar o cuidado com que falam das bonecas, como se fossem mesmo filhos e filhas.
A dedicação não é só emocional: muita gente investe tempo e dinheiro nesse vínculo. Os bonecos podem custar até R$ 12 mil, dependendo do nível de realismo e tem também os acessórios como carrinhos, fraldas, berços, roupinhas especiais.
Entre afeto e polêmica
Em um artigo publicado na Fox News, o psiquiatra americano Keith Ablow, professor da Tufts University School of Medicine, fez uma análise provocativa sobre o fenômeno.
Para ele, a relação com as bonecas pode até reduzir a ansiedade ligada ao desejo da maternidade, mas funciona como um tipo de “anestesia emocional”.
Ablow acredita que essa substituição simbólica só adia e amplifica um confronto inevitável com a realidade. Segundo ele, se fosse apenas uma paixão por colecionar bonecas, o impacto emocional seria menor. Mas, quando a boneca ocupa um espaço de maternidade, a ilusão pode acabar custando caro no futuro.
O tema é delicado e carrega camadas. Há quem adote as reborn após um trauma, perda gestacional ou infertilidade. Outras simplesmente encontram na experiência um espaço de afeto - ou fazem por vontade própria.
Diante desse cenário, vale refletir sobre o impacto da solidão na vida adulta, em um mundo cada vez mais individualista e hiperconectado, porém emocionalmente vazio.
Afinal, o uso simbólico de objetos como forma de preencher ausências emocionais não é novo e, embora o tema gere diferentes opiniões, uma coisa é certa: essas pessoas estão tentando comunicar algo. Mesmo que através do silêncio das bonecas. Pode ser dor. Pode ser amor. Pode ser apenas o desejo de não se sentir invisível.
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