Missão brasileira acompanha eleições municipais em Portugal e identifica boas práticas
Grupo formado por especialistas e representantes de órgãos eleitorais observa o processo das autárquicas portuguesas para mapear experiências que possam fortalecer a gestão eleitoral no Brasil

A missão brasileira que está em Portugal desde sexta-feira (10) concentra, neste domingo (12), a sua observação direta das eleições autárquicas. A comitiva é liderada pelo Conselho Nacional de Secretarias Estaduais de Comunicação (CNSECOM), que reúne os 27 Secretários dos estados e do Distrito Federal e tem uma prioridade: voltar ao Brasil com soluções testáveis — do desenho das mensagens de interesse público ao uso responsável de inteligência artificial (IA) — que ajudem governos estaduais e prefeituras a enfrentar desinformação, fortalecer a confiança e melhorar a prestação de serviços.
Missão brasileira observa autárquicas em Portugal e mapeia boas práticas
Vice-presidente do CNSECOM e secretário de Comunicação de Alagoas, Wendel Palhares define o objetivo sem rodeios: “Comunicação pública é tecnologia de confiança. Observar as eleições em Portugal é aprender, no terreno, como Estado, universidades e imprensa organizam respostas a boatos, moderam o debate e entregam informação útil ao cidadão — sem discutir a urna, mas o ecossistema que sustenta a democracia.”
A iniciativa integra a preparação do I Summit de Comunicação Pública Lisboa–Brasil, de 13 e 14 de novembro, na Universidade de Lisboa. O encontro abrirá uma série de quatro seminários internacionais CNSECOM–ISCSP sobre políticas de comunicação na Europa e no Brasil e sobre os desafios subnacionais para uma comunicação pública democrática. Em contrapartida, o CNSECOM convidará pesquisadores portugueses a observar as eleições presidenciais brasileiras de 2026, reforçando a troca de conhecimento entre os dois países.
A agenda do grupo inclui visitas a locais de votação e reuniões técnicas para entender fluxos de informação em dia de pleito: como são estruturadas as salas de monitoramento, quais protocolos acionam quando um rumor viraliza, que métricas digitais importam, como se mede alcance e efetividade de mensagens de serviço (mobilidade, filas, horários, documentos). “Queremos procedimentos reaplicáveis: checklists, painéis, rotinas de checagem, formatos de aviso que reduzam ruído e custem pouco aos cofres públicos”, diz Palhares.
Um foco explícito é a interlocução com universidades. A delegação trabalha lado a lado com investigadores do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP/ULisboa) para desenhar estudos comparativos. “Sistemas são diferentes — Portugal unitário, Brasil federativo —, mas os padrões de comportamento eleitoral e de circulação de desinformação dialogam”, afirma a doutora em ciência política e diretora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de Alagoas, Luciana Santana. “A academia entra com método: mapeia narrativas, identifica atores, mede impacto e oferece evidência para a decisão do gestor.”
Aproximar governos da academia
Na prática, o CNSECOM pretende transformar a observação deste domingo em protocolos que sirvam do Oiapoque ao Chuí: guias de linguagem clara para avisos oficiais; matrizes de risco para temas sensíveis (migração, segurança, saúde); e arranjos de governança que conectem secretarias, defensorias, ministérios públicos e imprensa local. “Esclarecer não é simplificar: é organizar problemas complexos com dados, ouvir a academia e entregar políticas comunicacionais previsíveis”, diz Palhares. Em Alagoas, exemplifica, o governo criou bolsas de mestrado dedicadas à integridade da informação e abriu bases de dados a pesquisadores.
A missão olha também diferenças regulatórias que afetam o ambiente de campanha — como o uso de outdoors e a centralidade dos partidos em Portugal — para extrair lições de desenho institucional. “Importa menos copiar regras e mais entender como estruturas incentivam comportamentos: quem responde, em quanto tempo, com que evidências e por quais canais”, resume Luciana.
No terreno, a comitiva dividirá rotas por concelhos da área metropolitana de Lisboa e do Oeste para comparar realidades urbanas e semiurbanas. Observadores vão cronometrar tempos de atendimento nas mesas, monitorar mensagens oficiais em painéis digitais e redes sociais locais e entrevistar eleitores sobre clareza de orientações (documentos exigidos, localização das mesas, acessibilidade). A equipe também registrará como juntas de freguesia e câmaras articulam informação útil com rádios comunitárias e jornais regionais — insumo para guias práticos dirigidos a prefeituras brasileiras de pequeno e médio porte.
Olho na desinformação
Outra frente é testar “etnografia rápida” de desinformação em dia de voto. Em parceria com docentes, os observadores farão varreduras horárias de boatos recorrentes (mudança de local de votação, horários falsos, documentos inválidos), mapearão canais que amplificam ruído e avaliarão respostas oficiais: tempo de reação, formato (texto, áudio, vídeo curto) e reencaminhamento por influenciadores de utilidade pública. O objetivo é produzir uma matriz de resposta — quem aciona quem, em quantos minutos e com qual peça de conteúdo — que possa ser adaptada por estados brasileiros.
A missão também recolherá práticas de uso responsável de IA generativa para comunicação de serviço: geração automática de FAQs a partir de bases normativas, resumos em linguagem simples e alertas por voz para públicos vulneráveis. A diretriz é dupla: rigor humano na validação e registro de trilhas de auditoria para mitigar vieses e erros. O CNSECOM quer sair com um rascunho de política de IA aplicada à comunicação pública, destacando limites, salvaguardas e ganhos de eficiência.
No balanço, Palhares vê um caminho de mão dupla. “Há muito o que Portugal e Brasil podem ensinar um ao outro — não apenas sobre urnas, mas sobre arranjos institucionais, cooperação intermunicipal e ecossistemas de comunicação que preservem a confiança pública. O CNSECOM quer transformar esse intercâmbio em rotina.”
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