Operação desarticula quadrilhas envolvidas em furto e adulteração de combustíveis
Práticas criminosas aconteciam nas cidades de Colônia Leopoldina e Novo Lino
As ações criminosas acontecem discretamente e as quadrilhas têm todo um organograma para facilitar as movimentações e garantir sucesso nos negócios ilegais. Tratam-se de grupos especializados no furto de combustíveis (álcool, gasolina e diesel) e formados por empresários, comerciantes e caminhoneiros, além de pessoas por eles cooptadas para servirem de elo para o cometimento do ilícito penal.
Há mais de um ano, o Ministério Público Estadual de Alagoas (MPEAL), com o apoio dos levantamentos feitos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Secretaria Estadual de Segurança Pública, investiga dois bandos que atuam na prática desses crimes nas cidades de Colônia Leopoldina e Novo Lino e, nesta quarta-feira (18), com o suporte de equipes operacionais do Núcleo de Gestão da Informação (NGI/MPAL) e das Polícias Civil e Militar, desencadeou a operação Cibus para cumprimento de 10 mandados de busca e apreensão e mais nove de prisões temporárias, nos estados de Alagoas e Bahia. Os trabalhos são coordenados pelo promotor de justiça Rodrigo Lavor.
As quadrilhas investigadas atuam diariamente na captação ilegal de combustíveis que são retirados de caminhões de distribuidoras e trafegam na BR 101, partindo dos portos de Maceió e de Suape, este último, em Pernambuco. Não bastasse o furto, os criminosos ainda fazem adulteração, misturando outros produtos à gasolina e ao álcool para avolumarem o lucro pretendido.
O litro dos produtos repassados pelos motoristas custava R$ 2,00 e, de cada carga, eram retirados cerca de 100 litros. Daí, após a adulteração feita, a gasolina e o álcool eram comercializados, em média, ao preço de R$ 3,75 e R$ 2,75, respectivamente. Com tal movimentação, os bandos conseguiam vender até 2 mil litros de combustível por dia, gerando a eles um lucro diário de R$ 6 mil.
Os investigadores alertaram que os bandos, ao visarem somente o lucro financeiro, ignoravam os riscos à própria saúde, uma vez que manuseavam o combustível sem os devidos equipamentos de proteção individual (EPIs), além de também não darem importância ao cometimento de crime ambiental.
O esquema
Um empresário, identificado apenas como ‘Tonho’, é que tem comércio em cidades de Alagoas. Pelas investigações, ele seria o maior receptador de uma das quadrilhas, integrada também por Ubiranilson Souza da Silva (o Bubú), agente de saúde, que faz a captação diária dos combustíveis extraídos dos caminhões que trafegam na BR 101. O crime acontece no ponto comercial identificado como “Barraca do Jonas”, localizado na antiga base do posto fiscal de Novo Lino. Jonas é subordinado a Ubiranilson que, após o desvio do combustível, transporta e armazena o produto num espaço conhecido como “Princesa Parque Show”.
Também é Ubiranilson quem faz o contato direto com os caminhoneiros que transportam combustíveis na região, além de ser dele a façanha de adulterá-los antes da revenda. No meio dessa ‘gerência’, o acusado ainda mantém entrosamento como José Denisval Barbosa, o ‘Denis’, que repassa dinheiro para ele efetuar os pagamentos aos motoristas envolvidos, e também trabalha com uma espécie de ‘disque-entrega’ para clientes que não têm condições de ir até o local do armazenamento.
Relatando um pouco mais da sua ousadia, Ubiranilson estende o esquema fornecendo grande quantidade de diesel para o funcionário de uma usina da região, que é mais conhecido como Júnior. É importante ressaltar que não há comprovação do envolvimento dos sócios de tal usina, o que faz entender que o funcionário age em benefício próprio.
No outro bando, que atua com a mesma metologia criminosa, o líder foi identificado como Melquesedeque dos Santos Trajano. Ele mantém contato com Ubiranilson quando precisa de produtos para realizar a adulteração nos combustíveis que também desvia, sempre que seu fornecedor está desprovido. ‘Melk’, como é apelidado, é dono de um lava a jato na cidade de Novo Lino, e tem como principal fornecedor um homem identificado como ‘Wilson’. O seu braço direito no lava a jato é Adriano da Silva, o ‘Besouro’, que é o responsável pela adulteração, venda e transporte do combustível adquirido por ‘Melk’. Besouro ainda conta com dois comparsas conhecidos como ‘Danda’ e ‘Robe’.
As prisões
Finalizadas as investigações, o Ministério Público fez a representação criminal junto ao juiz da comarca de Colônia Leopoldina para que os mandados fossem expedidos. Diante do que foi requerido pelo promotor Rodrigo Lavor, o magistrado José Alberto Ramos acatou todos os pedidos do Ministério Público Estadual, tendo decretado as prisões temporárias dos nove suspeitos: Ubiranilson Souza da Silva, José Denisval Barbosa, Milton Luiz de Santana Júnior, Charles Jacy Ferreira da Silva, Marinaldo José Gardelin (caminhoneiro), Melquisedec dos Santos Trajano, Adriano da Silva e Wilson.
Cibus
No latim, a palavra Cibus significa combustível. Por isso, o operação foi batizada com esse nome.
Veja aqui um vídeo da operação: