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Auxílio emergencial é certo, a dúvida é como e quanto, dizem analistas

A aprovação do orçamento de 2021, a reforma administrativa e a reforma tributária na lista de prioridades da Câmara

Por Investing.com 03/02/2021 18h06 - Atualizado em 03/02/2021 20h08
Auxílio emergencial é certo, a dúvida é como e quanto, dizem analistas
Aplicativo Auxílio Emergencial do Governo Federal - Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Passadas as eleições no Congresso e o recesso parlamentar que travaram a pauta legislativa por quase dois meses, o foco das duas casas nas próximas semanas deve ser a discussão em torno do auxílio emergencial, cuja extensão pode acontecer em um formato diferente de 2020, disseram analistas ao Investing.com.

Nesta segunda-feira (1), os candidatos apoiados pelo Planalto, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), venceram as disputas pelas presidências da Câmara e do Senado, respectivamente, ambos em primeiro turno e ambos citando, nos discursos de posse, uma extensão do benefício.

Para Alex Lima, head de investimentos da Lifetime, o alívio latente do mercado desta terça-feira (2), apesar de justificado pelo fim de incertezas como um possível impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro, é frágil e depende da articulação do Congresso com o ministério da Economia.

“Se condicionarem gastos e respeitarem o Teto, o auxílio poderia ser um respiro. Mas o mercado está com muita pouca paciência e os preços podem voltar facilmente para onde estavam na semana passada se as coisas não andarem logo”, diz.

Para ele, a eleição em primeiro turno, principalmente de Lira, foi um ponto extra que justifica a reação positiva dos ativos brasileiros. Perto das 16h30, o índice Ibovespa subia 0,3%, com máxima em 119.805 pontos, enquanto o dólar futuro caía 2,27%, para R$ 5,362, levando a curva de juros junto.

A ordem das coisas


Para Thiago Vidal, analista político da Prospectiva, apesar de o governo ganhar algum fôlego com a vitória dos candidatos apoiados pelo Planalto, Lira pode trazer alguma dor de cabeça ao ministro Paulo Guedes, da Economia.

Segundo ele, apesar de o novo líder da Câmara ter uma densidade ideológica menor que a do ex-presidente, Rodrigo Maia, ele tende a pender para pautas com foco mais local, ou desenvolvimentistas, que bateriam de frente com a pasta econômica.

“Auxílio emergencial vai acontecer, a dúvida é o formato, o ‘como, e não o ‘se’. Continuar no formato atual é improvável porque é caro e irracional, mas a dúvida é se isso vai se traduzir em uma política fixa de maior renda mínima depois”, aponta.

Entre abril e dezembro de 2020, os pagamentos do auxílio emergencial somaram R$ 293,1 bilhões, segundo dados do Tesouro Nacional, distribuídos a pelo menos 68 milhões de pessoas em setembro. No último mês, estados do Norte como Amazonas e Pará, alguns dos mais afetados pela pandemia no país, criaram programas de extensão estadual do benefício.

E depois?


No entanto, os analistas apontam que, antes da discussão sobre o auxílio propriamente dito, o Congresso precisa pautar temas remanescentes de 2020, como a PEC Emergencial, que daria espaço para uma possível continuação dos pagamentos.

Ontem, em entrevista à CNN Brasil após a vitória, Lira colocou, além da PEC, a aprovação do orçamento de 2021, a reforma administrativa e a reforma tributária na lista de prioridades da Câmara para este ano, todas com impactos relevantes para o horizonte das contas públicas do país.

Para André Perfeito, economista-chefe da Necton, no entanto, a articulação dessas pautas, já atrasada por conta da pandemia, vai precisar correr contra o tempo antes da virada de semestre.

“Se não conseguirem se encaminhar, vamos entrar em período de pré-eleição, e aí faturas como os marcos regulatórios ou outras reformas podem ficar para trás”, aponta.