Brasil completa 4 meses de vacinação com paralisação na produção
Sem insumos, Butantan interrompe fabricação da CoronaVac
Na semana em que o Brasil completa quatro meses de vacinação contra a covid-19, a produção de imunizantes no país será paralisada. Com a falta de insumos importados da China, o Instituto Butantan interropeu a fabricação da CoronaVac na sexta-feira (14) e a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) informou que suspenderá a da Oxford/AstraZeneca por alguns dias nesta semana.
A primeira dose da vacina contra a covid-19 aplicada no país foi em 17 de janeiro, em São Paulo, mas a campanha do Ministério da Saúde começou oficialmente em 18 de janeiro. Até domingo (16), já haviam sido aplicadas 52,7 milhões de doses. Do total, 35,6 milhões foram da primeira dose, atingindo 16,9% da população, e 16,8 milhões de segunda dose (8%).
O ministério afirma que já foram distribuídas mais de 85,2 milhões aos estados e Distrito Federal. Além da CoronaVac e da Oxford/AstraZeneca, também começou a distribuição da Pfizer no final de abril, mas em menor quantidade.
Segundo a Fiocruz, até chegada de novo lote de IFA (ingrediente farmacêutico ativo) prevista para o próximo dia 22, haverá interrupção na produção em alguns dias desta semana. Por meio do Bio-Manguinhos (Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos), a fundação entregou na sexta-feira (14) 4,7 milhões de doses da vacina, atingindo a marca de 34,9 milhões de vacinas disponibilizadas.
Já o Butantan afirmou não ter previsão para a liberação de uma nova remessa de IFA pela China. O instituto entregou na sexta (14) o último lote de 1,1 milhão de doses ao Ministério da Saúde, totalizando mais de 47 milhões, e só retomará a produção quando chegar mais insumos. Apesar da incerteza, mantém a previsão de entrega de 100 milhões de doses até 30 de setembro.
Após críticas de que entraves diplomáticos com a China causados pelo governo federal teriam atrasado os insumos para as vacinas, o Ministério das Relações Exteriores afirmou em nota que acompanha o processo de autorização de exportação.
"Autoridades chinesas comprometeram-se a fazer todo o possível para cooperar com o Brasil no combate à pandemia de covid-19 e reiteraram que eventuais atrasos não são intencionais, dado que a China está exportando IFAs para diversos países, o que gera expressiva demanda e sobrecarga tanto na fabricação de vacinas e ingredientes quanto nos trâmites burocráticos", afirmou o ministério.