Ministro apoia fala de Janja contra Elon Musk: ‘Estava preso nas nossas gargantas’
Paulo Teixeira se posicionou nas redes sociais
O Ministro de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, saiu em defesa da primeira-dama, Janja Lula da Silva, após ela xingar o dono do X (antigo Twitter), Elon Musk, em um dos painéis do G20 social. Teixeira disse que a “verdade é que Janja falou o que estava preso nas nossas gargantas”. “Esse é o sentimento sobre Elon Musk e sua interferência negativa na política internacional”, escreveu.
O comentário de Janja foi feito no sábado (16), depois de uma rodada de discussão no painel do G20 Social em que ela pediu a palavra. A primeira-dama discursou sobre a dificuldade de aprovar leis para regulamentar as redes sociais e destacou que, durante as fortes enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, além de ajudar as famílias, foi preciso combater as notícias falsas.
Em certo momento, a plateia escuta um barulho, como se fosse uma buzina, e começam a rir. Janja então diz: “Alô, acho que é o Elon Musk. Eu não tenho medo de você, inclusive, fuck you, Elon Musk”. Em seguida, plateia e convidados a aplaudiram.
Após a repercussão da fala da primeira-dama nas redes sociais, Elon Musk usou o X para responder Janja. “Eles perderão a próxima eleição”, escreveu. O bilionário, que comandará o Departamento de Eficiência Governamental dos Estados Unidos a partir de 2025, é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Desconforto diplomático
Sem citar o xingamento da primeira-dama, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na noite de sábado (16), que não é preciso ofender ninguém. A declaração foi dada por Lula enquanto ele defendia o combate à fome em um festival organizado por Janja no G20, no Rio de Janeiro.
“Eu queria dizer para vocês que essa é uma campanha em que a gente não tem que ofender ninguém, não temos que xingar ninguém. Precisamos apenas indignar a sociedade”, disse Lula.
“Acho que ela perdeu o tom. As informações que nos chegam de imediato é que o próprio Lula ficou incomodado, assim como a alta cúpula da diplomacia brasileira. Além disso, dá argumento para o pessoal da direita atacar o governo brasileiro. Para além do desconforto, piora o ambiente diplomático. Digamos que o Itamaraty vai ter que remar mais para minimizar esse potencial estrago”, afirmou.
Na avaliação da professora de ciência política da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) Mayra Goulart, a fala de Janja foi uma “bola fora” e vai na contramão da imagem de liderança global que Lula e o governo brasileiro estão se esforçando para construir.
Ela salienta que o presidente brasileiro vem investindo em uma posição que contribui para o fortalecimento dos fóruns multilaterais, buscando ser um representante dos países periféricos e dos povos oprimidos.
“Lula quer um papel de protagonismo nessa cena diplomática, o que exige um papel moderado, um papel que, embora comprometido com questões como a redução da desigualdade e combate às mudanças climáticas, tem esse perfil de não ser tão beligerante e tão envolvido em disputas políticas. Então, essa fala da Janja destoa disso”, explicou Mayra, que também é coordenadora do laboratório de partidos, eleições e política comparada da UFRJ.