Viúvas de jogadores da Chapecoense se apoiam no amor aos filhos para retomar vida

Viagens, caminhadas pela manhã e exercícios em academias, frequentar igrejas, busca por justiça e dedicação total à criação dos filhos. É assim que três das mulheres que perderam seus maridos no trágico acidente com a delegação da Chapecoense, há pouco mais de três meses, lutam para se reerguer. O avião da empresa LaMia caiu em Medellín, na Colômbia, na madrugada de 29 de novembro. Das 77 pessoas a bordo, 71 morreram - entre elas os jogadores Ananias, Gil e Bruno Rangel.
Nesta semana, o Estado conversou com as três viúvas dos atletas - respectivamente Bárbara Calazans Monteiro, de 37 anos, Valdecia Borges de Moraes Paiva, de 25, e Girlene Domingues, de 30, que juntas, tentam fazer com que a dor das famílias seja atenuada. Elas receberam da Chapecoense e da CBF indenizações de 26 vezes os salários de seus maridos. Embora não passem por dificuldades financeiras, sabem que uma hora esse dinheiro vai acabar, ms ainda não se sentem preparadas para trabalhar e dão prioridade absoluta às crianças. No futuro, pretendem voltar a estudar e arrumar emprego.
"Entender o que passou e secar as lágrimas são coisas que vão demorar para acontecer. Passei a fase do choque e da tristeza. Alguns dias me sinto melhor, outros nem tanto. Só me resta transformar essa dor em força", diz Bárbara.
Elas têm recebido apoio de atletas que atuavam com seus maridos e dos sobreviventes do voo. "O Neto e a família dele eram nossos amigos e têm nos ajudado", comenta Valceia.
Falar sobre os filhos não é tarefa fácil. Elas choram ao lembrar de como as crianças reagiram à perda dos pais. Bárbara precisou da ajuda de uma terapeuta para contar a Enzo, de 5 anos, que seu pai nunca mais voltaria para casa. "Com o passar do tempo, ele falava que estava com saudade, perguntava do pai e chegou a dizer que queria morrer para ficar ao lado do Ananias", diz.
REVELAÇÕES
As três viúvas decidiram não esconder nada e contaram às crianças o que estava acontecendo, sem fantasiar, pois temiam que isso pudesse causar problemas psicológicos no futuro.
Valceia, que deixou Chapecó para morar em Natal, decidiu visitar Bárbara, em Salvador, no último fim de semana, e percebeu um novo problema - o medo de avião de uma das filhas. "Falei para as meninas que a gente ia ver o Enzo, amiguinho delas, e a Livia me disse que não queria, pois estava com medo, já que o avião tirou a vida do pai. Ela entrou em desespero", contou a viúva do meia Gil.
A luta continua
Além delas, outras mulheres também travam suas lutas diárias. Amanda Machado, de 26, noiva de Dener, criou a empresa D6 para vender brigadeiros gourmet. A ideia surgiu justamente de uma conversa com o marido, fã do doce. Após a tragédia, ela manteve o projeto, como forma de homenagem ao companheiro, que jogava com a camisa 6. Eles estavam com casamento marcado exatamente para três dias depois do acidente.
Sirli Freitas também mudou de vida. A jornalista acabou herdando a vaga de assessora de imprensa do clube, que pertencia ao marido Cleberson Silva, uma das vítimas.
As viúvas ainda lutam para receber as indenizações da LaMia, mas um acordo com a empresa está longe de um desfecho. Além das indenizações já recebidas, na última quinta a Chapecoense repassou mais R$ 40 mil para os parentes das vítimas - o dinheiro veio de doações.
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