Alagoas

Caso PC: Badan Palhares defende assassinato seguido de suicídio

<span style="text-align: justify;">Suzana Marcolino fez declara&ccedil;&otilde;es de amor a outro homem, diz perito&nbsp;</span>

09/05/2013 00h12
 Caso PC: Badan Palhares defende assassinato seguido de suicídio
Palhares apresentou análise pericial por mais de duas horas

Thallysson Alves

O último perito a contribuir ontem no julgamento que pretende encontrar os responsáveis pelo assassinato de Paulo Cesar Farias e Suzana Marcolino foi Fortunato Antônio Badan Palhares. Durante sua explanação, uma projeção de imagens que mostram o estudo da perícia no caso foi apresentada, a qual leva a crer que PC Farias foi assassinado por Suzana Marcolino, que logo após cometeu suicídio.

Segundo Fortunato, os laboratórios da Unicamp comprovaram que na passagem do projétil pela parede ficaram restos de sangue e tecidos de Suzana. Imagens da cena do crime e até transcrições de ligações de Suzana, momentos antes do crime, foram apresentados ao público presente. “A última ligação aconteceu às 5:02 e foi para o dentista Fernando Corleone. Ela disse que nunca iria esquecê-lo, que o amava muito e que um dia o encontrará, nem que seja na eternidade”, resumiu após ler.

Durante a apresentação das fotografias, o perito mostrou anormalidades nas manchas de sangue encontradas nas roupas, lençóis e pele das vítimas. “Após ser atingida pelo disparo no peito, Suzana rodou para a direita e os maiores respingos foram para a esquerda. Já PC praticamente não sangrou quando recebeu o tiro”, disse.

Badan questionou se os seguranças sabiam que Suzana possuía uma arma e por que esperaram uma hora desde o primeiro telefonema para matarem ambos. Entretanto, o juiz Maurício Brêda pediu para que o perito se restringisse a análise pericial que ele realizou na época.

“No estômago de PC encontramos alimentos ainda não totalmente digeridos. Na cabeceira de PC encontramos um copo de água com carbonato de magnésio. A bexiga dele continha urina, diferente de Suzana”, contou Fortunato. “No banheiro foram encontradas cinzas de cigarro juntas ao vaso”, completou.

O perito destacou que não foi encontrado nas vítimas indícios de violência, como hematomas. Segundo laudos dos peritos americanos, Bandan mostrou que eles acreditam que Suzana era a única que tinha motivos para que o crime acontecesse e todos aprovaram os procedimentos por ele realizados.

Suzana tinha 1.67m. A partir desse dado, Fortunato disse que os peritos fizeram cálculos para tentar descobrir como a arma foi deflagrada contra o corpo de Marcolino. “A altura de Suzana Marcolino é fundamental, pois, caso contrário, todo o estudo da trajetória da bala estaria errado. Cada detalhe nós estudamos nas marcas no corpo dela, no ambiente físico e por algumas vezes fizemos uma reconstituição com uma modelo da mesma altura”, expôs o perito.

Peritos encontraram resíduos metálicos na mão de Suzana

Em 1996, os peritos realizaram prova de Griess-llovay para descobrir resíduos de pólvora, método considerado pouco seguro para diagnósticos que formam os laudos da perícia. Hoje, segundo Badan, a maioria dos laboratórios forenses utilizam exame por microscopia eletrônica de varredura de energia dispersiva. “No estudo, nós encontramos mais resíduos metálicos na mão esquerda de Suzana, como bário, fósforo, ferro e cobre etc.”, revelou.

O perito mostrou fotos – consideradas chocantes – da exumação dos corpos de Suzana e PC. “A exumação mostrou que PC Farias morreu em menos de 20 segundos, o que comprova por que não houve sangramento”, explicou Badan Palhares, que ainda refutou a tese de que Suzana teria sido estrangulada antes de morrer.

Sobre a dificuldade em abrir a porta do quarto do casal, fato apontado pelos funcionários da casa de praia de Guaxuma que dificultou o acesso ao interior do quarto, Palhares explicou que o tipo de fechadura não permitia que a porta fosse aberta pelo lado de fora tendo a chave embutida.

“Não há dúvidas que Suzana matou PC Farias e em seguida se matou. Ela segurou a arma com o polegar direito no gatilho, com o revólver muito próximo ao corpo. Não sangrou imediatamente porque a pressão do tórax tem pressão negativa, só sangrando depois que o ar entra por ali. Havia fragmentos de impressões digitais na arma, mas não eram suficientes para confirmar quem a havia utilizado naquele instante”, explicou Palhares. “Isso explica o porquê de não termos encontrado sangue no revólver”, concluiu.

Encerrada a exposição de Badan, que durou mais de duas horas, iniciaram os questionamentos da promotoria e da defesa. Os trabalhos se encerraram por volta das 21h, com retorno programado para hoje, às 8h.