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Alessandra Maestrini volta à TV em 'Sexo e as negas' e fala de polêmica

Por ego 16/09/2014 09h09
Alessandra Maestrini volta à TV em 'Sexo e as negas' e fala de polêmica

Alessandra Maestrini, 37 anos, está de volta à TV nesta terça, 16, na série "Sexo e as negas", de Miguel Falabella. Na trama, a atriz e cantora vive a dona de um salão de beleza especializado em cabelos afros, mas, contraditoriamente, é uma pessoa racista. "É uma personagem importante de se ter na série porque se trata de um sitcom consciente e é justamente para se ter esse questionamento que a figura dela é necessária, para mostrar que os negros sofrem precoenceito, sim, tanto que o tema causou polêmica", opina a atriz, citando as críticas que Falabella recebeu recentemente [a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) teria recebido denúncias em relação ao programa, acusado de estimular estereótipos racistas e machistas].

"Os negros estão tão acostumados a serem maltratados, que quando recebem um presente não o reconhecem e recusam, tomando como uma agressão. Acho que retratar essas pessoas na série é um passo histórico e não podemos tentar impedir que esse passo seja dado", reflete Alessandra.

Polêmica, aliás, é o que não tem faltado na vida da atriz, que recentemente se declarou bissexual em entrevista a uma revista. Apesar da repercussão da declaração, Alessandra garante que nada mudou em sua vida e que os fãs aceitaram bem a notícia. "A reação foi maravilhosa", garante ela, que está solteira. 

Qual sua opinião sobre a polêmica ao redor da série antes mesmo da estreia?

Eu acho por um lado compreensível o que passa pela cabeça dos que criticaram a série. São pessoas que sofrem preconceito e que estão acostumadas a serem tratados com desvalia. O que não entendo é que haja um "pré conceito", um conceito formado prematuramente, que é o que aconteceu, já que a série ainda nem estreou. Acho que os protestantes perdem seu crédito quando resolvem se manifestar antes da estreia.


Você acha que houve um cuidado com o tema no texto?

Quem escreve a série é Miguel Falabella, que é simplesmente um dos maiores defensores e fortalecedores das pessoas que normalmente são desvalorizadas. Todos os programas dele se passam num mundo suburbano. "Sai de baixo" é uma história de uma família falida, "Toma lá dá cá", de decadentes. Não tem nada a ver com a raça da pessoa.

Os negros estão tão acostumados a serem maltratadas, que quando recebem um presente não o reconhecem e recusam, tomando com uma agressão"

Você acha que os negros se sentirão representados?

Conversando com um amigo a gente percebeu que teve uma novela em que tinha uma família de negros bem-sucedidos que, na época, foi criticada porque os negros não se sentiam representados ("A próxima vítima", de 1995, com Camila Pitanga, Antônio Pitanga, Zezé Motta, Norton Nascimento e Lui Mendes). E agora que a história se passa no morro também recebemos críticas. O que eles querem? Não querem ser representados?

Por que você acha que isso acontece?

Acho é que há uma dificuldade de receber um presente. A gente vê isso na psicologia. Quem está muito acostumado a ser destratado, quando recebe um presente não reconhece. A série é uma brincadeira com "Sex and the city". A diferença entre as duas séries é que os protagonistas são negros. Os levantadores de rumores provavelmente não conhecem a série americana. Mas o Miguel está escrevendo o texto justamente para essas pessoas, com humor e o glamour do mundo feminino ambientados no Brasil, de uma maneira que faça sentido para nossa cultura.

Qual foi a maior crítica que o Miguel recebeu?

Disseram que, como ele é branco, não pode falar de negros. Esse é o tipo de reclamação que é um tiro pela culatra, parece que a pessoa quer continuar no gueto. As coisas estão mudando, me parece um desconforto com uma mudança que na verdade é necessária. Miguel achou um mote onde as quatro protagonista são negras num universo suburbano. Se fossem quatro brancas e houvesse papel coadjuvante para negros podia, então? Em todas as obras do Miguel pessoas vivem na pior. Ele viveu na pobreza muito tempo. É um universo que ele conhece, tem amor e humor por ele.