Feira do fumo mantém tradição e resiste a outras culturas
O fumo é forte pela própria natureza. Ele deu vida à economia de Arapiraca entre as décadas de 1960 a 1980.
Era chamado de "ouro negro", assim como é retratado no próprio hino da cidade em que diz: "A cultura do fumo, a sua riqueza, o "OURO NEGRO", que os seus campos veste lhe adquira um título de nobreza, "cidade Galã, PRINCESA DO AGRESTE".
É fato que o a cultura do fumo rendeu à Arapiraca sua prosperidade, assim como prosperou famílias inteiras que construíram suas riquezas através do plantio, do cultivo, da compra e venda do fumo. Os maiores exemplos são os empresários José Alexandre dos Santos e Aurelino Ferreira Barbosa, que ainda hoje negociam o produto.
Entretanto, é na feira do fumo de Arapiraca que se vê a movimentação dessa cultura ainda viva, porém com uma negociação bem acanhada. Hoje, a feira do fumo é realizada às segundas-feiras a partir das 5 horas da manhã e, às vezes, chega ao fim por volta do meio-dia.

Na primeira segunda-feira de 2016, o Portal 7 Segundos visitou a feira do fumo de Arapiraca, localizada no cruzamento da Avenida Miguel Amorim (antiga Avenida Norte) com a Rua José Alexandre, no bairro Baixão.
Por lá, os comerciantes negociam rolos de fumo como também uma variedade do produto vendido para o consumo. Os comerciantes dividem o fumo em o de primeira qualidade e o de segunda categoria que eles chamam de "meião".
O preço do quilo do fumo varia de acordo com a qualidade do produto. Os melhores são negociados entre R$ 10,00 a R$ 14,00. Mas, quem paga melhor segundo os feirantes do fumo são os empresários do setor como o Aurelino Ferreira e outros que mantém a tradição no mercado de Arapiraca.
É o caso do comerciante Gerônimo Ferreira dos Santos, de 51 anos, que trabalha no ramo há mais de 20 anos e negocia na feira nesse mesmo período. Às segundas ele está na feira de Arapiraca e aos sábados na de Craíbas, município vizinho distante 22 km.

"A safra em 2015 foi pequena, mas tivemos um fumo de qualidade, mesmo assim as vendas estão fracas. Mas temos que vender e não deixar o fumo estocado, senão a gente perde tudo", ensinou Gerônimo Ferreira.
Ele comercializou 18 mil quilos de fumo e vendeu quase tudo pelo preço que variou entre R$ 10 a R$ 12. "Graças a Deus deu pra vender grande parte do fumo colhido e o restante eu negocia aqui na feira, o que já dá pra me manter e sustentar toda a família", afirmou o comerciante.
O comerciante Laércio Maurício de Oliveira, 44 anos, do município de Coité do Nóia, a 22 km de Arapiraca, compra na feira do fumo todas as segundas para revender o produto na sua cidade.
"Compro fumo para o consumo e revendo no meu comércio durante a semana. Este é o negócio que sustenta toda a nossa família", disse Laércio de Oliveira.

Apesar da crise na cultura do fumo, muitas famílias vivem ainda unicamente dessa cultura. É também o caso do comerciante Elias Ferreira Barbosa, 55 anos, que trabalha na feira do fumo há mais de 30 anos. Ele vende produtos variados como o fumo de rolo, de cerol, de bucha, desfiado e outro tipos, além de cordas.
"Essa é a minha vida que começou ainda adolescentes, aos 18 anos de idade, e hoje aos 55 anos ainda nessa luta que só vai acabar quando eu morrer. É assim que sustento minha vida e minha família", relatou Elias Barbosa.
Pesadores de fumo
Na feira do fumo não só apenas os comerciantes sobrevivem do da cultura do fumo, mas também àqueles que fazem a pesagem do produto. Eles levam suas balanças para a feira e ganham dinheiro pesando o fumo vendido ou comprado.

Aos 79 anos seu José Oliveira de Lima ainda não parou de trabalhar e nem vai parar. O pernambucano nascido em Bom Conselho e arapiraquense desde os três anos de vida se sustenta pesando o produto dos outros.
Ele cobra, em média, por pesagem entre R$ 1,00 a R$ 2,00. E de pesagem em pesagem ele faz a feira para se sustentar. Quando o movimento é bom ele apura mais de R$ 50,00. Toda segunda-feira ele chega à feira do fumo por volta das 5 horas da manhã. Nesta segunda-feira, dia 4, até as 7h30 ele havia apurado apenas R$ 5,00.
"Agora o movimento está fraco, mas a tendência é melhorar e eu vou apurar mais um trocadinho até o meio-dia. Mas, quando o movimento é bom eu saio daqui satisfeito. Essa é a minha vida", afirmou seu Oliveira com um sorriso estampado no rosto.

Aos 50 anos, José Cláudio da Silva também leva a balança para fazer a pesagem dos fumos negociados e também comercializa o produto. Ele cobra R$ 2,00 por pesagem e negocia o fumo de bucha para o consumo por R$ 7,00 o quilo.
"O fumo é uma cultura de subsistência que vai sempre existir. Essa é a nossa vida em Arapiraca e não vai acabar não", disse categoricamente José da Silva.
Crise e sobrevivência
Arapiraca produz o fumo de rolo, usado em cigarros de palha desde os anos 60. De acordo com o Censo Agropecuário de 1995, o IBGE (Instituo Brasileiro de Geografia e Estatísticas), Alagoas aparecia com cerca de 10% do total de produção brasileira de fumo. Em 2013, a produção caiu para 3%.
Atualmente, segundo a Secretaria Municipal de Agricultura, existem 13 mil hactares de fumo na cidade e no entorno do município. Em 1985, a área produzida era o dobro. Essas informações também constam nos dados do IBGE.
Mesmo dando espaço a outras culturas como a mandioca, o feijão, o milho, o fumo sempre será reconhecido pelo seu legado de ter prosperado Arapiraca para o que ela representa hoje. Uma cidade próspera que figurou na lista das que mais empregam e mais crescem no interior do nordeste brasileiro.
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