Evangélicos arrecadam R$ 12 mil para reconstruir terreiro de candomblé incendiado
Um grupo de evangélicos ajudou praticantes do candomblé a recuperarem um terreiro incendiado em 2014, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. A Polícia investiga o crime como intolerância religiosa, porém, até esta data, nenhuma pessoa foi presa ou identificada. Os evangélicos levantaram R$ 12 mil para as obras após o local ser parcialmente destruído.
O terreiro de Conceição d’Lissá existe há 17 anos com diversos encontros de praticantes do candomblé, religião com raízes africanas. A pastora Lusmarina Campos, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, foi ao local com alguns fiéis em 2014 e ajudou Conceição a retirar entulhos e limpar o terreiro, que ficava no segundo andar.
Após a ajuda, a pastora decidiu que era preciso fazer mais. Com isso, teve início a campanha para arrecadar o dinheiro. “Logo que a gente ouviu sobre a destruição do terreiro, eu pensei: ‘Se em nome de Cristo eles destroem, em nome de Cristo nós vamos reconstruir’. É extremamente importante dar um testemunho positivo da nossa fé, porque o Cristo que está sendo utilizado para destruir um terreiro está sendo completamente mal interpretado”, conta Lusmarina em entrevista a BBC Brasil.
O incêndio foi o oitavo ataque ao local. Anteriormente, o terreiro e a casa de Conceição foram alvo de tiros. Além disso, três carros de fiéis do culto foram incendiados. A Polícia não conseguiu identificar nenhum dos autores de todos os crimes cometidos contra o terreiro. Com isso, Conceição resolveu reforçar a segurança para tentar se proteger por conta própria.
A Polícia e Conceição d’Lissá tratam o crime como intolerância religiosa. “Não há roubo de televisão, rádio, uma porção de coisas que poderiam usar para fazer dinheiro. Não levam nada, só destroem”, comenta a dona do terreiro.
Em 2017, no Rio de Janeiro, foram registrados 71,5% dos casos de intolerância religiosa contra grupos de raízes africanas, de acordo com a Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos. Os crimes de ódio contra fiéis do candomblé e umbanda estão presentes em outras localidades do Brasil. No país, são 600 mil pessoas com crenças africanas, de acordo com o Censo de 2010.