Municípios gaúchos se oferecem para receber imigrantes da Venezuela
Imigrantes qualificados ficarão em abrigos até arrumarem trabalho
Na semana em que o Rio Grande do Sul recebeu o maior número de imigrantes venezuelanos vindos de Roraima, outras duas cidades gaúchas se ofereceram para acolher novos refugiados nos próximos dias. O anúncio foi feito nessa sexta-feira (14) durante visita do ministro do Desenvolvimento Social, Alberto Beltrame, que foi até Canoas conhecer as condições dos abrigos.
“O prédio [onde está funcionando o abrigo] foi pintado e arrumado. A impressão dos venezuelanos é de abrigo e gratidão. A gente pode ver no olhar de cada um deles a gratidão que sentem pelo povo brasileiro, e aproveitamos esse momento para sensibilizar mais prefeituras para que também ofereçam acolhimento aos venezuelanos”, afirmou.
Ao todo, a expectativa era de que o estado participasse do processo de interiorização recebendo 646 estrangeiros, mas esse número deve aumentar com a oferta dos prefeitos de Chapada e Cachoeirinha para receber mais imigrantes.
Nessa quarta (12) e quinta-feira (13), 377 imigrantes desembarcaram em Canoas e Esteio. Com mais essa transferência, o governo federal chega à interiorização de 1.884 venezuelanos desde que a grave crise no país vizinho aumentou o fluxo migratório em direção a Roraima, estado que faz divisa com a Venezuela.
As cidades que aderiram à iniciativa vão receber, até o fim do mês, 130 imigrantes. O prefeito de Santo Antônio da Pampulha também sinalizou interesse e terá as condições para acolhida analisadas pelo governo federal. Para que sejam transferidos, os venezuelanos precisam ser vacinados, fazer exames de saúde e adquirir carteira de trabalho regularizada no Brasil.
Qualificação profissional
Segundo o ministério, a União já repassou cerca de R$ 1 milhão a Canoas e R$ 530 mil a Esteio, para despesas referentes à manutenção dos abrigos e assistência social. Daqui pra frente, a tarefa é selecionar agências e secretarias de trabalho que auxiliem no ingresso dos venezuelanos no mercado. A maioria possui Ensino Médio completo e muitos são qualificados. Dentre os que já chegaram ao estado, estão advogados, paramédicos, enfermeiros e professores.
Mas foi do chef de cozinha Adrian, que havia chegado antes a Esteio, a ideia de promover um jantar para a chegada das famílias na noite de ontem (13). Ele e outros sete venezuelanos se ofereceram para organizar o evento com o objetivo de “dar um pouco de motivação e apoio” aos recém-chegados. “Quero estabilidade, um trabalho digno, como qualquer pessoa desejaria ter, e exercer minha profissão. Estou muito agradecido às pessoas de Esteio. Já fiz uma entrevista de emprego e estou esperando resposta”, disse.
A ajuda financeira repassada pelo governo federal se refere a uma média de R$ 400 por venezuelano, repassados mensalmente. A partir de agora, começa o trabalho de Assistência Social nos municípios. Os prédios onde funcionam os alojamentos eram anteriormente alugados por empresas que recebiam funcionários de fora da cidade durante temporadas. Em Esteio, Alberto Beltrame visitou os abrigos de Farroupilha e o Veneto e Veneza.
“O Rio Grande do Sul está dando uma demonstração de civilidade, acolhimento e solidariedade. É o estado que até agora mais recebeu imigrantes em todo o país. Esse movimento de interiorização ajudou enormemente o processo lá em Roraima, diminuindo a tensão nas ruas, nos permitiu retirar mais de 300 pessoas que moravam na rua em Boa Vista, para dentro de abrigos, melhorando a qualidade de vida deles”, disse.
Para o prefeito de Chapada, o objetivo é proporcionar as condições para que as pessoas deixem os abrigos e possam alugar sua própria casa. “Queremos estar inseridos nessa ação humanitária. Tenho certeza que no nosso município os venezuelanos virão para ficar, vamos conseguir colocá-los no mercado de trabalho e eles poderão ter reinício às suas vidas”, declarou.