Concatedral do Bom Conselho e a história da fé do povo arapiraquense
Paróquia que comemora jubileu de 75 anos foi tema de documentário lançado nesta quarta (23)
A concatedral de Nossa Senhora do Bom Conselho foi inaugurada há 34 anos e continua sendo um dos mais bonitos e imponentes monumentos de Arapiraca e símbolo da fé católica do município. No ano em que Arapiraca completa 95 anos de emancipação política e a paróquia de Bom Conselho completa jubileu de 75 anos, a história da concatedral virou filme no Projeto Raízes, lançado na noite desta quarta-feira (23) no Cinesystem e também é tema de reportagem especial do 7Segundos que neste mês de outubro traz uma série de matérias sobre Arapiraca.
O templo localizado no Largo Dom Fernando Gomes tem apenas 34 anos de inaugurado, mas a história da paróquia de Nossa Senhora do Bom Conselho começa quando o fundador de Arapiraca, Manoel André, que construiu a primeira igreja no povoado, no ano de 1864, em cima do túmulo de sua esposa, Maria Valente, que até a construção da concatedral, era a matriz da paróquia, localizada no calçadão da praça Manoel André, hoje conhecida como igreja do Santíssimo.
Os moradores da comunidade, que se reuniam na igreja para rezar eram devotos de Nossa Senhora e Manoel André encomendou uma imagem de Nossa Senhora da Guia, a um artesão no município de Bom Conselho (PE). O fundador foi a cavalo buscar a imagem e, no caminho de volta, foi conduzido por uma comitiva de cavaleiros desde Palmeira dos Índios. A imagem foi recebida com festa, banda de pífanos e fogos e as pessoas comemoravam: "Viva Nossa Senhora do Bom Conselho".
Hoje, o caminho de volta feito por Manoel André trazendo a imagem é refeito todos os anos por mais de uma centena de cavaleiros na Cavalgada da Padroeira, que chega a Arapiraca no dia 02 de fevereiro, considerado o dia da padroeira de Arapiraca. Nesta data, no ano de 1865, o padre Otávio Oliveira rezou a primeira missa na igreja construída por Manoel André, que foi batizada de matriz de Nossa Senhora do Bom Conselho.
Conforme Evânia Albuquerque, que é coordenadora de marketing da Concatedral, a "igreja do comércio", ou a "matriz velha", como é conhecida hoje por muitos anos contiunou sendo a principal igreja do município e foi a primeira sede paroquial de Arapiraca, quando houve o desligamento da paróquia de Limoeiro de Anadia, em 1944, há exatos 75 anos atrás e motivo de agora, em 2019, estar sendo comemorado o jubileu da paróquia de Nossa Senhora do Bom Conselho.
Em 1953, a concatedral começou a ser construída, no local onde antes existia um cemitério. O alvará de construção foi dado pelo então prefeito Coaracy da Mata Fonseca. Na época, o vigário da paróquia era monsenhor Epitácio Rodrigues e com Hildebrando Mendes Costa se tornou cônego e foi o segundo pároco da concatedral.
Quando as paredes e os pliares começaram a ser levantados, o então cônego Hildebrando percebeu que havia problemas na estrutura e convidou o monsenhor José Soares, de Penedo, para fazer uma visita à obra. O religioso, que era conhecido por entender de grandes construções e por ter coordenado a construção da catedral de Aracaju condenou a obra. Disse que 90% do que havia sido construído até ali corria grandes chances de desabar.
Devido o risco, monsenhor Epitácio autorizou que a estrutura fosse derrubada e a obra foi retomada somente em 1973. Dom Hildebrando, mais uma vez teve papel fundamental na construção da concatedral, principalmente na busca por doações para a continuidade da obra. Quando a rádio Novo Nordeste foi fundada, em 1976, o religioso passou a apresentar o programa "Construir e Comunicar", que tinha como objetivo arrecadar recursos e também divulgar os nomes dos doadores. A prática se tornou tradição e durante muitos anos, mesmo depois da inauguração da concatedral, o costume de ler o nome dos doadores eram lidos ao final da transmissão da missa pela emissora de rádio.
A construção da concatedral levou 12 anos e foi inaugurada em 1985, quando monsenhor Aldo de Melo Brandão já era pároco da cidade. Hoje, a concatedral de Nossa Senhora do Bom Conselho continua fazendo parte da programação dos festejos da emancipação política de Arapiraca, como um símbolo da fé do povo nascido na terra de Manoel André.