Saúde

Evite amputação, médico alerta sobre os cuidados com o pé em diabéticos

Campanha de prevenção de amputação de pés diabéticos acontece em Penedo

Por Taísa Bibi 06/12/2019 18h06
Evite amputação, médico alerta sobre os cuidados com o pé em diabéticos
No Brasil 150 mil pessoas diabéticas são amputadas por ano - Foto: Divulgação

O diabetes mata 5 milhões de pessoas por ano no mundo, parte dessas mortes acontece por causa da amputação de membros, como pés e pernas. No Brasil 150 mil pessoas diabéticas são amputadas por ano. A partir daí o médico angiologista e cirurgião vascular, Dr. Josué Medeiros, faz um alerta “é necessário olhar para o pé como olhamos para o nosso rosto”.

Em 2015, quando Dr. Medeiros fazia parte do HGE (Hospital Geral do Estado) em Maceió, observou o grande número de amputações em diabéticos feitos na unidade hospitalar, e então reuniu colegas e iniciou a campanha Dezembro Verde, com o objetivo de alertar a população para o pé diabético. O especialista realiza a campanha todos os anos, desde então.

“Queremos levar educação para a população através da mídia, e assim conseguir atingir o máximo de pessoas possíveis para que elas aprendam o que é o pé diabético e assim possam se cuidar”, explica Dr. Josué Medeiros.

O que é o Pé Diabético?

Pé diabético é uma síndrome que acontece no paciente diabético. “A glicose alta no sangue classifica o paciente como diabético, a glicose alta sem tratamento começa a fazer mal aos tecidos. Nesse caso a glicose está alta no sangue mas está baixa no resto do corpo, quando falta insulina no sangue, a gente tem o diabético, porque é a insulina que se encarrega de carregar essa glicose que está dentro do vaso para a pele, as unhas, o coração. Na falta de insulina a glicose fica presa no vaso, diminuindo a quantidade de glicose nos tecidos”, explica o especialista.

“Essa falta de glicose vai fazer com o que tecido fique fraco e perca força, com esse excesso de glicose o sangue vai fazer com que o vaso queime, queimando também os nervos. Quando os nervos queimam, vem o ardor, depois a dormência e as vezes o paciente fica anestesiado, não sente mais nada”, informa Dr. Josué Medeiros.

De acordo com o médico, como o paciente diabético sem tratamento fica sem sentir a região, pode ocasionar de pisar em um prego, gerar uma ferida que não cicatriza por conta da falta de glicose no tecido, e aí “vai fazer com que o paciente corra o risco de fazer uma raspagem ou até de perder uma perna por conta de uma furada de prego”.

Como cuidar do pé diabético

Dr. Josué Medeiros explica que o cuidado acontece “olhando para o pé, se a pessoa cuidar do pé igual cuida do rosto está tudo certo. O pé é um local que colocamos no sapato e só olhamos pra ele a noite, o pé leva topada, pisa em tudo e ninguém cuida do coitado”.

O diabético, por não ter essa sensibilidade, se torna um paciente de alto risco para amputação, porque a falta da dor, faz com que não haja cuidados.

De acordo com o especialista os cuidados devem ser:

- Olhar para o pé;

- Colocar o pé no espelho e ver a sola;

- Verificar a presença de calos;

- Cortar as unhas quadradas para que não encravem;

- Usar sapatos seguros, macios em cima e rígidos em baixo para não serem perfurados;

- Após o banho enxugar os dedos, limpar entre as unhas para evitar a criação de fungos;

- Evitar cortes;

- Cuidar das rachaduras;

- Limpar bem.

“Se eu cuido de mim, olho pra mim como um todo, colocando o pé como integrante principal do meu corpo, nunca vai acontecer o mal de uma ferida, e dessa ferida fazer com que possa acontecer uma amputação e infelizmente até acontecer de uma morte”, explica Dr. Medeiros.

A campanha

“Sou um exército de homem só, preciso de ajuda, a campanha não será mais Estadual. Em Penedo os gestores colocaram a campanha no calendário municipal, até o ano passado a campanha estava em todo o Estado”, afirma o especialista.

O poder da campanha rendeu matéria no Programa Bem Estar, da Rede Globo, esse ano a campanha do médico acontece na cidade de Penedo, região do baixo São Francisco de Alagoas.

Ainda segundo o especialista falta informação e incentivo do poder público. “O problema não está no hospital que amputa, mas na saúde pública deficitária, no PSF que é mau feito por exemplo, o paciente não está assistido. Precisa de políticas púbicas e conscientização e educação da população”.