Antibiótico barato criado há mais de 50 anos reverte início de osteoporose
Pesquisadores brasileiros descobriram que a doxiciclina também remodelou ossos em animais com o problema
Remédio barato, usado como antibiótico há mais de 50 anos, consegue reverter quadro inicial da osteoporose, a osteopenia. O achado é da equipe da USP campus de Ribeirão Preto e da Unesp em Araçatuba e foi publicado em edição da revista “Scientific Reports”, do grupo Nature. No artigo, os pesquisadores descrevem que a doxiciclina paralisa “a reabsorção óssea e, ao mesmo tempo, promove remodelação do osso em animais afetados pelo problema”.
Fellipe Augusto Tocchini de Figueiredo, pesquisador da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP) da USP e responsável pelo estudo, conta que trataram um modelo animal de osteopenia (ratas) com 20 mg de doxiciclina, duas vezes ao dia (dose com efeito anti-inflamatório; a dose antibiótica é de 100 mg/dia). A osteopenia é considerada a fase anterior da osteoporose, quando existe diminuição da massa óssea considerada normal.
Os resultados, após seis meses de tratamento, mostraram que a subdose de doxiciclina impede a degradação, ao mesmo tempo que promove formação de novo tecido ósseo. O modo como a droga realiza esse reparo ainda é incerto, mas o estudo sugere que a medicação “leva minerais, como cálcio, magnésio e zinco, do soro sanguíneo para os ossos, enriquecendo-os. Dando uma espécie de complexo mineral para ficarem mais fortes”, diz Figueiredo.
A pesquisa é fruto do doutorado de Figueiredo, que trabalhou nos Laboratórios de Pesquisa Morfológica e de Histotecnologias da FORP sob orientação do professor João Paulo Mardegan Issa. Para o estudo, também usou laboratórios da Bioengenharia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e da Faculdade de Odontologia da Unesp de Araçatuba. Além de Figueiredo e do professor Issa, integram a equipe a professora Raquel F. Gerlach e o pesquisador Dimitrius L. Pitol, da FORP; o professor da Unesp Edilson Ervolino e a pesquisadora da FMRP Roberta C. Shimano.
Envelhecimento da população estimula pesquisas
Mulheres após a menopausa e pessoas idosas, por exemplo, podem sofrer com a redução da massa dos ossos não acompanhada da natural renovação desses tecidos. Asseguram os especialistas que, nessas pessoas, a osteopenia é tida como um alerta para a futura osteoporose, esta sim responsável pelo aumento do risco de fraturas ósseas.
O envelhecimento da população e consequente aumento dos casos de osteoporose levam autoridades de saúde a indicar dietas balanceadas e práticas de exercícios físicos como prevenção da doença. Mas respostas medicamentosas de baixo custo são bem-vindas e o pesquisador da USP acredita estar no caminho certo, por isso as pesquisas com a doxiciclina.
A ciência já conhecia o efeito da doxiciclina sobre a remodelação óssea; como “é uma molécula com forte afinidade ao cálcio, a droga tem ação no equilíbrio entre formação e reabsorção de osso”, comenta o pesquisador. A novidade agora é o “potencial de reverter a osteopenia, o que seria extremamente benéfico para a sociedade, caso seja confirmado em humanos”.
A reabsorção óssea é uma ação natural do organismo, que degrada o tecido do osso para renová-lo. Esta atividade é induzida por enzimas chamadas Metaloproteinases da Matriz (MMPs) – moléculas do organismo que deterioram substâncias que constituem os ossos. “Em patologias ósseas, como a osteoporose, estas enzimas estão aumentadas em número, indicando que há um processo inflamatório presente”, conta o pesquisador.
E a doxiciclina age justamente inibindo a ação dessas enzimas. No caso deste estudo, os pesquisadores verificaram que a droga impediu que as MMPs destruíssem o colágeno que compreende grande proporção dos ossos. O tratamento com as subdoses controlou a “inflamação e facilitou a remodelação óssea normal” nos animais com osteopenia.
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