Polícia

Marinha vai levar 16 mil cestas básicas para a Ilha de Marajó

Algumas cidades estão entre aquelas com os piores IDHs do país

Por Agencia Brasil 13/06/2020 08h08
Marinha vai levar 16 mil cestas básicas para a Ilha de Marajó
Marinha vai levar 16 mil cestas básicas para a Ilha de Marajó - Foto: Agencia Brasil

Banhado pelo Oceano Atlântico e pelos rios Amazonas e Tocantins, o arquipélago de Marajó (PA) tem quase 50 mil quilômetros quadrados, uma extensão territorial maior que a Bélgica, por exemplo. São 16 municípios e problemas imensos, como a pobreza, a falta de emprego e renda, gravidez precoce de adolescentes e a exploração sexual infantil.

“É uma localidade onde há carência de tudo. Os moradores vivem sem cidadania. E, por isso, delitos contra a infância e a juventude são comuns. Não há justiça”, diz a paraense Marisa Romão, assessora da Secretaria de Igualdade Racial, com a propriedade de quem conhece bem a região. 

Foi pensando em olhar com mais atenção para a população isolada do arquipélago que o programa Abrace o Marajó foi criado e incorporado ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Nesta sexta-feira (12), o Navio Auxiliar Pará, da Marinha Brasileira, partiu da Base Naval de Val de Cães, em Belém, levando mais de 15 mil cestas básicas para serem distribuídas para famílias que estão cadastradas nos programas sociais do governo (CadÚnico) nas cidadezinhas de Afuá (38 mil habitantes) e Chaves.

As cestas foram montadas em São Paulo, numa parceria do ministério com a rede Carrefour e a Associação Paulista de Atacadistas e Supermercadistas (Apas).

“Marajó não será só uma ilha cercada de água por todos os lados, quando o navio auxiliar chegar até lá, ela será uma ilha cercada de solidariedade por todos os lados”, disse o comandante Robledo de Lemos Costa e Sá, do Grupamento de Patrulha Naval do Norte.

Navio da Esperança

Domingo, quando o velho catamarã – construído em 1982 – chegar até as cidadezinhas, ele será visto como o “Navio da Esperança” para milhares de famílias.

“São pessoas humildes, mas muito amigas. Elas aguardam a chegada do navio, até porque se nessa missão estamos levando cestas básicas, em outras, houve atendimento médico e odontológico dentro do navio. Aqui se faz mamografia, exames e há até farmácia para retirada dos medicamentos prescritos”, disse o comandante do Navio Auxiliar Pará, Ribeiro Costa, que já foi quatro vezes à cidade de Afuá.

Municípios esquecidos

Para quem mora nos municípios da parte oriental da Ilha de Marajó, mais próxima de Belém, a viagem é, relativamente rápida. Há duas empresas que fazem a operação do terminal hidroviário da capital paraense até a Ilha de Marajó via balsas, em três horas e meia. Para quem tem mais condições, é possível embarcar num catamarã expresso, que faz a mesma viagem em duas horas.
 
Porém, há vários municípios ribeirinhos, mais distantes de Belém, que acabam ficando  mais esquecidos. Estão longe do movimento de turistas e longe dos recursos que essa atividade econômica propicia.

É o caso de Melgaço, cidade de 26 mil habitantes às margens do Rio Tajapuru, que tem o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre os mais de 5,6 mil municípios do país. “São oito cidades da Ilha de Marajó que estão entre os 50 piores IDHs do Brasil”, disse Marisa Romão. 

Em outros municípios, como Chaves, de 23 mil habitantes – um vilarejo cercado por uma praia de areia amarela e água doce -, sequer há uma agência lotérica para os moradores sacarem o dinheiro do Bolsa Família ou do auxílio emergencial do governo. 

Visita da primeira-dama

Na segunda-feira (15), a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, e a primeira-dama Michelle Bolsonaro chegarão a Marajó, onde participarão da entrega das cestas básicas em Afuá e na zona rural do Rio São Cosmo. 

Depois, a ministra e a primeira-dama irão até o município de Muaná (40 mil habitantes), onde dois navios – um do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e outro da Caixa Econômica Federal – estarão atracados, participando de ações de pagamento de benefícios sociais à população insular.