Agricultura

Com inverno chuvoso, fumicultura espera safra melhor que a de anos anteriores no Agreste

Apesar da pandemia ter afetado negócios, área plantada no Agreste aumentou

Por Patrícia Bastos/ 7Segundos 28/07/2020 06h06
Com inverno chuvoso, fumicultura espera safra melhor que a de anos anteriores no Agreste
Chuvas animaram agricultores e área plantada de fumo aumentou - Foto: 7Segundos

O inverno mais chuvoso dos últimos anos no Agreste é motivo de comemoração para os produtores rurais. As chuvas, que começaram a cair no mês de março animou muitos agricultores familiares a plantar ou a aumentar a área plantada de fumo este ano. E as expectativas são boas:

“Já podemos dizer que a safra deste ano vai ser melhor que a do ano passado e, se continuar chovendo como agora até o mês de agosto, teremos também uma safra muito melhor em termos de qualidade”, explica o agricultor José Humberto da Silva, que é diretor do Sindicato dos Agricultores Familiares de Arapiraca e também produtor de fumo.

Segundo ele, a percepção geral é de que houve um aumento na área plantada de fumo em Arapiraca, Feira Grande, Lagoa da Canoa, Girau do Ponciano e Craíbas, que já está inserida na região semiárida.

Além de o período chuvoso ter começado em março, também contribui para a fumicultura o fato de as chuvas serem distribuídas - fracas e de longa duração, porque nutrem a planta do fumo sem levar embora os nutrientes do solo, o que proporciona plantas com folhas mais largas e resistentes.

“Entre o mês de agosto até o dia 15 de setembro, começa a fase da colheita e da secagem do fumo nos varais. Neste período, a gente espera que não chova mais para não prejudicar o processo”, declarou.

De acordo com medições pluviométricas feitas pela Secretaria de Desenvolvimento Rural de Arapiraca, até o final no mês de junho, o município já havia atingido 90% da média de chuvas para todo o ano.
Para alguns agricultores, a quantidade de chuvas já é mais do que suficiente, como é o caso de Rogério Bastião, da Vila Aparecida.

Ele já começou a colheita de fumo agora torce para o fim das chuvas. “Conseguimos uma boa safra, as perdas só vão acontecer se as chuvas continuarem e se vierem fortes”, declarou.

Preço

Os agricultores agora mantém um olho no céu e um olho no mercado. Com a pandemia, as feiras de fumo passaram a ter movimento reduzido e a indústria também diminuiu a aquisição da produção fumageira. Mesmo assim, Rogério Bastião afirma que se o fumo mantiver o preço atual, em torno de R$ 7 a R$ 8 a folha in natura, e de R$ 20 a R$ 23 o fumo de rolo de boa qualidade, o investimento feito no cultivo irá render lucros razoáveis.

“A gente espera que o movimento da feira vá melhorando aos poucos e quando esse fumo que estamos colhendo agora for para o comércio, daqui um ano ou um pouco mais, o preço esteja igual ou melhor”, declarou.

O dirigente sindical José Humberto é bem realista neste quesito. Segundo ele, a pandemia afetou o escoamento e comércio da produção agrícola de maneira geral, e com o fumo não foi muito diferente.

“Os compradores sumiram das feiras, e os caminhões, que a gente via passar a toda hora, são poucos por semana. A pandemia provocou uma redução nas fábricas e no transporte. Com isso tudo, o preço do fumo caiu uns meses atrás e muita gente que tinha fumo de boa qualidade acabou tendo que vender barato para poder plantar de novo”, relata.

O agricultor lembra que o preço final do fumo leva em consideração a oferta e a procura. Em anos em que há pouco fumo, a tendência é que ele seja vendido a um preço mais alto. E o contrário também acontece. “Dizem, não sei se é verdade, que há uma sobra em torno de 5 mil toneladas de fumo. Se isso for verdade, o volume de negócios pode diminuir e o preço também. Mas, por outro lado, provavelmente teremos um produto com qualidade muito superior a dos anos anteriores, e isso puxa o preço para cima. Por isso a gente espera, nas piores hipóteses, que o preço se mantenha no mesmo patamar de hoje, que gera lucro razoável”, concordou.

Feijão


As chuvas distribuídas ao longo dos últimos meses no Agreste não foram motivo de comemoração apenas para os fumicultores. Para os produtores agrícolas, dos pequenos aos grandes, chuva nunca é motivo para reclamar.

As culturas agrícolas, de maneira geral, foram afetadas positivamente pelo período chuvoso, apesar de o feijão “não gostar” quando as temperaturas ficam mais baixas, como aconteceu em algumas regiões de Arapiraca e cidades vizinhas. “Para o feijão se desenvolver bem precisa ter chuva e ter temperatura alta também e como o clima esfriou em algumas regiões, ouvimos reclamações de produtores que o frio está afetando a produção”, ressaltou.