A liberdade de Arapiraca foi fruto de muito suor e perseverança do comerciante Esperidião Rodrigues, que lutou durante anos pela emancipação política do então povoado de Arapiraca.

QUEM FOI O EMANCIPADOR?

Esperidião Rodrigues nasceu em 16 de julho de 1858 na Vila de Cacimbinhas, mas veio morar no povoado agrestino com apenas seis meses de vida, junto a seu pai, José Veríssimo Nunes dos Santos, e sua mãe, Ana Maria da Silva Valente.

Casou-se pela primeira vez em 1875, quando tinha apenas 17 anos, com sua prima Joana Belarmina de Macêdo, com quem teve sete filhos.

Em 1897, já viúvo, Esperidião casou-se pela segunda vez, com Balbina Farias de Melo, com quem teve nove filhos. Em 1936, casou-se pela terceira vez, com Maria Rodrigues, com quem não teve filhos.

ANTES DA EMANCIPAÇÃO

Esperidião tinha o sonho de montar uma casa de negócio e sempre que levava cargas de algodão para serem vendidas em Penedo, cidade do Baixo São Francisco alagoano, voltava com tecidos e outras mercadorias para poder vender em sua loja.

Em 1880, Esperidião tornou-se o primeiro comerciante do povoado de Arapiraca e quatro anos mais tarde ele deu início aquela que seria, por muito tempo, a principal fonte de economia da região: a feira livre de Arapiraca.

Bem articulado, Esperidião Rodrigues, que era major, já participava da administração de Limoeiro de Anadia, cidade-mãe de Arapiraca. Dentre suas primeiras conquistas está a implantação de uma escola pública municipal em 1891 e de uma agência dos Correios em 1892. Neste mesmo ano, Esperidião também conseguiu instalar o Distrito Civil de Arapiraca, com a criação do Cartório de Registros de Nascimentos.

Em 1908, o político comprou instrumentos musicais na França e criou uma escola de musical e uma orquestra, que um ano mais tarde já embelezava as festas.

Em 1912, Esperidião foi eleito presidente do Conselho de Limoeiro, e favoreceu Arapiraca com a criação de mais uma escola.

Três anos mais tarde Esperidião foi eleito Intendente de Limoeiro e, em 1918, seu último ano no cargo, ele criou o Tiro de Guerra em Arapiraca, que já se considerava um lugar independente, faltando “apenas” a emancipação e a freguesia eclesiástica.

LUTA INCANSÁVEL PELA EMANCIPAÇÃO

Em outubro de 1914, Esperidião Rodrigues seguiu a cavalo para a capital alagoana, Maceió, com o objetivo de manter contato com as autoridades do estado para que o processo de emancipação tivesse trâmite legal e fosse votado pelos deputados. Mas o tempo de espera foi longo e cansativo.

Numa peregrinação diária que durou 40 dias, Esperidião comparecia ao Palácio do Governo. Ao se aproximar, as secretárias já apontavam: “Lá vem o homem dos olhos azuis”.

Em uma dessas idas, Esperidião encontrou o deputado Odilon Auto, de quem conseguiu a aprovação de assinar a proposta apresentada. Mas não dependia só dos deputados. O secretário da Fazenda, que na época era o Castro de Azevedo, tinha que autorizar.

Apesar de intransigente e alegar que Limoeiro de Anadia seria prejudicada, Castro disse a Esperidião: “Não prometo trabalhar pela emancipação de sua terra, mas prometo não criar dificuldade às suas pretensões”.

Neste mesmo dia o processo subiu para plenário e recebeu voto favorável.

Em 31 de maio de 1924, o sonho parecia que, enfim, se tornaria realidade. Através de um telegrama, o então governador Fernandes Lima, informa a Esperidião Rodrigues sobre a sanção da lei que torna Arapiraca uma cidade independente. Confira o texto na íntegra:

Coronel Esperidião Rodrigues 

Arapiraca – Limoeiro 

Acabo de sancionar Projeto Lei criando o município de Arapiraca que cuja população laboriosa, adiantada e progressista, congratulo por intermédio amigo, grande incansável paladino dessa conquista, que representa ato de justiça aos poderes públicos a um povo que se levanta por si próprio, que tem iniciativa e que progride.

Cordiais saudações

Ass. Fernandes Lima

Governador do Estado.

Entretanto, apesar da sanção do governador, ainda tinha uma trajetória burocrática a seguir. Como o governador José Fernandes de Barros Lima passou o cargo para o dr. Pedro da Costa Rego no dia 12 de junho de 1924, coube a nova gestão a honra de no dia 30 de outubro, com festa, empossar a Junta Governativa de Arapiraca e declarar sua verdadeira Emancipação.

Naquela ocasião, Arapiraca se tornou cidade contando com uma área de 614 km² e com uma população de pouco mais de 15 mil habitantes.

PRIMEIRO PREFEITO

A história não poderia ter rumo diferente. Em 1º de janeiro de 1925, Esperidião Rodrigues é designado, através de voto popular, o primeiro prefeito de Arapiraca, tendo como seu vice José Zeferino de Magalhães. O mandato durou até 1928.

Em 1930, Esperidião foi eleito prefeito pela segunda vez, tendo como vice Antonio Romualdo. A dupla seguiu no comando até 1932, quando aconteceu a Revolução Constitucionalista e a partir daí os prefeitos passaram a ser nomeados pelos interventores.

A foto de Esperidião Rodrigues é a primeira a ilustrar a Galeria de Prefeitos, que recentemente foi remanejada e está em exposição fixa no Centro Administrativo Antônio Rocha, no bairro Santa Edwiges.

Obs.: Algumas informações históricas estão descritas em textos no site da Prefeitura de Arapiraca.