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Retrato da fome: "Não tenho o que comer hoje. Só tem água na geladeira", afirma carroceiro

Carlos Henrique está com a carroça quebrada e não tem dinheiro para consertá-la

Por 7Segundos 18/11/2021 12h12 - Atualizado em 18/11/2021 15h03
Retrato da fome: 'Não tenho o que comer hoje. Só tem água na geladeira', afirma carroceiro
Carroceiro passa fome porque carroça quebrou e ele não consegue trabalhar - Foto: Cortesia ao 7Segundos

A alta inflação que assola o país reduziu o poder de compra da maioria da população e o número de pessoas em situação de miséria tem aumentado. De acordo com a Fundação Getúlio Vargas, o número de pobres quase triplicou no período de agosto de 2020 a fevereiro de 2021: passou de 9,5 milhões para 27 milhões.

O carroceiro Carlos Henrique da Silva, 49 anos, que mora no Residencial Brisa do Lago faz parte dessas estatísticas. Em entrevista ao Portal 7Segundos o carroceiro afirmou que mora com a esposa e cinco filhos, dentre estes, três maiores de idade. Nenhum deles tem emprego de carteira assinada, e vivem apenas de bicos.

A principal fonte de renda das sete pessoas da família vinha de um carrinho de mão. Carlos Henrique ganhava uns trocados fazendo "carregos" em feiras livres da cidade. Mas nem mesmo com esses trocados a família pode contar atualmente. Há mais de um mês a carroça está com um dos braços quebrados e com a roda danificada. Se falta dinheiro para comprar alimentos, falta também para consertar a carroça, que agora vive encostada em um canto da sala. 


Mesmo sendo beneficiário de programa federal de transferência de renda, o dinheiro é insuficiente para alimentar toda a família durante o mês e a fome virou uma realidade.

"Eu não tenho nada para comer hoje. Só tem água aqui em casa", afirmou o carroceiro durante a entrevista. Ele conta, com um pouco de vergonha e tristeza, que a esposa chegou a desmaiar de fome na rua. 

Na semana passada, sem nenhum alimento disponível dentro de casa, a mulher dele foi até um posto de combustível e pediu aos funcionários para tomar um daqueles cafezinhos que costumam ser oferecidos aos clientes, mas acabou passando mal em seguida. Ela desmaiou e precisou ser amparada pelos funcionários do posto.

Quando conseguem algum alimento, a família mal tem condições de preparar. É que o botijão de gás acabou faz tempo e agora eles usam lenha em um fogão improvisado dentro de casa, correndo risco de causarem um incêndio.

Carroça quebrou e Carlos Henrique não tem dinheiro para o conserto 

Carlos Henrique conta que chegou a ir ao Centro de Referência em Assistência Social (Cras) para ver se conseguia uma cesta básica, mas saiu de lá com as mãos vazias. De acordo com a assessoria de comunicação da prefeitura, os usuários dos serviços do Cras precisam atualizar os dados no Cadastro Único. Só quem atende os requisitos do CadÚnico é que recebe as cestas. 

Enquanto a situação não é resolvida, a família faz um apelo pela solidariedade das pessoas e pede doações em alimentos ou em dinheiro para consertar a carroça. Quem puder ajudar, pode entrar em contato pelo telefone: (82) 99664-8986 e falar com o filho de Carlos Henrique. Ou se preferir, pode entregar algum donativo na própria residência do carroceiro localizada no conjunto Btisa do Lago, na Rua Quadra H, lote 10, nº 273 , depois do Cras, bairro Olho d'Água dos Cazuzinhas.