Alagoas

Número de jovens utilizando cigarros eletrônicos preocupam autoridades de saúde pública

A comercialização de vapes e seus subprodutos é proibida no Brasil

Por Erick Balbino/7Segundos 09/07/2022 08h08
Número de jovens utilizando cigarros eletrônicos preocupam autoridades de saúde pública
Cigarros eletrônicos viraram moda entre os jovens - Foto: Reprodução/Freepik

O comportamento de uma grande parte dos frequentadores do Lago da Perucaba nos dias de São João gerou uma preocupação para Saúde Pública: o uso indiscriminado de cigarros eletrônicos, equipamentos que tem comercialização proibida no Brasil.

Quem passa pelos bares de Arapiraca durante a noite, por exemplo, fica impressionado com o tanto de vapor que sai da boca dos jovens.

"Parece que a galera pirou nesses dois anos sem festas. Durante os show lá na Perucaba dava agonia ficar no meio da multidão, que jogava a fumacinha na nossa cara o tempo todo. Tinha muita gente usando cigarro eletrônico", disse a estudante universitária Erika Vilela.

Febre entre os mais jovens, os vapes, como também são conhecidos, tem causados controvérsias entre usuários e a comunidade médica. Os aparelhos, apesar de serem facilmente encontrados em Arapiraca, não podem ser comercializados desde 2009, após uma decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por não possuírem segurança comprovada e trazerem riscos à saúde.

O equipamento eletrônico funciona como um vaporizador, que em vez de utilizar combustão, possui um cartucho onde o usuário coloca um líquido com nicotina diluída em água, aromatizantes e várias outras substâncias químicas, a exemplo da glicerina e do propilenoglicol.

De acordo com a Coordenação de Tabagismo da Secretaria Municipal de Saúde de Arapiraca, o consumo indiscriminado dos cigarros eletrônicos está associado com o risco de infecções, alterações no trato respiratório, aumento do ritmo e contratilidade cardíaca que promove a vasoconstrição cutânea e coronariana, aumento da pressão arterial, o risco de desenvolver um câncer de pulmão, rins, bexiga, pele, entre outros, como também está ligado a outras síndromes como a EVALI (doença pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico), uma doença respiratória aguda que cursa com tosse, falta de ar, dor no peito, sendo comum também dores na barriga. 

"É muito importante extinguir a o uso destes equipamentos que, apesar de parecerem inofensivos, podem causar dependência química e sérios danos ao organismo do indivíduo", explicou a coordenadora Elisângela Piancó.

A Prefeitura de Arapiraca, através da Coordenação de Promoção à Saúde e em parceria com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), criou o Programa Municipal de Controle do Tabagismo, Álcool e Outras Drogas, que está sendo retomado nas Unidades Básicas de Saúde através de disponibilidade de adesivos de nicotina, da medicação Bupropiona, de grupos e atendimentos individuais daqueles que desejam parar de fumar.

"Os usuários do SUS em Arapiraca que têm interesse em dar início ao tratamento contra o tabagismo, podem procurar sua UBS de referência e buscar orientação com os profissionais de saúde que são constantemente capacitados", explicou Elisângela.

Proibições

Preocupada com a saúde dos estudantes, algumas instituições de ensino tem proibido o uso de cigarros eletrônicos em suas dependências. 

É o caso da Unit Alagoas que, informou sobre a proibição através de um comunicado emitido em junho deste ano.

“A proibição do uso do cigarro eletrônico nas dependências da IES é medida de defesa à saúde em geral dos que circulam pela mesma, considerando os notórios malefícios de tal produto, sobretudo do fumo passivo, sendo assim, medida não só amparada, mas exigida pela Constituição Federal de 1988 (artigo 220, § 4º).

Pelo exposto, conclui-se que, uma vez que a Lei 9.294 de 1996 proíbe o uso de todo e qualquer produto fumígeros em locais coletivos, e considerando que o mini shopping é um ambiente de grande circulação e de utilização simultânea de várias pessoas, orienta-se que seja proibido o uso do cigarro eletrônico em tal local, além dos ambientes fechados da Unit/AL”, diz trecho do comunicado.

ALERTA

O cantor Zé Neto, que faz dupla com Cristiano, foi vítima de uma das doenças pulmonares causadas pelo uso de cigarro eletrônico. Ele recebeu o diagnóstico quando realizava tratamento contra Covid-19 no final do ano passado.

“Inclusive, dou um alerta para quem mexe com essa porcaria. Para com isso porque é um cigarro como qualquer outro e faz mal do mesmo jeito ou até mais”, desabafou ele nas redes sociais.