STF restabelece aumento do IOF e anula suspensão do Congresso, mas barra imposto sobre 'risco sacado'
Decisão de Alexandre de Moraes atende ao governo Lula e mantém decreto presidencial com exceção de item que afetaria pequenas empresas
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quarta-feira (16) o restabelecimento parcial do decreto presidencial que aumenta a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A medida, que havia sido suspensa por ato do Congresso Nacional, volta a valer com exceção da parte que tratava da cobrança sobre operações conhecidas como “risco sacado”.
Na decisão, Moraes acolheu os principais argumentos apresentados pelo Governo Federal e considerou que o presidente da República tem competência constitucional para editar decretos que alterem a alíquota do IOF, desde que respeitados os limites legais. O magistrado destacou que não houve desvio de finalidade na norma e que o decreto presidencial se manteve dentro das margens previstas em lei.
O trecho vetado por Moraes é o que previa a incidência do IOF sobre o chamado “risco sacado”, uma prática comum entre varejistas e fornecedores. Nessa modalidade de crédito, lojistas antecipam pagamentos de mercadorias compradas a prazo por meio de instituições financeiras, que cobram taxas sobre a operação.
O ministro entendeu que a tentativa de tributar esse tipo específico de operação extrapola os limites do poder regulamentar do Executivo. Segundo ele, essa mudança representaria a criação de uma nova hipótese de incidência do tributo, o que exigiria aprovação por meio de lei ordinária no Congresso. “O decreto presidencial, ao ampliar as hipóteses de incidência do IOF, incorreu em inconstitucionalidade”, afirmou Moraes.
A expectativa do Ministério da Fazenda era de arrecadar R\$ 450 milhões ainda em 2025 com a taxação dessas operações, além de R\$ 2,5 bilhões em 2026. Com a suspensão do trecho relativo ao “risco sacado”, essa estimativa deverá ser revista.
A decisão de Moraes ocorre após um impasse entre os Poderes Executivo e Legislativo. O decreto original, editado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, elevava a alíquota do IOF e ampliava sua incidência. Em resposta, Câmara e Senado aprovaram um decreto legislativo suspendendo os efeitos da medida presidencial.
Diante da disputa institucional, o caso foi judicializado e coube a Alexandre de Moraes relatar a ação no Supremo. Inicialmente, o ministro suspendeu os dois decretos — tanto o do Executivo quanto o do Legislativo — até que uma audiência de conciliação fosse realizada, o que ocorreu na última terça-feira (15). Como não houve acordo entre as partes, Moraes decidiu pela retomada parcial do decreto presidencial.
A decisão tem caráter liminar e ainda será submetida ao plenário do STF. Até lá, seguem válidas as alterações no IOF promovidas pelo Executivo, com exceção do dispositivo referente ao risco sacado.
A medida representa uma vitória parcial para o governo, que buscava garantir a arrecadação extra prevista com o aumento do tributo. Por outro lado, preserva-se o interesse de pequenos empresários, que seriam diretamente impactados pela cobrança sobre operações de antecipação de pagamento.
O episódio também evidencia mais uma tensão entre Planalto e Congresso em torno de medidas fiscais e do alcance do poder regulamentar do Executivo. A expectativa agora é de que a decisão de Moraes seja confirmada ou revista em julgamento futuro no plenário do Supremo.
Últimas notícias
Acusados tentar explodir bomba em aeroporto se tornam réus no STF
Aprovado no Senado, PL da Dosimetria vai à sanção presidencial
Laudo da PF confirma que Bolsonaro usou solda para romper tornozeleira
Bolsonaro pede autorização para fazer fisioterapia na prisão
Rafael Brito realiza sonho de milhares de educadores e luta para transformar PIBID em lei
Incêndio em vegetação mobiliza Corpo de Bombeiros na Avenida Governador Afrânio Lages, em Maceió
Vídeos e noticias mais lidas
Família de Nádia Tamyres contesta versão da médica e diz que crime foi premeditado
Prefeito de Major Izidoro é acusado de entrar em fazenda e matar gado de primo do governador
Promotorias querem revogação da nomeação de cunhada do prefeito de União
Policial Militar é preso após invadir motel e executar enfermeiro em Arapiraca
