Jornalista cego relata discriminação nos bastidores do Caldeirão do Huck: “Muito cruel”
Na discussão com os produtores, Marcos argumentou que a razão de seu trabalho como palestrante é exatamente falar sobre aceitação

Com quase 180 mil inscritos no Youtube, onde fala sobre os desafios de sua rotina como deficiente visual, o jornalista e palestrante Marcos Lima revelou ter sofrido discriminação nos bastidores do quadro Quem Quer Ser Um Milionário?, do Caldeirão do Huck. O episódio ocorreu em dezembro de 2018, na terceira temporada do reality, mas foi relatado apenas nesta semana pelo ex-participante, através de seu canal Histórias de Cego.
Marcos contou que, pouco antes de entrar no palco, foi chamado para uma conversa reservada com dois produtores do programa, que tentaram o convencer de utilizar óculos de sol para entrar no estúdio, sob a justificava de que a atração poderia ser criticada por explorar sua deficiência. Mas para o jornalista, a atitude foi discriminatória e feita apenas para “preservar a estética” da atração.
“Quem tem o direito de me pedir para usar óculos, ainda mais para tapar a minha deficiência? Nisso os dois ficaram muito sem graça, nitidamente não estava partindo deles, eles estavam sendo só enviados. Eu sei que [essa ordem] não veio do Luciano [Huck], eu sei exatamente de quem veio. Veio de cima, mas não tão de cima, veio da direção do programa, que quer preservar, botar aquela estética, tapar meu olho. Meu olho deve ser horrível, não pode aparecer na TV“, ironizou.
Na discussão com os produtores, Marcos argumentou que a razão de seu trabalho como palestrante é exatamente falar sobre aceitação de sua deficiência e que, por isso, não aceitaria esconder os seus olhos. Por fim, ele acabou sendo chamado para entrar no estúdio do Quem Quer Ser Um Milionário?, mas revelou que ainda estava muito nervoso com a situação.
“O programa em si foi uma experiência fantástica, o Na discussão com os produtores, Marcos argumentou que a razão de seu trabalho como palestrante é exatamente falar sobre aceitação […] Sei que muita gente vai achar mimimi, que era só usar óculos, mas talvez essa pessoa nunca tenha passado por isso. Só sei que isso me impactou e felizmente essa experiência só me fez crescer, ter a certeza de quem eu sou, com óculos porque eu quero e sem óculos porque eu quero. Eu decido quem eu vou ser e o que vou fazer“, desabafou.
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