Real Arenas admite frear projetos no Allianz Parque por conta de briga judicial com o Palmeiras
Ao LANCE!, gestora da arena do Verdão lamenta mudança de postura do clube e diz que "todos saem perdendo"

A relação entre Palmeiras e WTorre voltou a ficar estremecida neste último mês com farpas públicas entre a presidente do clube, Leila Pereira, e a administradora do Allianz Parque, representada pela empresa Real Arenas, muito por conta da implementação da biometria facial para os clientes do Passaporte e pela dívida milionária que o clube afirma existir com a construtora da casa alviverde. O LANCE! conversou com a Real Arenas para entender tudo sobre a briga que está ocorrendo na Justiça e o que a relação estremecida pode acarretar aos investimentos feitos no estádio em um curto/médio prazo. Segundo a empresa, o Verdão também tem débitos a cumprir.
Para a administradora do Allianz Parque, nada vai mudar na relação com os torcedores alviverdes, afinal o trabalho deles é garantir a melhor experiência possível para os frequentadores da arena, porém, eles admitem que alguns projetos que seriam implementados em breve, terão de ser freados.
- Os injustos movimentos intentados pelo Palmeiras causam diversos efeitos prejudiciais e, por isso, alguns de nossos novos projetos (como “Arena Viva” e “Show de Luzes”) foram adiados e não poderão ser realizados em curto prazo. Sentimos muito por isso, pois a inovação e a melhoria contínua são parte de nossa cultura, mas, infelizmente, fomos colocados nessa situação em que todos saem perdendo, principalmente os frequentadores do Allianz Parque - disse a Real Arenas em nota.
Em relação a uma possível retaliação ou rompimento de contrato, a administradora do Allianz Parque é bem clara e não enxerga motivo algum para que o casamento entre as partes se encerre.
- A parceria da Real Arenas com a Sociedade Esportiva Palmeiras é de longo prazo e sempre haverá na relação com o clube, durante nosso período de contrato, diferentes perfis de gestão, posturas e pensamentos no comando do Palmeiras. Temos orgulho do trabalho realizado pela Real Arenas na gestão do Allianz Parque, que é a casa dos palmeirenses e parte da história de sucesso do clube. Na prática e em razão do novo cenário, alguns benefícios que eram cedidos ao Palmeiras por liberalidade da Real Arenas, não fazem mais sentido, porém, nada que tenha relação com o torcedor. Além disso, alguns produtos da Real Arenas, que não estavam sendo comercializados em preservação a possível composição com o clube, serão liberados à venda para o público geral. Algumas medidas poderão ser vistas pelo Clube como retaliação, mas garantimos que não é - afirmou a Real Arenas.
Vale lembrar que, na última semana, a polícia atendeu a um pedido do Verdão e abriu um inquérito policial para investigar a dívida de quase R$ 128 milhões, referente às receitas do Allianz Parque que, segundo o clube, não são repassadas aos cofres alviverdes desde 2015. A Real Arenas admite que a dívida existe, porém alerta que também existem débitos por parte do clube e que não foram pagos.
- Sempre houve uma excelente relação entre Real Arenas e a Sociedade Esportiva Palmeiras para negociação de créditos e débitos, porém, de uma hora para outra, isso mudou e nós não entendemos a razão desta alteração repentina. Nesse sentido, o que existe é uma relação de débitos e créditos de ambos os lados, sendo que as discordâncias que existem entre Real Arenas e o clube são tratadas em disputa arbitral. A Real Arenas entende que o Palmeiras descumpriu obrigações assumidas e isso tudo foi objeto de negociações entre as partes, mas o clube, sem qualquer justificativa aparente, abandonou o acordo ao qual se tinha chegado. Existem fatores que geram crédito de ambas as partes, que não foram pagos pois, suas bases e premissas estão em discussão. Por exemplo, o Palmeiras também não efetua há anos os reembolsos de despesas com jogos, conforme obrigação em escritura - declarou a construtora do Allianz Parque.
Procurado pela reportagem para comentar o tema, o Palmeiras enviou a seguinte resposta:
- A dívida referente a repasses não realizados pela Real Arenas, totalizando R$ 127.972.784,97 (até março de 2023), cobrada por meio de Execução Judicial em curso perante a 29ª Vara Civil da Comarca de São Paulo, é incontroversa e assumida pela própria superficiária do Allianz Parque. Diferentemente da Real Arenas, o Palmeiras observa o dever de confidencialidade do procedimento e não comentará o que está em discussão na Corte Arbitral. O clube reitera que nunca desrespeitou qualquer obrigação prevista na escritura, diferentemente da superficiária da arena.
Confira abaixo mais respostas da Real Arenas sobre os tema:
Como vocês avaliam o relacionamento com clube neste momento? Há um rompimento ou são situações pontuais?
A Real Arenas sempre respeitou e continuará respeitando a Sociedade Esportiva Palmeiras e seus sócios e torcedores, e seguirá trabalhando para oferecer aos torcedores a estrutura da melhor arena de esportes da América Latina. Os torcedores e público que frequentam o Allianz Parque não devem ser em hipótese alguma prejudicados por questões que deveriam estar sendo conduzidas de outra forma. De nossa parte, sempre buscamos e buscaremos o entendimento para evitar situações desgastantes para os torcedores, clientes e consumidores. Nossa relação com as equipes operacionais continuará rotineiramente visando o crescimento do negócio para ambos os lados e temos confiança de que no momento devido a Presidente Leila vai voltar a ver o Allianz Parque como um aliado para o sucesso do Palmeiras e não como um problema como tem sido colocado na mídia.
Muitas vezes ambos os lados, desde a gestão de Maurício Galliote, diziam ter uma relação muito boa, inclusive com a perspectiva de que o fim da arbitragem estava próximo. Quando isso tudo acabou e por quê?
Sim, isso é fato e realmente a relação era de construção e negociação em prol de um acordo em que todos sairiam ganhando, inclusive o torcedor. Infelizmente, não sabemos o que mudou, mas a Sociedade Esportiva Palmeiras, sem qualquer justificativa, acabou abandonando o acordo ao qual as partes chegaram. Ou seja, não temos realmente a informação concreta do porquê a presidente Leila Pereira preferiu encerrar mais de dois anos de negociação sem ao menos explicar os motivos para isso.
A imposição do Palmeiras para a WTorre colocar o reconhecimento facial faz parte dessa disputa? Existe realmente alguma resistência da WTorre em implementar o sistema? Se sim, por quê?
Não acreditamos que tenha conexão entre os recentes movimentos e a imposição do reconhecimento facial pelo portal do Avanti nos clientes do Passaporte e patrocinadores do Allianz Parque. Existe um movimento legítimo da presidente Leila contra o cambismo, o qual sempre apoiamos, não apenas com equipamentos, mas também com equipe técnica e inclusive com alguns custos durante a implantação.
O problema aconteceu, pois a princípio utilizaríamos o sistema do Avanti, porém, em certo ponto tomamos conhecimento de que seria inviável gerenciar, dar o suporte e garantir as obrigações da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais) com o nosso cliente uma vez que ele estaria sendo obrigado a ir para outro sistema onde nós não temos acesso. Como o contrato desse cliente é com a Real Arenas precisamos ter esse acesso uma vez que a responsabilidade para com o cliente é nossa. Com isso, buscamos um fornecedor para criar o ambiente WTorre para integrar com o Sistema de Reconhecimento Facial do Palmeiras. No entanto, isso levaria entre 30 e 60 dias a mais do que a data estabelecida pela presidente Leila. Com isso, iniciou um embate pois o Palmeiras decidiu forçar a implantação pelo sistema Avanti e nos colocou em uma situação em que o cliente tem problema na entrada e não podemos fazer nada, uma vez que não temos acesso.
Fora isso, o clube se negou por mais de 10 dias a conectar nosso fornecedor com o deles para que pudéssemos agilizar a implementação do sistema de reconhecimento facial para nossos clientes em nosso portal. Essa atitude nos causou espanto, pois entendíamos que estávamos atuando como aliados, trazendo uma solução para a implementação 100% e organizada. O que esperamos é que haja compreensão e flexibilidade pelo lado do Palmeiras para evitar os transtornos na entrada do estádio pelos torcedores e respeito ao nosso direito de tratar nossos clientes pelo nosso CRM e não pelo deles.
O Verdão novamente foi procurado para comentar as falas da gestora do Allianz Parque e respondeu da seguinte forma:
- A respeito de tratativas preliminares de eventual acordo, o Palmeiras, diferentemente da Real Arenas e seus representantes, respeita a confidencialidade do conteúdo e do processo. Reforça, de qualquer forma, que a Real Arenas procura tão somente disseminar inverdades para tirar o foco do fato que, há anos, deve valor incontroverso que só majora com o passar do tempo, causando danos expressivos ao clube.
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