Fortes chuvas afastam clientela e prejudicam renda de comerciantes em Maceió
As últimas duas semanas de chuvas trouxeram transtornos para a maioria dos alagoanos. Nas ruas, alagamentos deixaram o trânsito bastante congestionado e dificultaram o trajeto dos pedestres. Os que saíram de casa a pé se abrigaram em prédios comerciais durante os temporais. Já os que ficaram em casa a reclamação era com bueiros abertos e córregos transbordados. Após diversos acidentes ocasionados por deslizamentos de barreiras e queda de árvores, a população ficou apreensiva com o estado de calamidade na cidade que enfrenta as chuvas mais intensas dos últimos anos.
O período chuvoso também afetou o setor do comércio e turismo em Maceió. Por causa da pouca movimentação, principalmente no litoral, muitas empresas tiveram baixo rendimento. Em uma barraca de sorvetes localizada na orla de Ponta Verde a situação só tem piorado, de acordo com o vendedor Hemersson Mércio que trabalha na orla há 10 anos.
“Aqui está assim, água e areia avançando no calçadão e a orla deserta praticamente todo dia, aí o movimento cai, se continuar assim nenhuma barraca vai funcionar não, a gente fica aqui só para cumprir horário mesmo", disse o vendededor.
O vendedor afirmou ainda que se preocupa com a maré da praia, visto que a barraca fica a poucos metros de uma barreira de contenção que caiu na última quinta feira (25).
Na orla de Pajuçara a situação não é diferente, poucas são as pessoas que arriscam uma caminhada no fim da tarde. Na região os turistas ficam limitados a passeios, esse é o caso de uma família que veio do interior de São Paulo para conhecer as praias.
“Nós chegamos a ver a previsão do tempo mas a viagem já estava marcada há muito tempo. Então a gente espera um sol pelo menos nos próximos oito dias, por enquanto estamos conhecendo a cidade”, contou a paulista Roberta Morais.
Dentre os pontos mais procurados na cidade pelos turistas estão as feirinhas da Pajuçara que costumam ter boa movimentação, mas na última sexta-feira (26), com o aumento das chuvas, boa parte das barracas de artesãs localizada na Praça Lions amanheceram fechadas. No fim da tarde apenas duas comerciantes aguardaram a clientela, mas o local só recebeu dois clientes em uma hora.
A artesã Rosimeire Rocha que trabalha no local com a venda de blusas e artigos de casa há dois anos, disse ao portal 7 Segundos que teve que fechar mais cedo porque não havia movimentação.
“Apesar de a gente saber que é algo normal da natureza, ficamos prejudicados em partes porque a chuva tem atrapalhado nosso movimento desde o início da semana, e como hoje piorou vou fechar mais cedo”, disse a artesã.
Em meio as barracas fechadas, o toldo instalado serviu de abrigo para as pessoas que passavam na rua sem guarda-chuva. O segurança Ademar Correia saiu do expediente bem na hora da tempestade e aguardou na praça para evitar os aguaceiros.
“Estou aqui esperando a chuva passar, aqui está tranquilo, porque movimento aqui no local não existe. As pessoas não vão sair de casa para comprar nada, então posso ficar aqui até minha carona chegar”, revelou Ademar que estava com medo de ir para casa por causa dos alagamentos.
Mais chuvas, menos dinheiro
A melhora das vendas em Maceió é sazonal. Por conta da crise enfrentada nos setores públicos e privados muitas empresas vieram a falir ou diminuir seus investimentos. Apesar das chuvas da última semana terem atrapalhado o resultado mensal das lojas a expectativa é positiva.
Segundo o empresário Américo Loureiro, que trabalha com uma franquia de produtos estéticos, o ano de 2017 já apontou uma melhora nas vendas em comparação com o ano anterior. Para ele, os dois melhores meses estão sendo abril e maio até o momento, mas para o lucro permanecer igual entre os dois meses a chuva precisa dar uma trégua.
“A melhora não é significativa nesses meses, mas você percebe que há uma boa movimentação neste mês de maio. O dia das mães trouxe rentabilidade para o comércio e nos deixa mais aliviados com o resultado das vendas no fim do mês”, conta o empresário que agora torce para que a chuva cesse e não impacte negativamente nas vendas.
Recorde pluviométrico
As fortes chuvas que ocorrem em todo território alagoano deverão durar por mais alguns dias. De acordo com a previsão da Defesa Civil, a linha de instabilidade que havia se deslocado para o norte, principalmente em direção a Pernambuco, voltou a se intensificar em Alagoas.
Em oito horas choveu 55,8 milímetros (mm), quase 48 mm a mais do volume que costuma ser registrado em dias normais no período chuvoso em Maceió. Em todo o mês de maio, foram registrados 567,6 mm de chuva, número 48,5% maior que os 382,2 mm esperados.
Confira alguns depoimentos de comerciantes prejudicados pela quadra chuvosa;