Artista plástico Filipe Cavalcanti Maia apresenta projeto de exposição
Requerer um espaço para realizar uma Exposição de Arte requer um sentimento de coragem ancorada na confiança de que o artista está em condições de se expor, de tornar público seu sentir e fazer único, de permitir que outras pessoas apreciem, gostem, critiquem, adquiram, divulguem.
Por outro lado, expor as obras é condição essencial para a razão de ser artista. É o momento de transpor as ideias sobre o seu mundo (que podemos ou não ter acesso a essas ideias e provocações mentais) impressas, através das técnicas e materiais utilizados, e acolher o sentimento de reconhecimento da sua profissão: Artista Plástico.
Douglas Saturnino, Artista Visual de formação, fala da importância de museus como legitimador do artista e da abrangência e importância da exposição de arte. “O museu se tornou uma instituição de legitimação artística. Ter uma obra adquirida ou exposta pelo museu legitima o artista, coloca o seu trabalho como representativo de um momento da sociedade. Também o visitante é legitimado ao visitar a exposição, Gonçalves (2004) menciona o papel de formador da identidade social das mostras, os objetos exibidos devem ser reconhecidos pelo público como patrimônio, tornando-se visível ao mesmo tempo em que torna visível o seu espectador. Na exposição, o diálogo produtor e público é estabelecido. Cury (2005) a menciona como a parte do museu manifestada ao visitante visualmente, as exposições têm o papel de vincular instituição e sociedade. A visita à uma exposição trata-se, portanto, de uma experiência de ativação, pois coloca a obra em uso social.”
DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE CRIAÇÃO
Filipe Maia (24) nasceu em Maceió, iniciou seu fazer artístico em um dia de arte na escola em que estudava, foi proposto tema livre para pintura em tela utilizando tinta acrílica. Tinha 12 anos de idade. A coordenação pedagógica da escola reclamou dizendo que “a tela foi muito pequena, a menor de todas”. O resultado do trabalho foi interessante, e sendo estimulado a continuar, tem produzido obras que se encaixam no conceito de expressionismo abstrato, sem buscar inscrever figuras ou representações do universo que o cerca e sem revelar qualquer intenção consciente quanto ao resultado visual que encanta e envolve o expectador emocionalmente. As obras revelam sintonia e uma identidade do artista.
O processo de criação deste artista parece ser de “entrega ao impulso instantâneo”, tentando falar o que não se explica pela palavra, buscando respostas para as questões existenciais – que é viver, como ser feliz, como fugir da morte, da solidão, da incompreensão de si e do mundo. “Cada um tenta explicar suas ideias de alguma forma, o expressionismo apresenta uma poética da incomunicabilidade, ideias que já não reconhecem a linguagem como modo essencial de comunicação entre as pessoas” diz a gente do Artkin.
Desde o primeiro trabalho cada quadro do artista indica abstração, mesmo quando inicia com o desenho estes são subjugados às cores fortes das tintas impressas de forma segura, com pinceladas largas. Escolhe as tintas, o pincel, os espaços a utilizar. Cada vez mais adquire autonomia para fazer a mudança de cores na tela, no papel. Gosta de ter companhia de outros artistas para realizar seu trabalho mesmo sabendo o que fazer estando só.
OBJETIVOS
O objetivo maior da proposta é expor 20 trabalhos de pintura em tela e madeira, de variadas dimensões, no Museu da Imagem e do Som de Alagoas – MISA tornando pública, e aberta a crítica, os trabalhos construídos por um jovem artista com Síndrome de Asperger do Espectro Autista. Implica legitimação artística.
Considerando as dificuldades de compreensão do seu universo particular, as dificuldades da ciência de compreender os processos de pensamento de quem carrega esse tipo de síndrome, é através da sua arte que podemos buscar compreender sua forma diferente de entender o mundo, sua comunicação que dispensa a linguagem... ou de não entender. Espera-se que a exposição possa permitir um prazer intelectual ao apreciador uma vez que seus trabalhos são “visualmente fortes e teoricamente complexos.”
O artista tem interesse de ver seus quadros expostos à visitação, em local apropriado e até serem adquiridos por outras pessoas. O objetivo que envolve a subjetividade é elevar a autoestima do artista levando-o a ter mais e mais motivação para realizar o seu fazer, e estimular outras pessoas a se tornarem artistas e, ASPERGINDO LUZES sobre si mesmo, estimular maior busca de compreensão desse universo.
Confira abaixo algumas obras de arte produzidas pelo artista