Uma audiência pública ocorrida na terça-feira (08), na cidade de Murici, deve garantir abastecimento de água de qualidade para pelo menos três comunidades daquela cidade. O encontro entre moradores, poder público e judiciário foi realizado na Câmara de Vereadores do município.

A audiência foi realizada pela juíza Emanuela Porangaba, da Vara de único Ofício de Murici, que determinou que pelos menos três comunidades serão abastecidas por caminhões-pipa. A qualidade duvidosa da água encanada e problemas com o abastecimento do líquido na cidade motivaram a audiência pública e a decisão da magistrada.

O problema é tão acentuado que existem ações civis públicas contra a Casal. “Existiam duas ações civis públicas em curso sobre o mesmo assunto, que é a qualidade da água. Então, eu resolvi fazer uma audiência para dar uma decisão para as duas ações e, ouvindo também a população”, destacou Emanuela Porangaba.

Moradores locais apresentaram amostras da água fornecida pela Casal e reclamaram da irregularidade do abastecimento. “Diante da situação, eu determinei que a Casal e o Município forneçam água através de caminhão-pipa para as três comunidades afetadas com a qualidade da água e que o IMA realize, no período de um mês, a coleta da água para a análise”, acrescentou a juíza.

O 7Segundos tentou contato com a Casal para tratar do assunto e a Companhia nos enviou a seguinte resposta:
 

Em virtude da matéria de título “Qualidade da água fornecida em Murici está na mira da Justiça”, publicada nesta quarta-feira (9), a Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) esclarece o seguinte:

Primeiro, é bom esclarecer que a audiência ocorrida em Murici na terça-feira (8) faz parte de um processo que tem como parte autora a Defensoria Pública Estadual em favor de moradores de dois conjuntos habitacionais.

Não se discutiu nesta audiência a qualidade da água para a cidade de Murici, mas especificamente para esses dois conjuntos: o Residencial Olavo Calheiros e o Pedro Tenório. São conjuntos do "Programa da Reconstrução", erguidos após a enchente de 2010.

A Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) não fornece água fora dos padrões da portaria do Ministério da Saúde. Se, por alguma razão, a água não puder ser tratada ou permanecer fora dos padrões após ser tratada, o fornecimento é suspenso imediatamente.

O manancial de água bruta e a Estação de Tratamento de Água (ETA) que enviam o líquido para esses conjuntos não são os mesmos que abastecem a maior parte da cidade. Ou seja, a cidade possui dois sistemas operados pela Casal e um terceiro operado pela prefeitura.

Não se sabe, ainda, o motivo da água chegar com turbidez para os moradores desses conjuntos. A juíza determinou, durante a audiência, que o IMA faça coletas e apresente laudos sobre a qualidade da água. O IMA fará quatro coletas em quatro semanas seguidas e enviará os laudos para a juíza. O objetivo é saber se o líquido fornecido pela Casal é mesmo barrento e se essa água está dentro ou fora dos padrões determinados pela portaria do Ministério da Saúde.

Portanto, ainda não se sabe se a água que estava chegando barrenta foi mesmo fornecida pela Companhia. Isso será verificado nas análises do IMA.

Em relação à turbidez, isso pode ocorrer no próprio manancial, quando chove e desce muita lama e areia para o leito do açude, ou durante a distribuição, no caso da rede ser formada por canos de ferro e antigos. Neste segundo caso, quando a água passa, ela adquire essa cor turva. No caso da água já vir barrenta do manancial devido às chuvas, pode haver alguma deficiência na ETA por não conseguir retirar essa turbidez.

Mas é preciso aguardar a análise do IMA, que vai primeiro comprovar se a água fornecida pela Casal aos conjuntos é essa que está barrenta e, segundo, se existe algum tipo de contaminação nessa água, se ela está fora dos padrões de potabilidade da portaria do Ministério da Saúde.

Outra causa para a turbidez pode ser o reservatório da própria residência (a caixa de água). Se ele estiver sujo, a água pode ficar turva.

A análise do IMA vai comprovar também se a turbidez é frequente ou se é algo esporádico, ou seja, em virtude da chuva que leva lama e material sólido para o manancial.

Enquanto os laudos do IMA não ficam prontos, a juíza determinou que a Casal e a Prefeitura de Murici, de forma solidária, forneçam carros pipa para esses dois conjuntos. Isso porque a prefeitura também fornece água para eles e para outras áreas da cidade.

Ressaltamos que existem três sistema de abastecimento na cidade, sendo dois operados pela Casal e um pela prefeitura. Por isso é importante o IMA identificar se a água barrenta realmente é a fornecida pela Casal.

A Companhia reforça, também, que está investindo mais de R$ 6,5 milhões em Muirici para reforma e ampliação de uma das estações de tratamento de água, melhorias na captação e substituição de redes antigas de distribuição de água na cidade. Todas essas obras já estão em andamento e devem ser finalizadas até o final deste ano.

Atenciosamente,