Brasil

Prato Feito: PF aponta que unidade de ovo foi comprada a R$ 12,15 em Tietê (SP)

Relatório aponta superfaturamento de no mínimo R$ 366 mil e afirma que os orçamentos utilizados para estimar o valor do contrato foram apresentados por empresas que tinham ligações entre si.

Por G1 10/05/2018 12h12
Prato Feito: PF aponta que unidade de ovo foi comprada a R$ 12,15 em Tietê (SP)
PF faz mandados de busca na casa do prefeito de Laranjal Paulista, Alcides de Moura Campos Júnior (PTB) - Foto: Arquivo Pessoal

A operação da Polícia Federal que investiga suspeita de desvio de verbas na merenda em três estados e no DF apontou que a Prefeitura de Tietê (SP) chegou a pagar R$ 12,15 a unidade do ovo. O relatório divulgou ainda um superfaturamento de, no mínimo, R$ 366 mil.

A investigação da Polícia Federal, que durou três anos, apurou fraude nas licitações do fornecimento de merenda escolar, uniforme, material e até limpeza de escolas públicas municipais no Estado de São Paulo.

O dinheiro era destinado à merenda em municípios dos estados de São Paulo, Paraná, Bahia e Distrito Federal. Há indícios de envolvimento de 13 prefeitos e 4 ex-prefeitos na operação nomeada como Prato Feito.

As investigações apontam que empresas pioneiras de um esquema conhecido como "máfia na merenda", entre os anos de 1999 e 2000, estão por trás das fraudes descobertas na operação Prato Feito, diz a Polícia Federal.

Em Tietê, a fiscalização apontou "preços exorbitantes" pagos pela prefeitura e que a empresa Coan diminuía ou não fornecia os alimentos previstos nos cardápios e quando fornecia, não eram nas quantidades declaradas.

Segundo o relatório, os responsáveis pela empresa são pai e filho e faziam pesquisa prévia dos preços, permitindo que o contrato já se iniciasse superfaturado.

O G1 e a TV TEM tentou entrar em contato com o Grupo Coan, mas não obtiveram retorno até a publicação desta reportagem.

Principais pontos da operação
65 contratos suspeitos na área da educação somam R$ 1,6 bilhão

5 núcleos empresariais são investigados

Entre os alvos, há empresários ligados a grupo investigado pela "Máfia da Merenda"

PF diz que cartel direcionava licitações e superfaturava contratos

154 mandados de busca e apreensão são cumpridos

Prefeitos investigados são das seguintes cidades paulistas: Barueri, Embu das Artes, Mauá, Caconde, Cosmópolis, Holambra, Hortolândia, Laranjal Paulista, Mogi Guaçu, Mongaguá, Paulínia, Pirassununga e Registro.

Ex-prefeitos investigados são de: Águas de Lindoia, Pirassununga, Mauá e Mairinque.

Justiça pediu afastamentos preventivos de agentes públicos.

'Valor baixo'
Entre as cidades em que a Polícia Federal fez buscas e apreensões está Laranjal Paulista (SP).

De acordo com a operação "Prato Feito", Alziro Cesarino, secretário de Esportes e Lazer da cidade, e representante dos interesses do atual prefeito Alcides de Moura Campos Júnior (PTB), solicitou vantagem indevida a um empresário, que seria líder da associação.

No relatório da denúncia, feito pela Polícia Federal, mostra que Campos Junior achou o valor da propina repassada pelo empresário, no valor de R$ 5 mil, baixa e pediu mais.

A Prefeitura de Laranjal Paulista informou ao G1, por telefone, que não vai se pronunciar sobre o assunto. As defesas de Campos Junior e Cesarino não foram encontradas.

A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em Tietê, Boituva e Laranjal Paulista. Em Tietê estão sendo cumpridos 19 mandados, em Laranjal Paulista foram quatro e em Boituva um mandado.

Segundo a PF, os grupos criminosos agiriam contatando prefeituras por meio de lobistas, para direcionar licitações que usavam recursos federais.

Esses contratos eram feitos para fornecer merenda escolar, uniformes, material didático e outros serviços a escolas municipais.