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Demitida pela Globo, repórter relembra casos de preconceito na profissão

Por ISTOÉ 22/11/2018 17h05
Demitida pela Globo, repórter relembra casos de preconceito na profissão
Demitida pela Globo, repórter relembra casos de preconceito na profissão - Foto: Reprodução

A repórter Camila Silva, dispensada recentemente pela Globo após oito anos na emissora, falou sobre a sua demissão e o preconceito sofrido na profissão, por ser mulher e negra, em entrevista ao UOL.

“Fui dispensada na quarta-feira, dia 7, com a explicação de que me esforcei mas que o esporte não está na minha veia e que toda vez que falo disso parece que tenho um ‘gap’. Essas foram as palavras”, relembra a jornalista que analisou a situação. “Pode parecer arrogância, mas prefiro os comentários de quem gosta do meu trabalho e que sempre diz que assistia ao programa por causa das minhas reportagens.”

Sobre preconceito na profissão, Camila também relembrou alguns casos que ocorreram com ela. “Quando fui trabalhar na madrugada, um cinegrafista muito amigo meu perguntou: ‘Vão te colocar na madrugada? Essa gente está maluca? De noite, como vão fazer para trabalhar a luz com você?’. A preocupação dele era que eu era negra e que eu não ia aparecer. Obviamente deu tudo certo, mas quando ele falou pensei: ‘O que as pessoas acham que eu sou? Eu sou só negra’, mas estamos interiorizados com a história de as pessoas que trabalham no vídeo serem brancas.”

O cabelo da repórter também foi motivo de preconceito por um cinegrafista da Globo. “No Rio, um cinegrafista falou para mim: ‘Você é muito bonita, eu já te vi no vídeo, você trabalha muito bem, tem feito coisas muito boas. Você só deveria fazer uma chapinha nesse cabelo, né?’. A gente fica até sem palavras. As pessoas são ruins? Não acho isso. Mas elas têm isso interiorizado e nem se dão conta.”

Ainda na entrevista que concedeu ao UOL, Camila fez questão de agradecer a Globo pela oportunidade profissional, apesar do preconceito envolvendo funcionários da emissora.

“É um ótimo lugar para se trabalhar e fazer amigos. Aconselho a meninos e meninas estagiarem, trabalharem lá porque tem uma estrutura, te dá estabilidade e, sinceramente, percebo um esforço descomunal para ter um impacto positivo na sociedade e nas agendas atuais –com o feminismo, contra o machismo e o racismo”, diz a jornalista.