Cultura

Circuito Alagoas Feita à Mão lança três novos monumentos artísticos na orla de Maceió

Esculturas homenageiam e incentivam a arte popular alagoana; governador e primeira-dama participaram do lançamento, que emocionou artesãos

Por Agência Alagoas 13/12/2018 17h05
Circuito Alagoas Feita à Mão lança três novos monumentos artísticos na orla de Maceió
Autoridades e artesãos com a réplica da obra "O Beijo", de Dona Irinéia - Foto: Márcio Ferreira

A emoção de Irinéia Rosa Nunes da Silva, 69 anos, era enorme; tinha o tamanho da réplica de “O Beijo”, com seis metros de altura, uma das peças mais expressivas da artesã, que foi instalada na Lagoa da Anta, praia de Jatiúca. “Eu não ando chorando à toa, mas tem hora que a gente não se sustenta e a lágrima tem que cair mesmo, de alegria e de emoção”, confessou Dona Irinéia, moradora da comunidade quilombola do Muquém, em União dos Palmares.

Outras três réplicas de esculturas de artesãos alagoanos compõem o Circuito Alagoas Feita à Mão, roteiro turístico de experiência lançado na manhã desta quinta-feira (13) pelo governador Renan Filho, a primeira-dama, Renata Calheiros, e pelo secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo, Rafael Brito.

“Trata-se de uma homenagem a todos os artesãos alagoanos, simbolizados nesses quatro artistas que estão aqui, mas, sem dúvidas, é uma homenagem à nossa arte popular que será cada vez mais disseminada e incentivada”, afirmou Renan Filho.

A primeira-dama explicou que o Circuito de esculturas complementa as ações do Programa Alagoas Feita à Mão. Um dos objetivos da iniciativa é fortalecer o apoio direto aos artesãos alagoanos e movimentar a economia criativa.

“Temos várias outras ações, como participação em feiras, batendo recordes de vendas; temos um festival aqui no estado, no mês de março, comemorando a Semana do Artesão; e agora estamos planejando aqui uma nova loja temporária para o verão”, revelou Renata Calheiros, apoiadora do Alagoas Feita à Mão.

Além de Dona Irinéia, compareceram à solenidade os artesãos João Carlos da Silva, o “João das Alagoas”; André Barbosa Cavalcanti, o “André da Marinheira”; e José Cícero da Silva, o “Mestre Zezinho”. Os mestres artesãos produziram, respectivamente, as peças “O Boi”, “O Leão” e “A Sereia”.

Feitas de isopor naval e fibra de vidro, material resistente ao sol, chuva e maresia, as réplicas gigantes das peças foram instaladas ao longo da orla marítima de Maceió, da Jatiúca – onde está “O Beijo” de Dona Irinéia – ao Pontal da Barra, local escolhido para a instalação de “O Leão” do mestre André da Marinheira.

“Eu fico até sem palavras. Eu não esperava que isso fosse acontecer comigo porque eu sei que tem pessoas boas no mundo da arte, mas fico maravilhado de terem escolhido uma peça que é o Leão, uma das mais tradicionais produzidas pelo meu pai, quando começou a esculpir. Fico feliz de seguir essa tradição de pai para filho”, revelou André, natural de Boca da Mata, filho do aclamado artesão Manoel da Marinheira, falecido em 2012.

“O Boi” de João das Alagoas foi posto na Avenida da Paz, em Jaraguá. Já a “A Sereia”, do Mestre Zezinho, já havia sido instalada no ano passado na orla da Pajuçara, sendo um dos monumentos mais fotografados da capital. Natural de Capela, no Vale do Paraíba, João das Alagoas afirmou que o Circuito é um incentivo e, ao mesmo tempo, um reconhecimento ao trabalho feito pelos artesãos que produzem “escondidinhos” no interior do Estado.

“O Boi cresceu!”, constatou, emotivo, João das Alagoas. “De um metro já foi para seis. Também cresce a visibilidade da arte popular, através do Governo do Estado, que está fazendo todo esse trabalho muito importante, tirando a gente do anonimato para uma realidade do mundo artístico”, acrescentou.

Turismo

O secretário Rafael Brito informou que o Estado possui 12 mil artesãos cadastrados no Programa Alagoas Feita à Mão. “Esse é o maior número absoluto de todo o Brasil, não é proporcional. Então, era muito importante que a gente colocasse o nosso artesanato encravado para sempre no nosso principal ativo, que é a orla de Maceió”, disse.

Brito afirmou, ainda, que o turismo foi um dos maiores beneficiados com a instalação das réplicas gigantes. “Não são esculturas soltas, elas se comunicam entre si e farão com que o turista circule por esse Circuito, conhecendo pontos de Maceió, finalizando no Pontal da Barra, onde se faz o genuíno artesanato alagoano, que é o filé”.

A solenidade reuniu representantes do trade turístico, empresários, secretários de Estado, dentre outras autoridades. O presidente do Maceió Convention & Visitors Bureau, Glênio Cedrim, destacou a importância da parceria firmada entre o trade turístico e o Governo do Estado para a consolidação do Circuito Alagoas Feita à Mão.

“Essas esculturas fortalecem a percepção de nossos visitantes. A gente vende o nosso destino como sol e mar, mas precisamos valorizar nossa cultura, nossa gastronomia, a nossa arte. Essa aproximação com a arte é um momento importante”, observou Cedrim.