Chuvas dificultam esforços das equipes de resgate na Indonésia após tsunami
“As fortes chuvas provocaram a cheia de um rio, e há inundações em vários pontos”, afirmou Sutopo Purwo Nugroho.
As equipes de resgate indonésias tentavam auxiliar nesta quarta-feira (26), apesar das chuvas torrenciais, os moradores bloqueados nas ilhas remotas e e chegar aos vilarejos mais isolados após o tsunami provocado por um vulcão, que deixou mais de 400 mortos.
As chuvas dificultam os esforços das equipes e agravam as condições de vida dos sobreviventes do tsunami, que atingiu no sábado à noite a costa do Estreito de Sunda.
O Estreito separa as ilhas de Sumatra e de Java.
“As fortes chuvas provocaram a cheia de um rio, e há inundações em vários pontos”, afirmou Sutopo Purwo Nugroho, porta-voz da Agência Nacional de Gestão de Desastres.
“Isto prejudica os esforços para retirar as pessoas e ajudar os sobreviventes”, acrescentou.
As autoridades pediram aos moradores que permaneçam afastados da costa, porque o vulcão conhecido como o “filho” do lendário Krakatoa, o Anak Krakatoa, continua em atividade no Estreito de Sunda.
A agência de desastres indonésia tambpem alertou que o vento “está dispersando cinzas e areia” do Anak Krakatoa para as cidades vizinhas de Cilegon e Serang na ilha de Java.
O organismo recomendou que os habitantes usem máscaras e óculos de proteção.
O balanço atualizado da tragédia registra 430 mortos, 1.495 feridos e 159 desaparecidos.
“É possível que piore quando os socorristas chegarem às regiões mais remotas”, advertiu o porta-voz.
De acordo com os cientistas, a catástrofe de sábado foi provocada por uma erupção moderada do Anak Krakatoa, que gerou uma avalanche submarina de parte do vulcão e o deslocamento de grandes massas de água.
Anak Krakatoa é uma pequena ilha vulcânica que surgiu no oceano meio século depois da letal erupção do vulcão Krakatoa em 1883. É um dos 127 vulcões ativos da Indonésia.
Naquela ocasião, uma coluna de cinzas, pedras e fumaça foi expelida a mais de 20 km de altura, o que deixou a região no escuro e provocou um grande tsunami, com repercussões em todo mundo. A catástrofe deixou mais de 36.000 mortos.
– Crise sanitária –
Os trabalhadores humanitários advertiram que os recursos de água potável e medicamentos são insuficientes, o que provocou um alerta para uma possível crise sanitária. Nesse cenário, milhares de desabrigados permanecem em refúgios, ou em hospitais. Muitas pessoas perderam suas casas.
O governo anunciou o uso de helicópteros para transportar mantimentos à população e ajudar as localidades mais remotas da região devastada, ao oeste de Java e sul de Sumatra.
Centenas de indonésios permanecem bloqueados em pequenas ilhas do Estreito de Sunda. As autoridades pretendem resgatar estas pessoas de helicóptero, ou de barco.
Cães farejadores das equipes de emergência tentam encontrar os desaparecidos, enquanto as famílias aguardam notícias nos centros de identificação de corpos. As esperanças de encontrar sobreviventes entre os escombros são praticamente nulas.
“Estou horrorizado”, declarou Tubagus Cecep, de 63 anos, enquanto aguardava o resultado de um exame para identificar o corpo de seu filho em um hospital de Carita.
“Encontraram um corpo, uma pilha de mochilas e o sapato do meu filho”, afirmou outro pai, cujo filho foi visto com um grupo de estudantes universitários numa ilha perto de Java. Agora espera o resultado do teste de DNA.
– ‘Muita miséria’ –
“Nossas equipes encontram muitas fissuras, casas destruídas e pessoas em estado de choque”, disse o diretor de Gestão de Desastres da Cruz Vermelha local, Arifin Hadi.
“Os indonésios sofreram uma série de desastres este ano, há muitas perdas e muita miséria”, completou.
Esta é a terceira catástrofe natural grave registrada na Indonésia nos últimos dez meses, após uma série de terremotos que atingiu a ilha de Lombok em julho e agosto e do tsunami que devastou Palu, na ilha Célebes, em setembro. Essa tragédia deixou 2.200 mortos e milhares de desaparecidos.
Em 26 de dezembro de 2004, um tsunami provocado por um terremoto no fundo do mar de 9,3 graus de magnitude, na costa de Sumatra, Indonésia, provocou a morte de 220.000 pessoas em vários países do Oceano Índico, 168.000 delas na Indonésia.
Como acontece todos os anos desde então, milhares de indonésios rezaram em recordação às vítimas da tragédia, que completa 14 anos, diante de uma área de Aceh Besar, norte de Sumatra, onde estão os corpos de 47.000 pessoas.
A Indonésia, uma das áreas mais propensas a sofrer catástrofes no planeta, fica no Círculo de Fogo do Pacífico, onde se encontram placas tectônicas e que registra grande parte das erupções vulcânicas e terremotos do planeta.