Janaina Paschoal exige demissão de ministro do Turismo após relato de ameaça
Suspeito de usar candidaturas-laranja
A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) defendeu publicamente, neste sábado (13.abr.2019), a deputada federal Alê Silva (PSL-MG), que relatou estar sendo ameaçada de morte pelo ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio. Pelo Twitter, Janaina disse ter telefonado para a colega de partido, que, segundo ela, “não para de chorar”. A deputada também pediu ao presidente Jair Bolsonaropara que demita o ministro.
Janaina Paschoal, Alê, Marcelo Álvaro e Jair Bolsonaro são do PSL. Eis as mensagens da deputada estadual.
Em entrevista à Folha de São Paulo publicada neste sábado, Alê relatou a existência de 1 esquema de candidaturas de laranjas comandado por Marcelo Álvaro Antônio em Minas Gerais. A congressista afirmou ainda ter recebido a informação de que o ministro a ameaçou de morte em uma reunião com correligionários, no fim de março, em Belo Horizonte.
Na última 4ª feira (10.abr), a deputada federal também prestou depoimento espontâneo à Polícia Federal em Brasília. Foi solicitada proteção policial.
Álvaro Antônio nega ter feito ameaças e diz que a deputada faz campanha difamatória contra ele em busca de espaço no partido no Estado.
Em fevereiro, a PF (Polícia Federal) abriu 1 inquérito para investigar suspeitas de candidaturas laranjas do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, em Minas Gerais. As investigações serão conduzidas pela PF-MG (Polícia Federal de Minas Gerais).
O caso, até então, vinha sendo investigado pelo MPF-MG (Ministério Público Federal de Minas), que chegou a enviar uma requisição à PF pedindo ajuda na investigação.
As suspeitas envolvem o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que era presidente do diretório do PSL em Minas Gerais. Segundo reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo em 4 de fevereiro, o ministro teria patrocinado 1 esquema de laranjas no Estado que direcionou verbas públicas de campanha eleitoral para empresas ligadas ao seu gabinete na Câmara.
De acordo com a reportagem, o ministro indicou ao comando nacional do PSL e repassou R$ 279 mil para as candidatas Lilian Bernardino, Milla Fernandes, Débora Gomes e Naftali Tamar.
Marcelo Álvaro negou as acusações em entrevista ao Jornal do SBT, em 25 de fevereiro, afirmou que “ninguém foi plantado pra ser candidato ou candidata” pelo PSL no Estado. O ministro ainda tentou levar a investigação do caso para o âmbito do STF (Supremo Tribunal Federal) em razão da prerrogativa do foro privilegiado. Mas o ministro Luiz Fux rejeitou o pedido.
O ministro também tentou retirar 13 reportagens da Folha do ar. A juíza Grace Correa Pereira Maia, da 9ª Vara Cível de Brasília, negou o pedido na 6ª feira.
SUPOSTAS CANDIDATAS LARANJAS
Lilian Bernardino, Milla Fernandes, Débora Gomes e Naftali Tamar não apresentaram desempenho significativo nas eleições. Juntas, receberam 2.084 votos, o que motivou as suspeitas de irregularidades.
Segundo a Folha de S. Paulo, do dinheiro repassado, ao menos R$ 85.000 foram para as contas de 4 empresas de conhecidos ou parentes de Marcelo.
Em 19 de fevereiro, Cleuzenir Barbosa, candidata a deputada estadual em 2018, confirmou ao jornal que existiu 1 esquema de lavagem de dinheiro no diretório mineiro do PSL e disse que o Marcelo Álvaro Antônio sabia da atividade ilegal.
“Era o seguinte: nós mulheres iríamos lavar o dinheiro para eles. Esse era o esquema. O dinheiro viria para mim e retornaria para eles. R$ 10.000 foi o que me falaram que eu poderia ficar, foi aí que eu vi que tinha erro. Eles falaram que eu poderia fazer o que eu quisesse. Onde já se viu isso?”, questionou.
Nas acusações feitas para a polícia e para o Ministério Público, a ex-deputada afirmou ter sofrido pressão de Roberto Soares e Haissander de Paula, assessores do ministro. Ambos teriam pedido de volta R$ 50.000 dos R$ 60.000 recebidos por ela do fundo eleitoral do PSL.
Em 20 de fevereiro, Cleuzenir ainda chegou a divulgar conversas que teve com o ex-assessor do ministro, Haissander de Paula. As mensagens mostram que ele a cobrou sobre a devolução de uma verba de campanha para uma empresa ligada a outro assessor do ministro.
COMO FORAM OS CASOS DOS R$ 279 MIL
A candidata a deputada estadual Lilian Bernardino recebeu R$ 65.000 de recursos públicos. Repassou R$14.900 para 2 empresas de comunicação de 1 irmão de Roberto Silva Soares, conhecido como Robertinho Soares, que foi assessor do gabinete de Álvaro e que coordenou sua campanha no vale do Rio Doce.
Recebeu ainda R$ 10.000 para uma gráfica de uma sócia do irmão de Robertinho, R$ 11.000 para empresa do responsável pela divulgação do mandato de Álvaro Antônio e hoje assessor especial do Ministério do Turismo, Mateus Von Rondon Martins.
Lilian também declarou gasto de R$ 2.500 com Edmilson Luiz Alves. Ela afirmou à Justiça Eleitoral que Edmilson foi responsável por fazer atividades de militância e mobilização de rua para a campanha.
Mila Fernandes, que tentou ser deputada federal e recebeu 334 votos, alegou ter gasto os R$ 72.000 que recebeu, sendo R$ 4.900 para Mateus Von Rondon.
Já Débora Gomes –que disputou o pleito para deputada estadual, com 885 votos– afirmou ter feito seus principais gastos em firmas vinculadas ao ministro com R$ 30.000 voltados nas empresas do irmão de Robertinho, R$ 10.000 em uma sócia do mesmo e R$ 7.600 para Mateus Von Rondon.
Não eleita deputada federal (669 votos), Naftali Tamar recebeu R$ 70.000. Destes, declarou ter gastado com Mateus Von Rondon R$ 9.000. Rondon confirmou que trabalhou efetivamente para as 4 candidatas.