Após caso de covid-19 no Brasil, dólar dispara e fecha a R$ 4,444
O recorde do dólar alcançado hoje considera o valor nominal, ou seja, sem descontar os efeitos da inflação, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
Mesmo com intervenção do Banco Central, a confirmação do primeiro caso de covid-19 no Brasil fez o dólar comercial disparar e fechar o dia em alta de 1,16%, a R$ 4,444 na venda. É o maior valor nominal (sem considerar a inflação) de fechamento já registrado pela moeda norte-americana.
No ano, o dólar já acumula valorização de 10,75% frente ao real.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
Covid-19 no Brasil e no mundo
Investidores do mundo todo estão preocupados com o aumento de casos de infecção pelo novo coronavírus fora da China, onde a epidemia começou, e os impactos da doença no crescimento da economia global.
Além da Itália, onde o número de mortos e contaminados subiu mais intensamente nos últimos dias, países como Áustria, Croácia e Suíça também estão registrando seus primeiros casos de contaminação, alimentando preocupações com uma pandemia. Mais cedo, o Brasil confirmou seu primeiro caso de covid-19.
"O Brasil é só mais um [país com caso confirmado]", disse Alvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais, à agência de notícias Reuters. "Nesse final de semana do Carnaval, teve um alastramento grande do vírus.
Era razoavelmente esperado que essa alta do dólar pudesse acontecer", acrescentou.
Intervenção do BC no câmbio
Na tentativa de limitar a alta do dólar, o BC anunciou hoje, antes da abertura do mercado local, um leilão de até 10 mil contratos de swap cambial com vencimento em agosto, outubro e dezembro de 2020. Todos foram vendidos nesta sessão.
Amanhã, o BC também colocará à venda até 20 mil contratos de swap com vencimento em agosto, outubro e dezembro deste ano.
À Reuters, a Commcor DTVM explicou que esses leilões extraordinários são "sinalização de vigilância àqueles que tendem a se aproveitar do cenário para elevar a cotação da divisa norte-americana por aqui".
Recorde do dólar não considera inflação
O recorde do dólar alcançado hoje considera o valor nominal, ou seja, sem descontar os efeitos da inflação, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
Levando em conta a inflação nos EUA e no Brasil, o pico do dólar pós-Plano Real aconteceu no fim do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 22 de outubro de 2002. O valor nominal na época foi de R$ 3,952, mas o valor atualizado ultrapassaria os R$ 7.
Fazer esta correção é importante porque, ao longo do tempo, a inflação altera o poder de compra das moedas. O que se podia comprar com US$ 1 ou R$ 1 em 2002 não é o mesmo que se pode comprar hoje com os mesmos valores.