Agosto dourado: farmacêutico analisa leite doado para atingir padrão ouro
O farmacêutico, Fernando Minervo, é quem faz a análise da qualidade do leite a ser doado
O agosto dourado é celebrado nacionalmente como o mês do Aleitamento Materno desde 2017. A cor escolhida, simboliza o padrão ouro de qualidade do leite humano, líquido essencial para a vida e desenvolvimento do bebê. Mas, segundo dados do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani) somente 45,7% das crianças foram amamentadas exclusivamente com leite materno.
E as mamães tem dificuldade de amamentar? Elas podem buscar ajuda no banco de leite humano que recebe as doações daquelas mulheres que produzem mais leite do que o necessário para o seu bebê e em seguida, encaminham para quem precisa. Para atingir o padrão o ouro, o leite doado passa pelo processo de seleção e classificação.
O farmacêutico, Fernando Minervo, é quem faz a análise da qualidade do leite a ser doado. Responsável pelo controle de qualidade no banco de leite humano Ivete França, na cidade de Arapiraca, ele explica que o leite assim que chega é registrado e reetiquetado para depois ser colocado no freezer de acondicionamento.
“O tempo de validade deste leite é de 15 dias contados do dia em que ele foi coletado pela doadora, por isso, temos um controle logístico para não perder o leite doado”, garantiu. De posse deste material, que está congelado, o leite passará pelo processo de análise de sujidade. Para isso ele será descongelado em banho maria e observado se existe ponto preto, formiga e outros elementos que podem ter danificado o leite na casa da doadora.
Se houver alteração de sujidade o leite é descartado, caso não, ele segue para a próxima etapa que é sentir o cheiro característico do leite para depois ser reenvasado no frasco do banco de leite para iniciar o processo de pasteurização.
“Para pasteurizar a gente vai respeitar o volume e os frascos, ou seja, todos os leites têm que estar no mesmo volume e em frascos iguais. Não pode nem ser parecido. Eles são colocados no pasteurizador por 30 min numa temperatura de 62,5°. A pasteurização é a inativação das bactérias patogênicas de interesse clínico, que normalmente são os coliformes fecais”, comentou.
Ele revela que as doadoras recebem toda a instrução do banco de leite que vão desde assepsia até o acondicionamento deste leite, mas, ainda sim o farmacêutico afirma que a depender do local onde esse leite é ordenhado pode ocorrer a contaminação do líquido porque é feito em casa. “São muitas variáveis que temos que controlar, por isso, o leite materno passa por todo esse controle de qualidade”, falou.
De acordo com Fernando, a pasteurização é feita uma vez por semana. Enquanto os leites estão sendo pasteurizados, ele vai realizando os testes de acidez e o crematócrito para ver as kcal do leite cujas amostradas de 5 ml foram coletadas antes do leite ir ao pasteurizador, ou seja, amostras de leite cru. Se acidez estiver acima do permitido pela RDC, ele comunica as enfermeiras e mesmo que esteja sendo pasteurizado ele será descartado.
Ao sair da pasteurização, o leite passa por mais uma análise que é pra verificar se a pasteurização deu certo. “Eu coleto novas amostras, faço o exame microbiológico de cada frasco para garantir que a pasteurização está dentro das normas. Neste teste eu vou identificar se houve crescimento bacteriano e caso tenha dado positivo, eu faço um novo teste que é o confirmatório do positivo para não perder o leite”, falou.
Os leites que foram aprovados em todos os testes são destinados ao freezer de distribuição prontos para serem encaminhados a UTI do Hospital, conforme a prescrição. Essa distribuição, segundo Fernando, é feita pelas enfermeiras. Além do farmacêutico, o banco de leite conta com uma equipe multidisciplinar composta por médico, enfermeiros, assistente social, técnicos de laboratórios, técnicos de enfermagem e assistentes administrativos.