Endividamento entre consumidores maceioenses tem primeiro recuo em 2020
Com a queda de 2,63% no indicador geral, o número de pessoas com dívidas saiu de 219 mil para 213 mil pessoas
Após sete meses seguidos de alta, os níveis de endividamento recuaram pela primeira vez no ano. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) realizada pelo Instituto Fecomércio AL, em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), houve queda de 2,63% no endividamento geral, em agosto.
Com isso, na variação mensal, o número de endividados caiu de 219 mil para 213 mil pessoas. Redução também no volume de pessoas com contas em atraso, que ficou 9,48% menor, saindo de 92 mil para 84 mil. Seguindo a tendência, queda de 7% de inadimplentes, saindo de 53 mil para 50 mil pessoas nessa situação.
Embora na variação mensal tenha havido queda, no geral, o consumidor ainda está 11,67% mais endividado do que no mesmo período do ano passado e com mais contas atrasadas (0,64%), mas a inadimplência está 10,51% menor. Comparando a média nacional, os maceioenses estão 3,1 pontos percentuais (p.p.) mais endividados do que em outras capitais; 0,9 p.p. atrasando mais contas; e 4,5 p.p. mais inadimplentes.
O assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Estado de Alagoas (Fecomércio AL), Felippe Rocha, diz que para se compreender a redução do endividamento na variação mensal, é preciso analisar a empregabilidade no período. Isso porque nos dois meses anteriores a agosto houve saldo positivo na geração de postos de trabalho em Alagoas, sendo criados 807 empregos em junho. Vale lembrar que o saldo considera a diferença entre o número de admissões e demissões. Os setores que mais empregou em junho foi o sucroalcooleiro, com 647 postos, e a Agropecuária, com 638. Os que mais perderam postos foram Construção (-185) e Serviços (-321). Já em julho foram criados 1.571 empregos, destacando-se novamente a Agropecuária (951) e a recuperação do setor de Construção, que gerou 356 no período. A perda de postos de trabalho ficou restrita apenas ao setor de Serviços, com 110 empregos a menos. Em Maceió, o mesmo não vem ocorrendo, pois nos dois últimos meses anteriores a agosto foram perdidos postos de trabalho: 377, em junho, e 652, em julho.
“Como não houve melhora na renda do trabalho, a explicação para redução do endividamento geral, das contas em atraso e da inadimplência reside na manutenção do Auxílio Emergencial e a opção pelo saque emergencial do FGTS, que criou mais uma renda adicional extraordinária para o período, além da contenção de gastos dos consumidores, o que é comum em momentos em que não há perspectiva de renda maior”, avalia Felippe. De acordo com o economista, somente em Maceió, de abril a julho, 326 mil pessoas foram beneficiadas com o Auxílio Emergencial e R$ 638 milhões circularam na economia da capital, facilitando a redução do endividamento e da inadimplência na região. “O saque emergencial começou a ser disponibilizado no final de junho e teve permissão inicial para saque em espécie, para nascidos em janeiro e fevereiro, no final de julho. Essa modalidade também ajudou os maceioenses com renda adicional para reduzir seus níveis de endividamento”, complementa.
De acordo com o levantamento, entre os endividados, 95,1% usaram o cartão de crédito; 18,3% adquiriram bens parcelados no carnê de loja; e 6,7% contraíram empréstimo pessoal. É sempre bom reafirmar que um mesmo consumidor pode escolher mais de um motivo para estar endividado e, por isso, a somatória estatística não fecha em 100%.
Dentre os 84 mil que estão em situação de atraso de contas, mas estão fazendo o possível para ainda pagá-las, 39,4% informaram que existe mais um membro em sua família, que reside em sua casa, passando pela mesma situação. Já para 60,6%, esse problema só está sendo vivido por ele/a. Em média, os consumidores demoram 74,4 dias para pagarem suas contas atrasadas.
Entre os 50 mil inadimplentes, apenas 10,6% terão condições de sair integralmente dessa situação; 16,4% sairão parcialmente, renegociando a dívida; e 59,6% não têm condições de pagar mesmo que uma parte da dívida, permanecendo nessa situação desconfortável. No geral, os cidadãos endividados estão passando, em média, 6,3 meses com uma dívida e comprometendo 27,9% de sua renda.