HU da Ufal quita dívidas e projeta economia de R$ 2,5 milhões/ano
Com passivos assumidos pela Ebserh na gestão plena, equipe do HU trabalha estratégias para manter contas em dia
O momento de maior turbulência já passou e agora as coisas caminham para o equilíbrio. O Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HU) da Ufal está há meses sob a gestão plena da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), referente ao controle orçamentário, administrativo e financeiro, e conseguiu readequar as despesas à realidade. Mas as ações que desencadearam a situação até chegar a este ponto foram construídas com muita estratégia para sair do risco de interromper os serviços prestados pelo HU.
Segundo o chefe da Divisão Administrativa Financeira (DAF), Rodolfo Ferreira, o HU fechou o exercício financeiro de 2019 com uma dívida de aproximadamente R$ 12 milhões. “Muito embora parte dessa dívida não estivesse lançada nos sistemas oficiais do governo federal como dívida, havia o reconhecimento da despesa por parte da administração do Hospital”, explicou, contando sobre o cenário crítico que os gestores encontraram.
Rodolfo ressalta que, anteriormente, a Ebserh repassava os recursos para a Unidade Gestora do HU ligada à Universidade, mas que órgãos de controle como o Tribunal de Contas da União (TCU) fizeram apontamentos sobre a necessidade de cumprir requisitos contratuais acordados desde 2014, quando a Ufal aderiu à gestão em parceria com a Empresa. Isso fez com que a Administração Central da Ebserh estabelecesse cronograma para toda a Rede, desde maio de 2019, que deveria ter encerrado no final do ano passado. Dentre as ações, a sub-rogação dos contratos administrativos e das Atas de Registro de Preço, finalizadas, em grande parte, quando a nova equipe de gestão assumiu, em 2020.
“No primeiro momento, fizemos uma análise com a valiosa equipe técnica que integra o HU, especialmente todos aqueles ligados à Gerência Administrativa. Avaliamos o Plano de Aplicação Financeira do exercício 2020 e, com base nos limites orçamentários disponíveis, traçamos as alternativas”, detalhou, contando que foi preciso reduzir o quadro de terceirizados e otimizar os custos para conseguir recuperar as contas.
Caminho traçado e confiança da Rede
Mesmo com a pandemia e num cenário de redução no orçamento de custeio e investimentos também sofrido pela rede Ebserh, a equipe de profissionais do Hospital Universitário da Ufal esteve unida para tratar das questões emergenciais do momento, mas sem descuidar do planejamento e da execução dos planos estabelecidos, como destaca Ferreira.
Depois de todas as ações de “arrumação da casa”, o Hospital apresentou uma projeção de economia de cerca de R$ 2,5 milhões por ano, só de contratos continuados. Sabendo que o deficit orçamentário de 2020 estava controlado e considerando o passivo de R$ 12 milhões de exercícios anteriores, a Ebserh fez um aporte extra de recursos do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf). O voto de confiança pelo trabalho da equipe proporcionou o pagamento das despesas em aberto e a cobertura dos últimos meses do ano em relação às despesas de contratos continuados.
Assim, a gestão plena que muitas vezes era questionada ou não compreendida, se tornou uma ação necessária. “O papel da gestão é justamente abrir portas, dialogar ao máximo com as instâncias superiores, buscar melhorias e adequar os processos internos diante das estruturas que integram a Administração Pública. Nenhuma gestão consegue fazer nada sozinha. É indispensável que se façam os alinhamentos necessários, sem, obviamente, abrir mão de seus princípios e autonomia dentro dos limites legais que a cada órgão compete. O trabalho é duro e todos que já passaram pelas cadeiras deram a sua contribuição e acreditamos que fizeram o seu melhor. É uma construção. Nós só cumprimos a missão que nos foi dada”, reforçou Rodolfo.
Equilíbrio contínuo
A receita do Hospital é composta, basicamente, de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Rehuf. Para pensar numa balança equilibrada, alguns desafios têm sido postos pela Superintendência e a equipe pensou em estratégias executadas em quatro eixos: “Convencer todos os setores da importância da sustentabilidade financeira; dar maior autonomia aos setores técnicos na implantação de inovações; definir metas de redução de custos; e subsidiar a Gerência de Atenção à Saúde nos projetos de aumento da receita. Assim, entendemos que chegaremos a uma eficiência na gestão”, destacou o gerente administrativo, Anderson Dantas.
O envolvimento dos profissionais da GAS, liderada pelo professor Francisco Costa, e da Gerência Administrativa, com Dantas, se alinhou às propostas da Comissão de Custos Assistenciais Hospitalares, implantada pela Superintendência do HU. O objetivo é otimizar a contabilidade dos custos como ferramenta de fornecimento de informações sobre a rentabilidade e desempenho das atividades da organização. Com isso, a ideia é ter maior controle, planejamento e aplicação dos recursos que chegam ao Hospital.
A receita para a eficiência pode não estar pronta, mas Rodolfo acredita que ingredientes como responsabilidade com a coisa pública são indispensáveis: “As despesas do Hospital precisam guardar relação com sua produção. É necessário que todos entendam seu papel dentro do Hospital e que não existe um ‘saco sem fundo’ onde os recursos são ilimitados. O fato de o Hospital ser público não significa que os recursos são ilimitados. Ao contrário, existem critérios e finalidades extremamente rigorosos do emprego do recurso público, considerando que os mesmos são sempre diminutos e devem retornar o máximo de eficiência em serviços de excelência para a população”.
Com os pés no chão, o chefe da DAF reforça que os problemas e os desafios não acabaram, mas que toda a equipe do HU segue motivada na busca de soluções ágeis para excelência nos serviços. Segundo Ferreira, o estímulo é resgatar o sentimento de pertencimento de todos os que fazem o Hospital funcionar e aprimorar os seus processos por melhores resultados.
“O HU tem trilhado um caminho bastante interessante. Com vistas a seguir prestando os melhores serviços para a população, integrando assistência, ensino e pesquisa, estamos tratando a saúde financeira da organização para que os serviços sejam realizados com tranquilidade e com as condições necessárias. É uma construção feita dia a dia”, finalizou.